Acerca de mim

A minha foto
Mas quem sou eu mesmo? Nem eu sei se calhar. Em busca, permanentemente em busca!

terça-feira, dezembro 28

Bom Ano!

E é nesta altura que recebo imensos votos de feliz ano novo, bla, bla, bla.

Também tenho os meus votos.

Desejo que no próximo ano cada um se descubra e viva sem necessidade de fazer da vida uma permanente comparação.

Compara-se o que outro ganha...

Compara-se o que o outro veste...

Compara-se o lazer do outro...

Compara-se o carro do outro...

Compara-se o que o outro faz ou não faz...

Compara-se o que o outro tem...

Compara-se com o que o outro parece...

E nesta comparação permanente assume-se sempre lugar secundário na inovação e autenticidade na gestão dos nossos actos.

Há falta de coragem!

Há muita energia desperdiçada na comparação, uma cómoda satisfação na falta de genuinidade, nesta cultura da mediocridade.

Ousemos corajosamente concordar, discordar, manifestar, abanemos em definitivo este andar amorfo pela vida.

A VIDA!

Que 2011 seja o início de uma outra forma de estar. Agarremos a oportunidade de SER!

terça-feira, dezembro 21

Alguém se lembra porque Natal?

Mulheres atarefadas
Tratam do bacalhau,
Do peru, das rabanadas.

-- Não esqueças o colorau,
O azeite e o bolo-rei!

- Está bem, eu sei!

- E as garrafas de vinho?

- Já vão a caminho!
- Oh mãe, estou pr'a ver
Que prendas vou ter.
Que prendas terei?

- Não sei, não sei...

Num qualquer lado,
Esquecido, abandonado,
O Deus-Menino
Murmura baixinho:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?

Senta-se a família
À volta da mesa.
Não há sinal da cruz,
Nem oração ou reza.
Tilintam copos e talheres.
Crianças, homens e mulheres
Em eufórico ambiente.
Lá fora tão frio,
Cá dentro tão quente!

Algures esquecido,
Ouve-se Jesus dorido:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?

Rasgam-se embrulhos,
Admiram-se as prendas,
Aumentam os barulhos
Com mais oferendas.
Amontoam-se sacos e papeis
Sem regras nem leis.

E Cristo Menino
A fazer beicinho:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?

O sono está a chegar.
Tantos restos por mesa e chão!
Cada um vai transportar
Bem-estar no coração.

A noite vai terminar
E o Menino, quase a chorar:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Foi a festa do Meu Natal
E, do princípio ao fim,
Quem se lembrou de Mim?
Não tive tecto nem afecto!

Em tudo, tudo, eu medito
E pergunto no fechar da luz:
- Foi este o Natal de Jesus?!!!

(João Coelho dos Santos
in Lágrima do Mar - 1996)

O meu mais belo poema de Natal

domingo, dezembro 19

Erva de Natal



Tropeçaram meus olhos na sua invisibilidade. A Natureza criara os seus enfeites. Será o que apelidam de Natal?

domingo, dezembro 12

O problema de um é problema de todos!

Lição do Ratinho

Um rato, ao olhar pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e a sua esposa a abrirem um pacote. Pensou logo no tipo de comida que haveria ali. Ao descobrir que era uma ratoeira, ficou aterrorizado.
Correu ao pátio da fazenda, advertindo todos: - Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa !!

A galinha disse: - Desculpe-me Sr. Rato, eu vejo que isso é um grande problema para o senhor, mas não me prejudica em nada, não me incomoda.

O rato foi até junto do porco e disse: - Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira !

- Desculpe-me Sr. Rato, disse o porco, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser rezar. Fique tranquilo que o Sr. Será lembrado nas minhas orações.

O rato dirigiu-se à vaca. E ela disse-lhe: - O quê? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não !
Então o rato voltou para casa abatido, para encarar a ratoeira. Naquela noite ouviu-se um barulho, como o da ratoeira a apanhar a sua vítima.

A mulher do fazendeiro foi ver o que tinha acontecido. No escuro, ela não viu que a ratoeira tinha apanhado a cauda de uma cobra venenosa. E a cobra picou a mulher... O fazendeiro levou-a imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre. Todo a gente sabe que para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja de galinha. O fazendeiro pegou no seu cutelo e foi tratar do ingrediente principal. Como a doença da mulher não passava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la. Para alimentá-los, o fazendeiro matou o porco. A mulher não melhorou e morreu.
Muita gente veio ao funeral. O fazendeiro então sacrificou a vaca, para alimentar toda aquela gente.



Moral da História:
Da próxima vez que ouvires dizer que alguém está diante de um problema e acreditares que o problema não te diz respeito, lembra-te que quando há uma ratoeira na casa, toda a gente corre risco.




domingo, dezembro 5

Uma luta, uma vitória!

