Amanheceu fresco, o dia. Brumas no horizonte sobre o mar, manto suave moldando a serra em aconchego leve e alvo.
Envergonhado, ensonado, o sol espreita; espreguiça-se lentamente em luz, não calor ainda!
É o Outono que chega, de mansinho!
Pássaros saltitam de galho em galho penas levantadas, tiritando de frio. Sem alternativa, saltam, saltam saudosos das folhas que foram caindo, alheio à sua necessidade, o vento as levou, arrancou-as. Descobrem sementes esquecidas e mergulham, poucas.
E a natureza cumpre o seu ciclo. Longe vão os tempos de conforto, o aconchego das verdes folhas, o ondular dos dourados campos de trigo...a fartura.
Grasnam os corvos em voos planos, olhos atentos, sofregos. Partem bandos de aves.
Algumas não sabem onde ir, estão em bando. Partem!
Rastos de destruição de ventos fortes, castanhos vários quase vermelhos nas encostas de vinhas despojadas de fruto, desprendem-se em voo descontrolado. A paisagem é desoladora ou inspiradora, motivo de pinceis de artistas, imperceptível fonte de beleza melancólica, interiorizante, solitária.O chão recorta-se em tonalidades ocre, bronze, verde.
O Verão que parte ou o Outono que chega?
Há sempre que procurar o melhor ângulo, a perspectiva real.
Ver partir, ver chegar!
E sentir sempre o momento!