Acerca de mim

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Mas quem sou eu mesmo? Nem eu sei se calhar. Em busca, permanentemente em busca!

segunda-feira, dezembro 18

pensando alto!


Apesar desta confusão da época, o fim-de-semana passou-se com tranquilidade.
O acontecimento. O aniversário, o meu aniversário.
Aos amigos, em data natalícia, costumo perguntar-lhes o que fizeram para que mereçam parabéns.
Em jeito de balanço, este ano que passou, foi mais que um adicionar de dias, de meses totalizando mais um ano.
Muita coisa aconteceu este ano, e se calhar nos outros anos. Honestamente e sob o meu actual critério, outros houve que não mereci parabéns. Pouco fiz.
E fazer, por vezes não é mais que estar atento, disponível para deixar que os acontecimentos aconteçam.
Gerir com sabedoria. A sabedoria que nem é forçosamente adquirida em bancos de escola, academias de pomposos certificados e diplomas. A VIDA não certifica, não emite diplomas. É um exame permanente, em testemunho, uma aprendizagem permanente, um por à prova contínuo.
Escolher, a decisão das decisões! Este desafio, nem sempre fácil é, penso eu, o caminho para a tranquilidade interior, o estado de serenidade, almejado por todos. Claro que diferentes, tal como diferentes são todas as possibilidades de escolha.
E a beleza está nisso mesmo. Encontrarmo-nos num mesmo estádio, por caminhos diferentes, por escolhas diferentes.
Em ti, em mim, pistas não mais que isso. Nenhuma verdade, nenhuma solução. Busco-te, buscas-me, e em comunhão construímos nossos caminhos. Paralelos, coincidentes, antagónicos. Indicas-me caminhos para que possa ter a possibilidade de ESCOLHER recusando-os ou em neles encontrando outros.
Como dizia, este ano muito exercitei a capacidade de escolha.
E, calmamente, caminhos que foram tidos como certos, já não o são, por agora, escolho.
E tanta coisa que em tempos importante fora, já não é, porque escolho viver o presente.
Não sei se nesta escolha permanente faço sempre a melhor opção, poderão dizer-me. Mas que importa? Tenho sempre a faculdade de trocar, e essa é sempre e no momento a melhor escolha.
Façam o favor de ESCOLHER, neste momento, o melhor caminho para a felicidade. Não a minha, ou semelhante, igual em mim . A VOSSA!

sexta-feira, dezembro 8

...e não se pode exterminá-los?


Li recentemente que esta época é vivida de uma forma muito próxima da depressão, pelos povos.
Não me questionaram neste estudo mas posso assegurar-vos que sou mais um a contribuir para a estatística!
Ainda esta manhã, mal liguei o rádio fui informado que o Natal só pode ser com… (uma operadora de telemóveis).
Numa revista, a preocupação de me indicar qual o melhor oferta …(livros, música, filmes).
Um cartaz na rua informa-me que não necessito contar os cêntimos …(crédito imediato)
Um panfleto da senhora presidente de minha freguesia, como que comunicando algo de muito importante, apelava para que os munícipes instalassem luzes no exterior das suas habitações e as deixassem acesas… (em oposição às restrições do orçamento público).
Os hipermercados bem cedo começaram a fazer campanhas de descontos em determinados dias, a brinquedos de utilidade duvidosa…
O Televisão, a Rádio, os Jornais, os panfletos, as efémeras luzes das ruas, as montras, as músicas, são afluentes poluídos que desaguam neste leito enorme transbordante de oportunismo, hipocrisia, ausência de autenticidade. Até o nome já foi usurpado NATAL!
Bolas, quem resiste a este estado de (pressão)?

quarta-feira, dezembro 6

caminhos

Ao longo e para além da ESTRADA DA VIDA!!!