O Quintino era um miúdo, na altura com doze anos, quando estive em Tite, na Guiné.
Acarinhado pelo pessoal do abrigo anexo ao meu obus, lavava os pratos, passava a vassoura no espaço dormitório, sala, cozinha, no abrigo, camas de ferro umas em cima das outras, ganhava uns trocos.
Saí de Tite e perdi o contacto.
Na semana passada, através de um ou outro contacto obteve o meu número de telefone. Marcámos um almoço, encontrar-nos-íamos junto ao teatro D. Maria. Curiosamente, e apesar de passados tantos anos, o reconhecimento foi fácil.
Foram quase duas horas de amena cavaqueira, o miúdo tinha crescido!
Veio para Portugal em 1986, fez cursos de soldadura naval e percorreu meio mundo. Argentina, Brasil, Alemanha, Bélgica, Congo, sempre com contratos de firmas portuguesas ligadas à sua arte. Presentemente está na Inglaterra para onde voltou hoje domingo. Tem a família lá.
Estava contente, particularmente contente. Obtivera a nacionalidade portuguesa o que lhe permitia de novo trabalhar na sua área sem constrangimentos de cidadão extra comunitário.
No Congo, ganhou dinheiro, disse-me. Entre pagar a casa em definitivo que possui no Laranjeiro e investir na sua terra, preferiu esta opção. Comprou dois Mercedes para táxi e um barco para transporte de pessoas e bens, em Bissau.
A experiência não resultou pois como estava na Europa, não podia acompanhar o negócio. Perdeu tudo. O homem de confiança, não foi. Ficou-lhe o ensinamento, a realidade. Não voltaria a investir da mesma forma na Guiné!
O pai ainda está vivo, com mais de noventa anos. Coisa rara em África, como me afirmou com um sorriso.
Recordou um simples episódio que não me lembrava. Quando vim de férias, levei-lhe uma bolsa da TAP com camisolas. Nunca esqueceu...
Narrou-me os horrores post independência. As irracionalidades da guerra. Os alimentos deixados pelas tropas portuguesas foram atirados ao rio Geba insinuando estarem envenenados. Houve valas comuns. Acontecera o que temia e tantas vezes me questionava. Soldados africanos que serviam nas fileiras do exército português foram executados, alguns meus soldados. Era um miúdo, a memória fora escrita com estilete de fogo...
À dificuldade de entendimento entre o povo Guineense , deu-me o seu ponto de vista, válido, nunca pensara nisso. Já viu, Faria, que com mais de 20 etnias ao governo Português da altura interessava-lhe acentuar as diferenças para que nunca fossem um Povo? Dividir para reinar, pois...
No fim do almoço, um abraço sentido, um até um dia.
O Quintino foi protagonista de umas páginas mais sombrias dos episódios da minha vida.
Gostei de estar com ele. Num português correcto, num olhar límpido, a tranquilidade, a ausência de rancor, uma esperança num amanhã digno, uma Confiança no Homem.
Um lutador, este miúdo!

quinta-feira, novembro 25

prendendo o olhar!






Outono.
E venha a chuva, o frio, que não percamos a capacidade de observar, o "lavar os olhos" no que existe, queiramos nós estar disponíveis.
Perdemo-nos em nadas, em nadas alicerçamos o nosso "encontro". Paremos, por segundos sintamo-nos!


Quase todos os dias passo por aqui. Quase todos os dias a olho ali isolada; penso que um dia teve honrarias de nobreza e abundância. Resiste na sua imponência, mesclada entre os verdes, os castanhos da terra remexida. Onde? Aqui esta mas outras existem onde quer que um olhar as descubra e descanse!

quarta-feira, novembro 17

Terapia informática



Comecei ontem mais uma jornada ou melhor, aumentei a minha jornada.
A Universidade Sénior de Alenquer convidou-me a dar o meu contributo na disciplina de informática. Aceitei de imediato. Afinal é o que desde há algum tempo venho a fazer com os seniores de Sobral Monte Agraço e Santana de Carnota.
As inscrições ultrapassaram todas as expectativas. Mais de uma centena!
É bom trabalhar com pessoas que nunca tiveram a possibilidade de usar um computador, é bom ver nos rostos o desejo de quebrar o que até agora era um tabu.
Lamento uma vez mais que não haja mais voluntários que se disponham a esta actividade, esta e outras mais. A partilha é a melhor forma de bem estar físico e mental!
Não sei se vão continuar todos. Transmito-lhes o entusiasmo, acompanho-os numa nova caminhada. Se vão chegar a um nível de autonomização não sei, mas se calhar isso nem importa. O importante é que lhes proporciono um novo caminho, um abrir janelas.
Mais uma vez penso que o importante é o caminho, o estar em comunhão noutras paragens, não forçosamente a chegada!
Rir com as nossas limitações, porque são nossas, porque somos NÓS, ousar sempre diferente, não parar!
Naquele Universo de pessoas, vidas vividas de diferentes formas, sentidas de diferentes formas. Mas VIDAS!
Respeito.
Sinto-me grato por encontrar quem me permita fazer o que faço, sinto-me grato pela aprendizagem neste livro diferenciado de folhas feitas pessoas.

domingo, novembro 7

uma professora...ao longo da vida

Já não a via nem lhe falava há mais de 20 anos.
Ontem, estabeleci contacto com uma antiga professora , de Português e Francês, aquando andava pelos bancos do Liceu.
Margarida Camacho, Margarida Watts, ou simplesmente Drª Margarida é um nome que ninguém esqueceu, aqueles que tiveram o privilégio de a conhecer. Considero que ela é uma daquelas pessoas que não passou na nossa vida, ela permanece na nossa vida. Telefonei-lhe. A conversa fluiu tal como se a tivéssemos interrompido entre um golo de uma bica, há mais de duas décadas. Extraordinária a importância que os professores têm nos alunos ao longo da vida, marcante a vivência dos alunos nos professores.
O 5º E não era fácil queixavam-se os professores. Da cumplicidade estabelecida com a Drª Margarida como que surgiu um compromisso e pelo menos no aspecto disciplinar deixou de haver problemas.
Lembro-me das viagens ao longo dos Castelos de França, sem nunca sairmos da carteira. Lembro-me da capacidade de nos estimular o sonho, que mesmo com consciência que disso não passava, nos alimentava a alma como se realidade se tratasse.
Lembro-me de nos despertar para a importância que tinha cada um na sociedade, o papel complementar que cada um dos nossos pais tinha, do trabalho mais humilde ao mais bem pago e considerado.
Lembro-me da disponibilidade que tinha para todos nós dentro e fora do Liceu. A uma distância de 43 anos ainda retenho o rosto dos filhos ao verem tantas vezes a casa "invadida" pela trupe do 5º ano E, em sessões de estudo extraordinário!
Guardei ao longo da minha vida a dedicatória de um livro que me ofereceu "... e fazer da vida uma excursão vivida com amor!" E procuro cumprir.
Ficámos muito tempo à conversa, pouco para o muito que se tinha a dizer. Gostei Drª Margarida, soube-me bem ouvi-la dizer que se eu voltasse à Madeira, a procurasse porque ela estava lá...como sempre!

