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Mas quem sou eu mesmo? Nem eu sei se calhar. Em busca, permanentemente em busca!

sexta-feira, julho 23

meditando!

Arredado do comum dos mortais, anda o hábito de reflectir ou melhor, meditar.
Podemos não ter tempo para fazer exercício, ir ao cinema, ler um livro, e outras mais actividades, mas meditar é certamente uma ausência que não pode ser justificada com falta de tempo. Creio que já não faz parte das prioridades. A chamada sociedade do desenvolvimento alicia com todos os os óbvios de momento, cria (inventa) necessidades para depois as fornecer como inquestionáveis, toda a gama produtos duvidosos e mesmo supérfluos.
E é aqui que muitas vezes nos deixamos levar. Não sei como mas Portugal tem de caminhar para uma vivência de maior liberdade de escolha, uma vivência onde sejamos capazes de escolher. Escolher, essa é a questão. Somos levados a pensar que escolhemos. Mas não, somos conduzidos de formas sublimadas à escolha desejada não por nós, mas ao encontro de interesses, normalmente do capital, do consumismo.
Urge que paremos por momentos para reflectir, meditar.
A diferença residirá na nossa capacidade de muitas vezes afastarmos o óbvio só porque nos dizem, porque é moda. A diferença residirá quando por momentos nos questionarmos! Quem somos, como somos, o que queremos ser. SER, um arcaísmo que temos de ressuscitar dos depósitos de quem tem medo do Homem.
Nas nossas casas, no ciclo restrito de amigos, no bairro, na aldeia, deslumbremo-nos e identifiquemo-nos de novo.
Mesmo ao fim do dia, mesmo ao fechar dos olhos, reflictamos, meditemos! Como posso Ser? (diferente, autónomo, EU)

quarta-feira, julho 14

Velhos tempos, tempos modernos...

Pai, Mãe, preciso falar-vos. O tom solene surpreendeu-os. Acho que já tenho idade e "necessidade" de uma mesada ou semanada.Tinha dezassete anos,estava já no sexto ano, décimo primeiro como dizem agora.
Entreolharam-se e perscrutei naquela momento uma certa anuência. Não me disseram de imediato que sim mas convidaram-me a esperar pelo fim do mês. Chegado, o meu pai convidou-me a acompanhá-lo ao acto de recebimento do salário. Assinava uma folha e pagavam-lhe ao balcão em dinheiro.A minha mãe também recebera por esses dias.
Em assembleia senti-me importante ao sentar-me à mesa da sala com eles. Um envelope da minha mãe, um outro com o dinheiro do meu pai! Tanto, pensava ao colocá-lo misturado em cima da mesa...
Vai buscar um papel e lápis, ajuda-nos aqui. Fui, e comecei a anotar. Renda, água, luz, telefone,mercearia, etc, etc.
Mas olhem lá, estas contas já passaram a quantidade de dinheiro que está em cima da mesa!
Pois, vais ao Sr. Pereira, levas o role e diz que os pais pedem para ficar cem escudos por pagar para o mês que vem. Fui e vi-o fazer as operações para que o mês seguinte começasse logo à partida com cem escudos. No role pequeno tipo caderneta que transportávamos sempre que adquiríamos algo e num livro grosso, estreito com múltiplas folhas encabeçadas por nomes, um deles o do meu pai.
Ao regressar a casa, não me lembro se continuamos à mesa. Sei é que nunca mais falei em mesada ou semanada.Passei a estar imensamente feliz com o dinheirito que os meus familiares me davam ou eventualmente uns tostões que dos meus pais em momento de menos aperto ganhava.
Continuei a estudar latim à mesa do café com o meu amigo Martins. Uns dias bebia a "chinesa" outros bebia eu. O importante era fazer uma despesa que nos permitisse ocupar a mesa...
Aprendi a gerir o que tinha. O que não meu, não existia.
Os meus pais não eram detentores de curso algum!
E que lição recebi, que sabedoria tinham eles.
Na qualidade de pai procurei passar a mensagem. Estou satisfeito, entenderam, assumiram-na, os meus filhos.

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