Fui surpreendido esta manhã com o anúncio deste dia, como dia dos Avós. Não sei há quanto tempo isto acontece mas se há alguns anos, confesso que ando distraído.
Não sou avô mas no meu dia a dia lido com muitos. Enternece-me o desvelo com que falam dos netos mas questiono-me quanto à relação que deveria ser, no meu entender, esta hierarquia familiar.
Certamente chocarei muita gente, alguns amigos, ao afirmar que muitos deles gostariam de ser avós ultrapassando a condição de pais! Será que é possível?
É aqui que sinalizo esta relação direi que inacabada ou mal resolvida entre pais e filhos, pretensamente colmatada com o aparecimento dos filhos dos filhos.
Por esses, os netos, estão dispostos a tudo, deles colhem novos afectos, enquanto puderem... (ser úteis, rentáveis, eficazes).
Se por um lado há uma ausência "natural" dos filhos, por outro há um retomar do ciclo do "cuidar" dos avós, como que de sua responsabilidade única fosse o acompanhamento dos netos. Penso que este papel, segundo a minha visão, não é entendida como complementar, mas básica.
Hoje os avós não são aqueles seres "Doces e Enormes" que deviam existir na rectaguarda, reserva dos afectos, tornam-se peões de primeira fila da crueldade do dia a dia, facilmente afastados por quezílias de egoísmos, envolvidos em tarefas ditas de "apoio" de rotinas estoicas amordaçadas pelo "AMOR".
Recuso-me a aceitar este papel.
Ninguém, absolutamente ninguém deve desistir de si, desviar-se do sentido, da realização da VIDA, mesmo que de netos se trate!
Complemento, partilha sim mas nunca abuso!
Conheço muitos que o fazem pesarosamente, como fado.
Conheço outros que o fazem como se de missão se tratasse.
Conheço outros que vivem para isso...