quarta-feira, novembro 3

DIVULGAÇÃO


1º Encontro sobre Prevenção do Suicídio - 2010
A Prevenção do Suicídio na Sociedade Actual

27 de Novembro de 2010 - Museu da Electricidade - Lisboa

09:00

  • Abertura do Secretariado

10:00

  • Sessão de Abertura
  • - Alto Comissariado da Saúde - Maria de Céu Machado (a confirmar)
  • - Fundação EDP - Sérgio Figueiredo

10:30

  • Conferência – Para-Suicídio: uma linguagem do desespero
Carlos B. Saraiva - Hospitais da Universidade de Coimbra

11:00

  • Pausa para café

11:30

  • Painel - Intervenção das Linhas de Ajuda

- SOS Estudante
- Telefone da Amizade
- Voz de Apoio
- SOS Telefone Amigo
- SOS Voz Amiga

13:00

  • Pausa para almoço

14:30

  • Mesa - Sociedade Actual: Território de Pobrezas e Exclusões
A dimensão Europeia do combate à pobreza: passado, presente e futuro

- Sérgio Aires - Investigador e consultor nas Áreas de Pobreza, Exclusão e Politicas Sociais

- Contrariar novas ameaças à coesão social: caminhos para a acção possível
José Manuel Henriques - ISCTE

15:30

  • Conferência - Algumas reflexões sobre o desespero na 3ª Idade

António dos Reis Marques - Hospitais da Universidade de Coimbra

16:00

  • Pausa para café

16:30

  • Conferência - Condutas suicidas na 4ª idade

Paula Garrido - Hospitais da Universidade de Coimbra

17:15

  • Conferência - A comunidade e a prevenção do suicídio

Daniel Sampaio - Faculdade de Medicina de Lisboa

18:00
  • Conclusões e Sessão de Encerramento
Marco Paulino - Hospital Santa Maria


WWW.SOSVOZAMIGA.ORG

quinta-feira, outubro 28

um pouco que é muito!

Acabo de receber este por E-mail!
Como gostaria de ter o privilégio de ser um dia surpreendido por um episódio destes, em qualquer bar, copo na mão, amena cavaqueira...
Som alto, aos primeiros acordes consegui vislumbrar quantas pestana tinha, numa névoa liquida que me toldou os olhos gostosamente!
Se calhar são os maus momentos de um nojento desgoverno que me faz vibrar com tão pouco. Se calhar sou eu que estou noutra onda, onde o valor não se apelida estritamente de vil metal...
Deixo-vos para verem, ouvirem e interiorizarem...gostosamente!

www.youtube.com/watch_popup?v=NLjuGPBusxs&vq=medium

quarta-feira, setembro 29

trabalhos de campo


Ontem mais uma vez fui para o campo. O objectivo foi contribuir para a vindima num terreno de um amigo por acaso meu "aluno". Durante cerca de quinze dias porque as vinhas ainda são grandes, procede-se à apanha da uva.
Natural, dir-me-ão, Outono mês das vindimas. O menos natural é todo o trabalho ser feito por amigos, sete ou oito por dia, de manhã ao fim do dia, pro-bono.
Ontem, o grupo era misto, casais a maior parte. Experiências de vida enormes, longos anos! Há muito tempo que não me sentia "benjamim"! Era o mais novo distanciando-me vinte e quatros anos do que mais tempo tinha de vida. Um dia sentirei também tamanho sorriso, capacidade de entrega, para isso ensaio.
As conversas? As mais diversas, vivências jocosas, trocadilhos oportunos, política ou inevitavelmente saúde. E ouvia! Perante o cenário e o naipe de protagonistas, que tinha eu de interessante para dizer? Desta vez era tempo de aprender, escutar, respeitar.
Algumas toneladas apanhadas, hora de almoço, outros momentos de partilha de alimentos, experiências. Esta gente sabe viver com o que é, identifica bem os seus limites, sorri e VIVE.
Há dias falando na minha intenção de participar nestas jornadas, alguém me perguntava quanto te pagam? Outro planeta que não o meu, felizmente a ele não pertenço.
O que recebo de tão rico, é mais valioso que qualquer pagamento.
À noite, corpo dorido, mãos encardidas, uma tranquilidade saborosa, uma paz que só se vai alcançando com a aprendizagem de momentos como este!
Aconselho!

quinta-feira, setembro 16

manhã de Setembro


Como se fosse o primeiro encontro, uma primeira chegada, a descoberta. Sinto-me sem fôlego de tanto reter a respiração. Esqueço o lugar ,o tempo. Abandono-me em lento acordar e solidariamente amanheço.

Ténues, os contornos afirmam-se, reconheço, regresso! Foi bom o momento, é uma bênção poder estar atento, aqui!

