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Mas quem sou eu mesmo? Nem eu sei se calhar. Em busca, permanentemente em busca!

sábado, maio 15

remar...


E vem a noite. Escura, ainda fria.

No negro projecto meus pensamentos,
faz-se luz.

Jurei a mim mesmo ver, ver para além.
E consigo.

Desligo os ruídos do dia. Desligo, não os apago.
Tenho esse poder, exerço-o.

Quem? O quê?
Selecciono.

Alcanço a Paz!

Tenho que passar palavra,
dar testemunho,

É POSSÌVEL!


terça-feira, maio 11

album (parte onze)

Aproximava-se o mês de férias. Passagem marcada, as noites tornavam-se longas os dias intermináveis.

Um ano hostil, um ano intensamente vivido que nem de completa adaptação conseguida. Perdera-se o estatuto de “periquito” mas não tempo suficiente para “velhinho” . Dizia-se a propósito que só no fim de uma comissão estávamos prontos para ela...

Este tempo de meia comissão era perigoso. Iniciava-se o abrandamento da vigilância, por vezes a cautela, os procedimentos motivados pelo impacto do desconhecido. Cometiam-se exageros como se o tempo decorrido proporcionasse uma maior defesa, a chamada experiência, uma potencial loucura em gestação...

Abriam-se as defesas, o início da saturação.

Alguns acidentes poderiam ser evitados...

De novo sentado no paiol das munições, uma vista ampla a toda a negritude, uma vastidão.

Preparado para fazer fogo, a equipa e o obus. Falava-se baixo, ouvia-se com os olhos...

Recordava os meus benditos primeiros sinais de paludismo, precisamente ali, naquela posição.

Olhava os buracos nas flechas do obus e sentia-me protegido pela sorte ou outra qualquer entidade.

Há sinais? Se calhar há. Não fora sentir-me indisposto subitamente e sair do meu posto e hoje o passado não seria narrado na primeira pessoa. E ali estavam a testemunhar o episódio, os buracos, os estilhaços no interior. Se é possível entender, se é possível uma relação de entre uma máquina fria e estúpida, creio que fiquei ligado àqueles “ferimentos” no aço. Não imaginaria que por diversas vezes transitaria de aquartelamento levando sempre o meu “companheiro”, transportando com ele a lembrança da “sorte” que um dia tive!

Dessa vez a minha equipa ainda ficara coesa, ainda era a mesma. As pessoas e a máquina!

Há muito que a minha “coragem” me obrigara a dormir no abrigo, mesmo ali ao lado do obus. Preferia a ter que percorrer a tabanca, quatro da manhã, negro negro, Walter na mão, bala na câmara, hoje nem sei bem para quê...

Foi nessa altura que dei atenção a alguém que me transmitiu, mais vale um cobarde vivo que um herói morto!!!

Depois, deixar a cama à pressa e correr quase debaixo de fogo, uma só vez me chegara. A mim e ao Conceição, meu companheiro de armas. Eu ainda enfiei as botas, calções, tronco nu. Ele, depois de um festim muito barulhento e medonho, contemplava em dor os pés em sangue, a adrenalina calçara-lhe palmilhas invisíveis, anestesiara-lhe cada vidro cravado, cada esfoladela. A guerra tem disso mesmo ao mais sensato e equilibrado.

Depois dessa experiência resolvi abdicar do post jantar batendo umas cartas, um convívio esporádico. A minha coragem convidava-me para a segurança se isso se pode chamar àqueles abrigos feitos de troncos de palmeira e terra, chapas de zinco. Mas sempre era melhor que a pobre chapa de zinco como tecto!

domingo, maio 2

os meus recantos...cores e aromas!




tropeço na cor, no contraste!



meus caminhos, recantos...


...em mudança

olhar e ver...






de surpresa em surpresa








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