terça-feira, novembro 28

O vencedor

O fim-de-semana passado foi mais uma azáfama.
Colaborei com a minha presença e empenho na equipa dos transportes.
Depois, em tempo morto, não resisti ao apelo de um porta paletes. A música soava e iniciei uma valsa, tango, salsa, sei lá que mais, num movimento de entrega de rodopio louco com boxes de alimentos! Doido, inexplicável aquele frenesim! Só visto, sentido.
Bom, mas isso já foi demais publicitado.
O que quero aqui partilhar, é um pequeno episódio que acontece em circular a este evento.
Tinha estacionado a carrinha à porta de um supermercado, deixava-me embalar ao som de uma melodia no rádio, dando um pouco de descanso aos pés. Observava. Quatro escuteiros, dois jovens e duas crianças, abordavam os utentes do Supermercado acenando com os sacos da solidariedade, colhendo dádivas de sorrisos de arroz, feijão, leite e outros. Na alma, a camisola do banco alimentar. Visível, branca!
Um homem e uma criança não mais que seis anos aproximaram-se. A medo, o miúdo. Reparei nas meias. Escoteiro também. Deslocava-se com dificuldade, um rosto “diferente”.
O homem, pai de certeza, falou-lhe ao ouvido. Apontou os outros meninos. Que sim, acenou com a cabeça. Fugiu do meu ângulo de visão.
Dois minutos mais tarde, surgiu “um gigante” Uma camisola em cima dos ombros, descaída até os joelhos! Imensa, como imensos e cúmplices foram os sorrisos de pai e filho! E ficou!
Olhou para mim e sorriu-me ao passar. É meu filho, disse-o sem proferir palavra. Acenei-lhe em silêncio, discretamente.
Será mensurável aquele amor? O ter-se filhos “diferentes” torna-nos pais diferentes?
E o GIGANTE continuou a distribuir sacos. Não lhe ouvia palavra, mas o que me chegou foi suficiente para me decidir escrever.
Ainda hoje guardo a imagem.
Foi um episódio paralelo à recolha de alimentos do Banco Alimentar. Foi igualmente uma recolha de afecto pelo menos para mim.

quarta-feira, novembro 22

Túnel de Luz

Viagem
(de) (na) LUZ

terça-feira, novembro 14

Transporte no tempo!


Sabem, daqueles dias em que nada no rádio do carro nos satisfaz? Pois, no fim-de-semana, mudava de estação com frenesim, quando a dado momento quase como um clique em minha cabeça, minha atenção e ouvidos se focalizaram numa conversa que decorria no estúdio.
Alguém com casa no Portugal profundo, casa com história de rejeição, de supressão de tabuleta de venda, após afixação de quinze anos. Aquelas que existem e que passam despercebidas. Só as descobrem quem anda mesmo empenhado em algo de “diferente” no enquadramento de vidas na paisagem, na “CASA”.
Bom, isso não importa, para agora.
Falavam de memórias, de vivências, e a dado momento de absorção de sentimentos e leituras.
MEU PÉ DE LARANJA LIMA – Toque, notas mágicas de uma quase Flauta. Não é que num ápice regredi 20 e tantos anos? E que intensidade, Deus meu. Senti um gostoso saborear de ternura, um manjar de emoções, um sorriso simples, um sorriso leve e intenso como só se consegue com o que nos dá mesmo prazer.
O Zézé, o pé de Laranja Lima seu confidente, o crescer, a violência da ausência da ternura, um ver a solidão. O portuga, seu amigo!
Foi como se voltasse a encontrar um velho amigo.
E, sabem, este reencontro deu-me imensa alegria.
Apesar de tudo, ainda consigo embarcar numa caravela de fantasia, inventar um mundo!
E na sequência também me lembrei de ROSINHA MINHA CANOA.
Gostei de viver, com uma nova objectiva este mundo maravilhoso.
E sorri.
Sinto-me bem!

segunda-feira, novembro 6

o último, o das 7:23


É o último, o das 7.23, ouvi uma voz forte anunciar.
Olhei. À minha frente, brilhante, levemente ouro velho, estendia-se como um tapete. Não mais de dois metros de largura, ladeado por cinzento-escuro prata, ligeira agitação por brisa provocada. Mas tem também o seu encanto, olhar o Tejo assim. A água está menos azul, (forma delicada de chamar suja). Mas, que esperaria de um começo de dia, onde despejados durante a noite as mágoas, as fealdades, as águas lavaram a cidade
E vinha até mim. Apelativo. Desviei-me à esquerda cinco metros e como ponteiro de bússola, a direcção foi corrigida; dez à direita e de novo a correcção!
Não havia dúvida, aquele convite era-me dirigido.
Ao fundo um negro continuado das margens rochosas às densas nuvens carregadas de uma chuva promissora para o dia. Dum foco esforçado e filtrado, proveniente do ausente Sol, a razão daquele tapete mágico.
Deslumbrado, hipnoticamente preso, senti-me seduzido.
É o último, o das 7.23, de novo a voz!
Abandonei-me, entreguei-me
Meus olhos presenciaram suave, tranquilo meu espírito embarcar no das 7:23!
Breve, calma, serenamente apagou-se na água, o caminho espelho.
O meu corpo ficou na margem. Os meus olhos puderam ver-me tranquilamente percorrendo o tapete que se diluiu à medida que avancei.
Não, ninguém viu esta estrada, nunca ninguém nela viajou! É minha, só os meus olhos a viram, em imagem permanece gravada.
E a tranquilidade também!