BOM DIA!

quarta-feira, setembro 15

Sinais dos tempos!!!(para pensar)

CHOMSKY E AS 10 ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO MEDIÁTICA

1- A ESTRATÉGIA DA DISTRACÇÃO.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distracção que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e económicos, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distracções e de informações insignificantes. A estratégia da distracção é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neuro-biologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')”.

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.
Este método também é chamado “problema-reacção-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reacção no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise económico para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la graduadamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições sócio-económicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entoação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adoptar um tom infantilizante. Por quê?“Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reacção também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”)”.

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranquilas’)”.

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.
Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTO-CULPABILIDADE.
Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema económico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua acção. E, sem acção, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.
No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neuro-biologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

domingo, setembro 12

Viver no campo


Viver no campo é também aprender a conviver com outras manifestações de vida!
Hoje tive uma visita silenciosa. A Luna, atenta e sonora alertou-me com potente ladrar, da presença.
Impressiona, a minha experiência com este tipo de rastejante foi traumatizante. Foi na Guiné, por completa desconsideração, cuspiu-me. Um dia conto!
Antes de a afugentar para outras paragens, aquando registava o momento, dei comigo a pensar que na cidade não tinha destas. Estas são cobras de verdadeiras línguas viperinas, identificáveis...
Noutras paragens são camufladas, em forma humana, corrosivas, venenosas!

ESTAS SÃO MAL MENOR!

sexta-feira, setembro 10

estar no momento!

São "visões" como esta que me fazem andar com a máquina fotográfica. É o momento, o meu. Quem viu, quem estava atento? Depois, a melodia do silêncio o movimento indolente de um vento que embala o dia que se esgota. Em segundo passou, não volta a repetir-se, provavelmente não voltarei a estar no lugar. Este captei-o, bebi-o. Na minha relação com o astro Rei, uma cumplicidade soberba, mais uma série acrescentada às "VISTAS SENTIDAS".
Partilho!

sexta-feira, setembro 3

quinta-feira, agosto 26

mais uma


Mais uma...espreitando no parapeito da janela!

terça-feira, agosto 24

momentos...



A máquina, a máquina que meus olhos já captaram...
podia ter ido, voado.
A diferença é que só de contar não havia tamanha partilha!

sexta-feira, agosto 13

reportando...uma vez mais! (2)

Infiltrado no meio, nem comerciante nem consumidor, permitia-me deambular pelas vielas, observando, uns de um lado, outros do outro.
Súbito, a feira estava na sua efervescência plena. De onde surgira tanta gente? Cruzam-se pessoas umas em passo apressado, rumos delineados, outras em tempos descontraídos ziguezagueando aqui, ali.
É óbvio que a clientela desta feira não se compara à de um Colombo, Vasco da Gama ou mesmo à da feira de Carcavelos.
Rostos queimados não de uma praia mas essencialmente na rudeza dos campos. E espelha-se nos rostos esta rudeza tão pronunciada como a franqueza de procedimentos. Aqui e ali também se nota a existência de um toque de aprumo na sua deslocação ao evento, à exposição pública. É humano.
Crianças arrastam adultos, seduzidos por miniaturas perfeitas. Um moinho mãe, compra-me um moinho! Quanto custa? Para vários preços, desde 5 euros até...Oh mãe, e olha este, tão lindo...roda! E subtilmente começava a argumentação do adulto em defesa do não, com astuciosas fugas...Olha querido, para a semana quando vieres com o pai, dizes qual é o moinho que queres...a mãe hoje não pode...tem as mãos ocupadas, leva a mana...hoje pode quebrar-se...tu não querias, pois não? Pois não, para a semana é melhor...E seguiram!
Senhor, quanto custa este alguidar vidrado de verde, perguntava a mulher no intervalo de uma conversação em francês com o companheiro. Ele dizia-lhe que a cor era diferente, o verde era perfeito para o que queria, ensaiava colocar um alguidar dentro de outro, tamanhos diferentes, posições de uma qualquer escultura. Está marcado, ouviu-se. E não me faz um desconto? Olhe lá minha senhora, quando vai ao centro comercial e vê marcado uma produto, pede desconto? Não, respondeu-lhe, mas isto é uma feira. Não chegaram a acordo no consenso nem no negócio. Um ficou a pensar que ganhara nada, raio de clientes. O outro que já não havia feiras como antigamente. E eu dei comigo a dar razão aos dois!
Há momentos que são comuns a qualquer feira. O cãozinho estúpido movido a pilhas que dentro de uma caixa se move e ladra, as mulheres tipo "goma" que colocam autocolantes no transeunte incauto a troco de uma moeda em benefício de uma falsa instituição, um grito de uma vítima de um carteirista, o bebé da cigana que mal anda e cai arrancada do chão por um só braço e colocada na anca, e tantos outros triviais.
Eu abatia-o, tadinho, ouvi a meu lado. Procurei situar-me. Um rapaz entre 25 e trinta anos levava pela trela um cão que em tempos teria sido um belo animal. Faltava-lhe a pata traseira direita, amputada pela coxa. E caminhavam lado a lado, o animal num movimento de desequilíbrio em falta de apoio constante.
Segui-o. O dono parou a experimentar uma par de sapatos, largou a trela. O cão deitou-se a seus pés. Enquanto durou a prova dali não se movimentou indiferente aos olhares dos humanos "saudáveis" que por ali passavam.
Vi-lhe no olhar uma chama de tranquilidade de bem estar. Mas isso fui eu que tenho mania de olhar e VER...

quinta-feira, agosto 12

reportando...uma vez mais! (1)


