Era o Sénior mais sénior do grupo.
A doença, primeiramente de mansinho, intermitente depois, traiçoeira intensa e desgastante por fim, afastou-o do nosso convívio.
Há uns meses, já internado telefonou-me a justificar a sua falta na sessão do dia seguinte. Era um compromisso que assumia com grande alegria, a sua participação nas aulas de informática.
Durante meses partilhámos momentos, uns ligados à aprendizagem da tecnologia, outros de outras aprendizagens, da vida. Setenta e sete anos , muita vivência, experiências, um património imenso!
Esta minha forma de estar, de entrega a um Silva que só conhecera há um ano, causa-me também dor.
Durante semanas liguei-lhe para o telemóvel, ainda falei com ele, voz cansada, sofrida.
Nas últimas semanas o silêncio. Deixava-lhe um abraço...
Hoje, recebi um SMS oriundo do telefone do Artur.
“Só hoje soube de quem era este contacto figurante na lista do móbil do meu querido e saudoso pai. O senhor era um ídolo para ele. Obrigada por lhe ter proporcionado momentos entusiasmantes”
Ídolo, eu!!!
Na minha garganta aquele nó que não deixa engolir, um nó que não consigo perceber qual a relação com os sacos lacrimogéneos. Permanece, mas, ao ler, reler e voltar a ler aquela mensagem, senti o Artur, senti que valeu a pena estar com ele em partilha. Com ele e com os outros!
Vivo intensamente o momento tal como intensamente absorvo o conteúdo da mensagem. Com muito gozo, assim falávamos.
Paz para ti, para mim!