quinta-feira, novembro 2

Desabafo



Novembro, indica o calendário.
Todos os anos este movimento, esta azáfama à volta do culto dos mortos, me revolta.
Estabelecem-se padrões, impõem-se regras de comportamento restritamente para a ocasião.
Joga-se com sentimentos, exploram-se fragilidades emocionais, incentivam-se comportamentos conducentes à culpa!
Já repararam que, especialmente neste dia, todos quantos morreram são queridos, insubstituíveis, amantíssimos?
E marcham os convictos e seguem-nos os que de aparência vivem, enfileiram-se os que em convicção anual, em troca de uma flor na campa de ausência, branqueiam esquecimentos durante a presença.
Fosse esta máquina de promoção aplicada pelo respeito, pelo afecto enquanto vida e o negro e choroso dia institucionalizado perderia significado, na ode da VIDA.
No dia a dia cruzo-me com os vivos, com os “meus” mortos. São os sorrisos, as atitudes, os prazeres, os locais, os momentos. Vivo-os com os presentes em partilha, recordo-os com os ausentes.
Mas não especialmente neste dia .
Irrita-me este misto de franqueza, hipocrisia.
Irrita-me esta exploração mercantilista. Esta e tantas outras!
Como seria bom a troca de uma pétala na morte, por um simples afecto, em vida. E tantos que não damos, distraidamente, demasiado ocupados, por vezes tardiamente ocupados!
Mesmo correndo o risco de ser cruel, interpreto esta histeria colectiva de uma forma original.
Cada um, e são muitos, ao depositar uma flor na campa devia dizer de uma forma sonora:
Aqui estão estas flores para que em cada uma vejas a quantidade correspondente de carinho que não te demos em vida.
Até para o ano!!!

quinta-feira, outubro 26

Visto, vivido, captado!

Na imensidão a alma em núvem se transforma, sem espartilho, ora densa ora ténue, e voa em rasto de azul!

sexta-feira, outubro 13

olhar...para VER, Encontrar!

Paz, tranquilidade, beleza!
(foto "roubada" à minha amiga Mª José)

segunda-feira, outubro 9

distraídos?

Quero manter os meus óculos escuros, aqueles que suavizam a agressividade da luminosidade intensa, reavivam os contrastes, os azuis, permitem quase uma percepção três dimensões do imenso céu.
Quero mantê-los e olhar para onde me apetecer sem vergonha de alma, denunciadora em meus olhos.E que bom uns artefactos semelhantes para os ouvidos!
Tanta, mas tanta dor silenciosa, sem sexo, sem idade!
Dor encoberta, envergonhada, sentida, disfarçada!
Tanta, mas tanta mão estendida em súplica de socorro surdo,
Tanto que fazer e quase nada poder.
Será mesmo?

Em silêncio, em comunhão, acertando o passo, sem crítica, sem soluções, partilhando dores, suavizando acres palavras, atentos, mantenhamo-nos atentos e solidários, escutemos!

domingo, outubro 1

segredo

E estava a chover!
O dia cinzento, a alma sombria…

E veio o Sol!
E o azul deixou-se ver em sorriso!
E uma nuvem alva deslizou em silêncio de algodão!
E um pássaro segredou-me,
Vou mas volto...,
na Primavera.

segunda-feira, setembro 25

Talentos

Esta coisa de talentos, tem muito que se lhe diga. Todos temos os nossos, alguns já a descoberto e assumidos, outros ainda em insinuação, não solidificados.
Mas temos, lá isso, temos.
Por falta de oportunidade em deixarmos transparecer ou por não acreditarmos neles, essencialmente por serem nossos, não só não os valorizamos, como até os depreciamos, vulgarizamo-los.
E um dia, uma ocasião, alguém os descobre, aponta-os, faz-nos sentir especiais.
E valorizam-nos!
E até duvidamos!
E até olhamos para o lado a ver a quem se referem…
E por momentos convencemo-nos.
Que me descobriram em mim?
Acho que um é unir pontas, reparar roturas, provocar sorrisos!
Gosto.
E porque não havia de gostar?

terça-feira, setembro 19

e há tanto por aí...