Hoje, a convite de um amigo fui à feira da Malveira.
Feira tradicional, grande, há muitos anos marca da actividade da região, há muito tempo que por lá não passava.
Acordei ainda não eram cinco horas e às seis menos um quarto já íamos a caminho. Por caminhos calcorreados há mais de trinta anos, caminhos ausentes da memória de qualquer comum GPS, estradas húmidas e por espaços quase invisíveis por nevoeiro, chegámos à Malveira ainda a azáfama era ténue como a luminosidade. Um tilintar de um ferro aqui, outro martelar forte em estaca acolá, um "puxa aí", um rosnar de um motor de uma carrinha ao subir o passeio, paus e madeiras saindo porta bagagens, o acampamento moldava-se, tomava forma, cor, vida. Os produtos tomavam seus lugares nas bancadas, em cabides, preenchiam-se os espaços adjacentes. Há de tudo, mesmo o impensável, novo e usado. Estava frio, o nevoeiro mantinha-se baixo, alguns toldos gotejavam. Pouco a pouco os casacos era afastados dos corpos, o exercício aquecia apesar do sol manter-se teimosamente oculto. E o nevoeiro permanecia...
"Leve 6 a 5 euros", "pode escolher freguês", ou simplesmente um olhar acompanhando qualquer manifestação de curiosidade num produto, crescia o bulício. Oito e meia, está na hora, disse-me o meu cicerone...
Com cuidado, não fossemos tropeçar numa corda ou mesmo num produto, esgueirámo-nos por vielas sinuosas, bom dia, oh Chico, então está melhor, a tua senhora? Esta gente conhece-se, estas pessoas estimam-se, pensei. Oh Zé, anda daí, quem? Ah sim é um amigo meu! E eu inchava... Também vem, perguntou-me. Sim, respondi com mais confiança do que anuência...
Vi-me sentado às oito e meia num restaurante. Matar o bicho disseram. Na minha terra seria um copo de aguardente e um café. As mesas cheias, olhei incrédulo. Pregos no prato com ovo a cavalo, sopas, feijoada. Em Roma sê romano. E neste momento eu era romano. Bati-me igualmente com um prego, um tinto de bom beber, não acompanhando os meus companheiros na sopa. Era demais...
E ouvi, e escutei, e vi. Muita gente de distantes lugares, muita gente levava quase cinco horas de labuta. E trocavam-se experiências desta e de uma outra feira, falavam das exigências aqui, dali , das expectativas sempre comuns no dia a dia.
Saímos, demorou-se o tempo suficiente para o objectivo, não mais que se fazia tarde para o negócio...

quarta-feira, agosto 11

reportando...

Quase sete horas.
O dia anunciava-se quente como tem sido hábito neste princípio de Agosto. No caminho, ao dobrar a curva, um cheiro intenso a terra molhada, um borbulhar enérgico vindo das entranhas. Uma ruptura!
Comuniquei aos serviços responsáveis de imediato. Esvaia-se a terra em desperdício de milhares de litros. Se não fosse quase crime, confesso que o caudal correndo estrada fora me refrescou os olhos.
Eram cerca das 11 horas quando chegou o piquete. Uma mini escavadora, três homens. De início o estancar dos canos, depois a intervenção da máquina. Com o aproximar da detecção dos tubos, o balde munido de dentes espaçados amainava a sua acção de remoção, vislumbrei movimentos de carícia cuidadosa. E não mais podia ser feito. Os outros dois homens saltaram para o interior da cratera, botins de borracha, pás rijamente seguras de início, enlameadas depois. Cirurgicamente retiravam a terra envolvente, os cinzentos tubos, dois, par a par iam-se destacando. Dos rostos afogueados, gotas de suor jorravam e caiam na lama, nódoa nas camisas ainda secas. Depois, já não se notavam nas camisas encharcadas de suor!
Um balde debaixo de um arbusto, cheio de água, refrescava, se possível, uma garrafa de água.
Senti o sol morder-me, simples espectador. Que calor! A meus pés, sem descanso lapidava-se a terra, os canos.
Já não aguentava mais! Mesmo sem nada fazer o calor consumia-me. 38 graus apontava o termómetro. Regressei ao fresco da casa e pus-me a pensar no que vira.
Há quem trabalhe duramente, quem não possa parar, mesmo debaixo deste Sol, mesmo com estas temperaturas...
Não sei o nome destes homens, mas guardo em memória a sua acção.
Heróis anónimos, por vezes transparentes aos olhos de tanta ingratidão e egoísmo.
O respeito pelo outro, pelas suas competências, pelos seus talentos, sejam lá quais forem, enriquece-me.

terça-feira, agosto 3

OLHARES!

conformados, duros, expressivos,
enigmáticos, sorrisos, ausentes,
pensativos...




















Estes foram uns que captei, de muitos que observei. No mesmo dia, quase à mesma hora perante a mesma paisagem.
O que eu captei não chega para contar histórias. Mas são imensas as suas. Em mim, no momento despertou também um outro olhar.
"captei-me"...para mais tarde recordar!

segunda-feira, agosto 2

Submarinos

De novo o tema é notícia. E que notícia!
Gostaria de saber a quem interessam os submarinos para além dos senhores militares a quem lhes foi facultado mais um brinquedo, para além dos que encheram os bolsos com este negócio submerso...
Tentando justificar a sua utilidade, o Almirante mor dos mares explicou "ter submarinos é caro, muito caro, mas muito mais caro seria não os ter, em especial para as gerações futuras."
Confesso não conseguir atingir o raciocínio talvez por não pertencer às gerações futuras e vindouras como ouvi no discurso há dias...

Há quem queira manter as quintinhas, os privilégios, há quem queira manter a sua colecção de soldadinhos e artefactos bélicos.
Finalmente Portugal e os portugueses já podem morrer descansados, já temos o nosso submarino, outro vem a caminho!

Alguém me belisque, me acorde deste pesadelo!

O Tridente entrou hoje no Tejo cerca das 10 horas. Uma multidão de meia dúzia bate palminhas com as nádegas!

sexta-feira, julho 23

meditando!

Arredado do comum dos mortais, anda o hábito de reflectir ou melhor, meditar.
Podemos não ter tempo para fazer exercício, ir ao cinema, ler um livro, e outras mais actividades, mas meditar é certamente uma ausência que não pode ser justificada com falta de tempo. Creio que já não faz parte das prioridades. A chamada sociedade do desenvolvimento alicia com todos os os óbvios de momento, cria (inventa) necessidades para depois as fornecer como inquestionáveis, toda a gama produtos duvidosos e mesmo supérfluos.
E é aqui que muitas vezes nos deixamos levar. Não sei como mas Portugal tem de caminhar para uma vivência de maior liberdade de escolha, uma vivência onde sejamos capazes de escolher. Escolher, essa é a questão. Somos levados a pensar que escolhemos. Mas não, somos conduzidos de formas sublimadas à escolha desejada não por nós, mas ao encontro de interesses, normalmente do capital, do consumismo.
Urge que paremos por momentos para reflectir, meditar.
A diferença residirá na nossa capacidade de muitas vezes afastarmos o óbvio só porque nos dizem, porque é moda. A diferença residirá quando por momentos nos questionarmos! Quem somos, como somos, o que queremos ser. SER, um arcaísmo que temos de ressuscitar dos depósitos de quem tem medo do Homem.
Nas nossas casas, no ciclo restrito de amigos, no bairro, na aldeia, deslumbremo-nos e identifiquemo-nos de novo.
Mesmo ao fim do dia, mesmo ao fechar dos olhos, reflictamos, meditemos! Como posso Ser? (diferente, autónomo, EU)

quarta-feira, julho 14

Velhos tempos, tempos modernos...

Pai, Mãe, preciso falar-vos. O tom solene surpreendeu-os. Acho que já tenho idade e "necessidade" de uma mesada ou semanada.Tinha dezassete anos,estava já no sexto ano, décimo primeiro como dizem agora.
Entreolharam-se e perscrutei naquela momento uma certa anuência. Não me disseram de imediato que sim mas convidaram-me a esperar pelo fim do mês. Chegado, o meu pai convidou-me a acompanhá-lo ao acto de recebimento do salário. Assinava uma folha e pagavam-lhe ao balcão em dinheiro.A minha mãe também recebera por esses dias.
Em assembleia senti-me importante ao sentar-me à mesa da sala com eles. Um envelope da minha mãe, um outro com o dinheiro do meu pai! Tanto, pensava ao colocá-lo misturado em cima da mesa...
Vai buscar um papel e lápis, ajuda-nos aqui. Fui, e comecei a anotar. Renda, água, luz, telefone,mercearia, etc, etc.
Mas olhem lá, estas contas já passaram a quantidade de dinheiro que está em cima da mesa!
Pois, vais ao Sr. Pereira, levas o role e diz que os pais pedem para ficar cem escudos por pagar para o mês que vem. Fui e vi-o fazer as operações para que o mês seguinte começasse logo à partida com cem escudos. No role pequeno tipo caderneta que transportávamos sempre que adquiríamos algo e num livro grosso, estreito com múltiplas folhas encabeçadas por nomes, um deles o do meu pai.
Ao regressar a casa, não me lembro se continuamos à mesa. Sei é que nunca mais falei em mesada ou semanada.Passei a estar imensamente feliz com o dinheirito que os meus familiares me davam ou eventualmente uns tostões que dos meus pais em momento de menos aperto ganhava.
Continuei a estudar latim à mesa do café com o meu amigo Martins. Uns dias bebia a "chinesa" outros bebia eu. O importante era fazer uma despesa que nos permitisse ocupar a mesa...
Aprendi a gerir o que tinha. O que não meu, não existia.
Os meus pais não eram detentores de curso algum!
E que lição recebi, que sabedoria tinham eles.
Na qualidade de pai procurei passar a mensagem. Estou satisfeito, entenderam, assumiram-na, os meus filhos.

quarta-feira, junho 23

Um dia será!

Temos vindo a perder ao longo dos últimos anos a nossa capacidade objectiva de indignação quer por desleixo, distracções, aliciamentos efémeros, quer por subtis conduções sublimadas em pseudo inofensivas atitudes dos senhores do Poder!

Cada vez mais eleitos por minorias, assumem as rédeas como se detentores da Verdade, sabedores de todo o Conhecimento.

Se os ventos correm de feição, são os melhores, os maiores. Se os ventos contrários, dizem-se vítimas de conspirações, incompreendidos.

Pois é. Isto de andar ao sabor dos ventos dá nisto.

O que falta?

COMPETÊNCIA!

Em cada lar a gestão é dos adultos, de quem tem a responsabilidade de gerir e sem grandes dificuldades se accionam mecanismos de cobrança ou mesmo de prisão consoante a dimensão dos actos tantas vezes irresponsáveis. Não tem cabimento o lamento daqueles que se excedem ou por má gestão chegam a situações de insolvência.

E o País?

Há responsáveis por má gestão, gastos megalómanos, endividamentos excessivos? Parece que não!

As SCUTS estão nas primeiras páginas. Em minha opinião, e ao exemplo do que se faz em muitos países, quem usa, paga! E há o sistema Suíço que de todo não me parece injusto. Na Bélgica, país atravessado por Alemães, Holandeses, Franceses, como não se paga portagens, queixam-se que suportam o desgaste das vias pelos estrangeiros!!!Há que ver se não há mesmo alternativas ou até se se deixou degradar as alternativas para que tudo fluísse pelas novas vias.