“Burro velho não aprende latim” escreveu a Teresa, no seu primeiro Email. Escreveu e chamou-me, antes de enviar. É assim professor, “nã éi”?
No rosto um sorriso “malandreco”, um brilho no olho de Algarvia de duas gemas, escuro, sarraceno!
Mas o que é que quer que eu diga, que é assim que se manda, ou que burro velho…
O sorriso desmanchou-se em gargalhada.
Pois, estas minhas meninas dos sessentas e muitos e setentas quase oitenta…sabem muito!
Aqui é o Algarve em cantarolar ainda não esquecido, ali Trá-os-Montes duro e sofrido.
Viajo, em experiências. Absorvo conhecimentos, divirto-me!

quinta-feira, setembro 14

Bom dia

Na maior parte das vezes, estes cantinhos na net, são depositários de emoções do momento, dos momentos. Enviam-se mensagens mais ou menos encapsuladas,reportam-se estados de espirito, imprimem-se indignações, manifestam-se extases, retratam-se emoções, em suma...desnudam-se almas!
Uma não presença que não ausência forçosamente, aqui ou aí nos vossos "domínios" tem tantas justificações, cada uma forte, cada um com a sua. E pertinente.
Não tenho tido tempo!
Esta é a minha justificação.
Os dias têm sido vividos intensamente, as horas fluem, estou desconfiado que andam a roubar minutos. (continuarão a ter 60?)
Chegaram as primeiras chuvas. Fortes, intensas, contrariedade para os espíritos ainda em veraneio, gulosos ombros chocolate, olhos mar.
É o ciclo da natureza, da vida.
Sinto-me vivo, provocador, incomodativamente tranquilo.
Partilho, (sempre este verbo de eleição) um sorriso convosco.
Um bom dia!

terça-feira, setembro 5

eterna aprendizagem!


Revolta, indignação, raiva.
Ontem uma pessoa próxima, foi assaltada, em plena rua. Os meliantes, dois, não importa se brancos ou negros, amarelos ou castanhos. Isso é tema de uma outra conversa, muitas conversas.
Crápulas. Aproximaram-se vindos não se sabe de onde, num acto de pura violência, atiraram ao chão como se um saco fosse, sacaram o telemóvel, a carteira…
A dor, mais na alma que no corpo, o medo, um grito mudo, uma revolta em lágrimas expressa.
Está a ficar assim, este cantinho. Alarmante, galopantemente alarmante!
Para comunicar à Polícia, quatro horas no total, diluídas também em espera. E fala, e repete e narra e reafirma e diz que não e diz que sim, e…e …e!

E são nestes momentos que nos apetece usar um taco de basebol!
E são nestes momentos que não nos apetece contrariar a nossa cegueira!
E são estes momentos que nos sentimos impotentes, vazios, desprotegidos, sós.


Mas felizmente há uma diferença! NÓS e eles.
E também são estes momentos que nos despertam para a vida.
E também são estes momentos que nos permitem a descoberta dos nossos limites, mais além.
E também são estes momentos que nos fazem exercitar o “DOM” de ajudar a gerir as adversidades. Sem menosprezo. Com respeito! Em silêncios de Ouro.

O importante não é deixar de ter um mau momento. Ele faz parte da viagem chamada vida.
O importante é trabalhar as capacidades de gestão. O QUE FAÇO COM ESTE MAU MOMENTO?
Aprendizagem, eterna aprendizagem.

terça-feira, agosto 29

Para ti Lua de Prata

Filha, menina, confidente, dócil, frágil, cúmplice, guerreira, advogada, amante, companheira, mãe!
Menina, confidente, dócil, frágil, cúmplice, guerreira, advogada, amante, companheira, mãe!
Confidente, dócil, frágil, cúmplice, guerreira, advogada, amante, companheira, mãe!
Dócil, frágil, cúmplice, guerreira, advogada, amante, companheira, mãe!
Frágil, cúmplice, guerreira, advogada, amante, companheira, mãe!
Cúmplice, guerreira, advogada, amante, companheira, mãe!
Guerreira, advogada, amante, companheira, mãe!
Advogada, amante, companheira, mãe!
Amante, companheira, mãe!
Companheira, mãe!
MÃE
M U L H E R!

segunda-feira, agosto 28

João

João, chamemo-lhe assim.
Setenta e dois anos de vida, um rol de vivências acumuladas, experiências conseguidas e outras menos.