Fala-se de roubo.

As SCUTS estão localizadas em determinadas zonas do País.

E que dizer do roubo permanente que somos alvo quando usamos uma Auto-estrada, pagamos portagens na íntegra e temos obras limitadoras ao longo da via?

Não vejo businões nem autarcas envolvidos em consonância.

Porquê?

Porque somos assim, deixamo-nos assim, trabalham-nos para que sejamos assim. E estão a consegui-lo!

Não esqueçamos nunca, PENSAR GLOBAL, AGIR LOCAL!

Será por aí que marcaremos a diferença, será por aí que os fios que nos colocam feitos marionetas se quebrarão!

Fios ECONÓMICOS, fios de MEDO, fios de SEDUÇÂO, fios de VAIDADE, fios de MALDADE, muitos, muitos fios.

Será que alguém tem dúvida que está ligado? Eu não!


PS. Tenho consciência que ainda não rebentei todo o fio. Mas que estão a quebrar, isso estão. Uns já foram, outros irão!



terça-feira, junho 22

Registo

Creio que tinha cerca de um ano quando o meu pai emigrou. À época a Venezuela, Curaçau e África do Sul, na Madeira, eram os destinos mais correntes.
A minha mãe, aparentemente uma mulher frágil, tomou a família aos ombros. Quatro filhos! Era professora e até à minha instrução primária lembro-me de vários ambientes, paisagens, pessoas. Creio que esteve um ano em cada escola! As escolas eram por vezes em sítios recônditos, junto a povoações por detrás do sol posto. A iliteracia era enorme. Os campos absorviam a mão de obra das crianças em idade escolar, coisa naturalmente assumida. Mas quem aprendia a ler e escrever, aprendia. Havia exames e aferições de conhecimento para atribuição de diplomas escolares, expoente máximo em cerimónias inesquecíveis de viagens às sedes de concelho para prestação de provas, deslocação em táxis apelidados de "abelhas" batas impecavelmente brancas, caneta de tinta permanente, lápis borracha e mata borrão!
Durante anos habituei-me. Novas limitações, os quartos de recurso, as casas de banho ou à inexistência delas...
Anos e anos, o meu espaço infantil estendia-se entre as sala de aulas onde a minha mãe ensinava, os terreiros e os caminhos, as casas das vizinhas onde saciava a minha gula em bolos e petiscos que hoje não encontro sabores.
Nas salas de aula, por onde a minha mãe andasse, uma foto, ou duas, obrigatoriamente.
Na minha santa ingenuidade convenci-me que só alguém importante para a minha mãe a acompanhava em todos os sítios por onde andasse. E esse seria o meu pai...
O fardado com faixa atravessada ao peito não era, pois ele não era tropa. Tinha que ser o outro, o civil...
Nunca manifestei à minha mãe nem a ninguém essa minha dedução.
Passados anos, rimo-nos a bom rir. Salazar não era em definitivo o meu pai!

sexta-feira, junho 18

SARAMAGO!


Porque compreendo a morte, porque sou sensível, estou saudavelmente triste!


sábado, junho 12

Faria, Afonso Faria

Estou mesmo convencido que sou especial, ou melhor a mim acontecem-me coisas especiais. Talvez porque ainda esteja convencido que há esperança no Homem.
Há dias perdi a carteira com toda a documentação. Perdi, não. Deixei-a displicentemente em cima do tejadilho do carro e arranquei. Confiei no carro, não devia. Numa curva, deixou-a cair!
Quando me apercebi, analisado a facto, mantive-me calmo, sou o Afonso, não é? Liguei o telemóvel e esperei. Ainda não haviam passados 20 minutos, tocou! Sim sou eu, sim, perdi-a. Onde posso encontrá-lo? Ok, meia hora depois tinha em minha posse a minha carteira. Um aperto de mão selou o meu agradecimento, um sorriso franco a recepção.
Não aprendi. Ontem, ao chegar a casa dei por falta do velho telemóvel. Detesto-o quando está perto de mim, senti a falta na sua ausência. Algures, deixei-o em algum lugar pensei...
Um amigo telefonou para a minha mulher pois um outro amigo telefonou-lhe que a mulher tinha recebido uma chamada do meu móbil mas que não tinha sido eu... Estranho? Não, talvez seja este episódio o que deveriam apelidar das verdadeira redes sociais.Então passei a telefonar para o meu telemóvel sabendo que não seria eu a atender mas esperando que alguém o atendesse. E assim foi. Onde, questionei. Ah, sim naquela curva...Mais uma vez o estúpido do carro não mantivera o que eu lhe tinha confiado. Estúpido, estúpido,duas vezes é demais, não merece confiança, não posso esquecer!
Voltando ao móbil, segundo o relato, esgueirou-se entre dois pneus para não passar à história. E conseguiu!
Mais uma vez um forte aperto de mão, em jeito de agradecimento. Sabe, se fosse eu gostava que mo devolvessem, disse-me. E sorriu!
Ah, tanto de uma como da outra vez a idade rondava os trinta. Ainda há esperança, afirmo!
Mantenhamo-nos atentos, demos uma oportunidade...

sábado, maio 15

remar...


E vem a noite. Escura, ainda fria.

No negro projecto meus pensamentos,
faz-se luz.

Jurei a mim mesmo ver, ver para além.
E consigo.

Desligo os ruídos do dia. Desligo, não os apago.
Tenho esse poder, exerço-o.