Rosto esguio, tez queimada em jornas sem horário, corpo franzino, olho vivo de um brilhosinho permanente, sorriso envergonhado mas franco.
Mãos calejadas de cabos de alfaia, rudes, enormes de construtor de mundos, gentis em gesto e dádiva.


“Parei pela vida. Não estudei mais, mas importei outras coisas.”

E importou mesmo! É um HOMEM, tenho o privilégio de o conhecer.

quarta-feira, agosto 23

Telemóvel, telemóveis...

Despertei. Quase mecânico, um olhar.
Não, não havia mensagens, uma vez mais o telemóvel não tocara durante a noite.
Permanece ligado, como vem acontecendo noites e noites, há anos.
No visor, um só registo – silêncio. Registo acumulado de muitas e muitas noites.
Tomei-o em minha mão, um olhar ainda não desperto.
Nomes, lista…
Muitos, tantos…
Quem?
Este já nem sei, … lixo…outro, para que mantenho este? Lixo!
Grupos, uhm... sem grupo, família, vip, amigos, emprego, outros.
Percorro a lista, percorro as pessoas!
A, amigo, sem dúvida. M, pois…L, talvez…ali. X , não sei bem..K , sim pode ficar aqui.
Revendo.
Também encontrei dificuldade em colocar neste “grupo AMIGOS” muitos nomes. São poucos. Bons, certamente.
E o meu, o meu nome em que grupo estará inserido, em portadores do meu número de telefone?
No mínimo, gostaria de ser tecla rápida… (desejo!)
Não em muitos. Em alguns, bons!

sexta-feira, agosto 18

encontros...felizmente passados

(clique na imagem)

Intenso...enquanto vivido!

terça-feira, agosto 15

Dar, receber, partilhar...

É isso. Ultimamente tenho meditado muito no sentido destas simples palavras.
Claro que se pode ficar pelo significado literal, e pronto. Ou quem dá acha que sim, quem recebe acha que sim, quem partilha acha que sim,
E acaba-se a discussão.
Mas eu hoje quero discussão.
Direi que dar e receber é acção direccional. Partilhar é bidereccional.
Há quem se sinta bem em dar, dar o que tem...em excesso, mecanicamente. Há quem se sinta bem em receber, receber o que não tem. E há quem, dando e recebendo o faz como partilha. Não os excedentes, não os deficits.
Para este último grupo, é preciso mais que TER! É urgente que se SEJA, mais que se tenha.
Neste momento deixo-me seduzir pelo percurso desta viagem plena. Plena em emoção, descoberta, em Paz. Ensaio o caminho.
Cresço, adquiro riqueza, tranquilidade.
Dos meus, tempos, bens, prazeres, sonhos, medos e vivências, abdico um pouco em troca com outros tempos, bens, prazeres, sonhos, medos e vivências. Recebo, entrego-me. PARTILHO..
E sinto-me bem. Invejosamente bem!

Ps. TER, simplesmente TER?
Não me seduz a ideia de beleza de uma morte com a boca cheia de moedas!

segunda-feira, agosto 7

quinta-feira, agosto 3

Que bem se respira aqui....