Quem? O quê?
Selecciono.

Alcanço a Paz!

Tenho que passar palavra,
dar testemunho,

É POSSÌVEL!


terça-feira, maio 11

album (parte onze)

Aproximava-se o mês de férias. Passagem marcada, as noites tornavam-se longas os dias intermináveis.

Um ano hostil, um ano intensamente vivido que nem de completa adaptação conseguida. Perdera-se o estatuto de “periquito” mas não tempo suficiente para “velhinho” . Dizia-se a propósito que só no fim de uma comissão estávamos prontos para ela...

Este tempo de meia comissão era perigoso. Iniciava-se o abrandamento da vigilância, por vezes a cautela, os procedimentos motivados pelo impacto do desconhecido. Cometiam-se exageros como se o tempo decorrido proporcionasse uma maior defesa, a chamada experiência, uma potencial loucura em gestação...

Abriam-se as defesas, o início da saturação.

Alguns acidentes poderiam ser evitados...

De novo sentado no paiol das munições, uma vista ampla a toda a negritude, uma vastidão.

Preparado para fazer fogo, a equipa e o obus. Falava-se baixo, ouvia-se com os olhos...

Recordava os meus benditos primeiros sinais de paludismo, precisamente ali, naquela posição.

Olhava os buracos nas flechas do obus e sentia-me protegido pela sorte ou outra qualquer entidade.

Há sinais? Se calhar há. Não fora sentir-me indisposto subitamente e sair do meu posto e hoje o passado não seria narrado na primeira pessoa. E ali estavam a testemunhar o episódio, os buracos, os estilhaços no interior. Se é possível entender, se é possível uma relação de entre uma máquina fria e estúpida, creio que fiquei ligado àqueles “ferimentos” no aço. Não imaginaria que por diversas vezes transitaria de aquartelamento levando sempre o meu “companheiro”, transportando com ele a lembrança da “sorte” que um dia tive!

Dessa vez a minha equipa ainda ficara coesa, ainda era a mesma. As pessoas e a máquina!

Há muito que a minha “coragem” me obrigara a dormir no abrigo, mesmo ali ao lado do obus. Preferia a ter que percorrer a tabanca, quatro da manhã, negro negro, Walter na mão, bala na câmara, hoje nem sei bem para quê...

Foi nessa altura que dei atenção a alguém que me transmitiu, mais vale um cobarde vivo que um herói morto!!!

Depois, deixar a cama à pressa e correr quase debaixo de fogo, uma só vez me chegara. A mim e ao Conceição, meu companheiro de armas. Eu ainda enfiei as botas, calções, tronco nu. Ele, depois de um festim muito barulhento e medonho, contemplava em dor os pés em sangue, a adrenalina calçara-lhe palmilhas invisíveis, anestesiara-lhe cada vidro cravado, cada esfoladela. A guerra tem disso mesmo ao mais sensato e equilibrado.

Depois dessa experiência resolvi abdicar do post jantar batendo umas cartas, um convívio esporádico. A minha coragem convidava-me para a segurança se isso se pode chamar àqueles abrigos feitos de troncos de palmeira e terra, chapas de zinco. Mas sempre era melhor que a pobre chapa de zinco como tecto!

domingo, maio 2

os meus recantos...cores e aromas!




tropeço na cor, no contraste!



meus caminhos, recantos...


...em mudança

olhar e ver...






de surpresa em surpresa








quarta-feira, abril 28

Que treta...

A crise, a crise, bate-me à porta através da rádio, televisão, jornais, Internet!

Se bem que perceba, se bem que a compreenda, pergunto a mim mesmo onde estou a contribuir para este desastre. E não entendo onde...

Talvez faça parte do universo daqueles que consomem e não questionam, porque consomem com opção e parcimónia!

Fez-se o 25 de Abril, (nessa altura estava na Guiné a combater não como voluntário e bem remunerado), nessa altura um mar de esperança se abriu, azul de desejo e perspectivas. Para os mais distraídos e branqueadores de memórias, grito em voz sonora que fui o terceiro filho de um casal a estar em teatro de guerra simultâneamente. (Angola, Moçambique, Guiné). Não havia opção. A ida para a guerra era uma fatalidade! Defesa do solo pátrio? Bem, isso daria pano para mangas....

A chegada à chamada Metrópole constituiu um deslumbramento, as vivências os sentires um respirar de liberdade em prólogo. Mas de desconfiança. Algumas marcas físicas e psicológicas um conter de repressão e dor, um conter de alegria sempre doseado pelo hábito adquirido...

Mas, no ar o sonho, a perspectiva de algo melhor a plenitude da realização de um colectivo!

Para onde foi transportada a saudável utopia? O Sonho?

Conjunturas, conjecturas, atropelos e esquecimentos...

Acompanho os momentos de hoje, não me preocupo...

Sou privilegiado mais que pelo recurso, pela acção, boa panaceia.

Dói-me a dor do outro, talvez mais que a minha própria que controlo.

Que responsabilidade será atribuída a estes gestores do País?

Salvam-se sempre, pertencem a uma classe de inimputáveis...

Aos outros, a todos nós, em tempos uma dia de salário para a Nação faria sentido. Hoje, a dúvida de uma aplicação em mais uma aquisição megalómana, uma masturbação de devaneio narcisista atrás da porta, afasta-nos da participação activa deste “BARCO” chamado Portugal. Outros tempos que não globais...

Deixámos aos poucos o Paquete. Senhores, não vêem que navegamos há muito no bote salva vidas?

Quem nos acode, quem nos acode...?

Remo, insistentemente remo, só em mim creio!

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