De cinzento plúmbeo, aqui e ali, lâminas de prata reflectindo uma lágrima da Lua em despedida da noite, o Tejo deslizava sossegado, espreguiçando quando possível ao longo da margem, tantos segredos e cumplicidades acarretando. De braços abertos de imenso, o mar envolvendo-o deixava de ser um, para de dois em um só transformar-se. Afecto, quero que seja isso. Não? Mas se fui eu que vi, quem me pode desmentir?
Um iate deixa-se embalar numa ânsia de partida, indolente, mas decidido. Solitário, navegador solitário em busca de reconciliação. Apreensivo mas desejoso de iniciar novas rotas, descobrir, sentir novos sentires, desafiar o seu limite. Vi-lhe o brilho dos olhos quase como dois pequenos faróis. Exagero? Quem quiser não acredite!
Em sentido contrário, negro, enormemente imponente, desgastado por não sei quantas vagas vencidas, sulcadas em matiz de branco espuma, um porta contentores. Dezenas de homens, fato-macaco laranja pôr de sol, emprestavam um colorido ao cenário. Sorrisos, sôfregos olhares saciados nas colinas da majestosa Lisboa, ainda adormecida. Sonhos, planos, sonos reparadores não embalados, por meia dúzia de dias.
Uns chegam, outros partem.
Uns partem porque querem chegar.
Outros chegam desejando partir.
Para estes uns braços que se estendem. Para outros, braços que se abrem.
Em uma estrela, algures, o elo, a LUZ .Dá-se, recebe-se.
Vi, senti, respirei e fui confidente.
O Sol, quando se apercebeu, tudo já se tinha passado.
Talvez amanhã!

sábado, julho 29

episódio!

Comprei o jornal e um novo livro.
- É para oferta? Perguntou-me a moça detrás do balcão, estendendo a mão para os coloridos papéis de embrulho.
Em minha cabeça um flash, um súbito prazer de provocar um sorriso.
- Sim, disse eu, é para oferecer à pessoa que mais gosto. Pessoa especial, acrescentei.
Um olhar, um brilhozinho de olho quase cúmplice, gosta deste papel, perguntou?
Imaginei o gozo que seria deixá-la empenhar-se na feitura de um belo embrulho, deixá-la divagar numa “historinha “ enquanto seus dedos em movimentos ágeis envolviam o volume, …pagar, tomar em minhas mãos o embrulho e rasgar ali mesmo o papel, simulando uma surpresa!
- Não, não quero papel algum. Quero tal como se apresenta a capa, o conteúdo. Esse livro. É uma oferta. De mim para mim. Escolhi-o, quero-o mereço-o!
Olhou-me surpresa, e sorriu. Pela manhã, à abertura da loja, um cliente, eu, deixara-lhe o rastilho de uma boa disposição para o dia.

PS. O livro? Um volume mais, de um dos autores que me têm acompanhado num caminhar de descoberta, solidificação e reencontros.
Um autor que argumenta com um certo cunho “científico” teses de práticas já por mim experimentadas. – Jorge Bucay

sexta-feira, julho 21

"coincidências"

Descia a rua, descontraído, caminhava junto ao gradeamento do Hospital Psiquiátrico. Súbito, “Olhe, deve afastar-se das grades pois às vezes há doentes que agridem os transeuntes!”
Agradeceu. Afastou-se e continuou. Curioso aquele aviso, pensou.
Percorridos talvez 20 metros, sentiu uma forte bofetada. Olhou surpreso! Do outro lado do gradeamento, o homem olhava-o. O mesmo!
“Eu não lhe disse que deve afastar-se do gradeamento?”

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A astróloga, bruxa ou afim dissera-lhe “10 anos”
Conheceu, relacionou-se, gostou, amou, …afastou-se!
Não, a diferença não era 10 anos!
Conheceu, relacionou-se... 10 anos finalmente. Tolerou, manteve!
Sorrio.
Nestas histórias, os mesmos personagens. As bruxas, as predições, os transeuntes ao acaso, os “doidos”, as bofetadas.
E as vidas continuam. Que vida? Sei lá.
Para alguns aquela que desejam que aconteça, pois alguém lhes disse que devia acontecer!
E haverá sempre quem prefira o prazer da surpresa das coisas que sucedem, o bom da descoberta, em detrimento do “pré-parado” , como há dias vi escrito.

quarta-feira, julho 12

definitivamente, NÃO

Foi-se o ontem, nem quero vivê-lo hoje. Nem quero, nem posso. Deixou de existir.
Foi belo o ontem, enquanto hoje, vivido intensamente em partilha. Mas já não é. Foi-se.
Porquê também a angústia do que ainda não é, a antecipação de um não existir, o amanhã?
Quando for O HOJE...vivê-lo-ei. De certeza!
Enquadro em minha objectiva, foco, afiro distâncias, perto ou mais longe, escolho o ângulo, confiro a luz, brilhante ou sombrio, "AGORA" é o momento de captação. Desfruto, gozo-o.
Ocupado ou quase preocupado com o que ainda não existe, ou já foi, distraído, desconcentrado, lamentavelmente deixo o "MOMENTO" esgueirar-se em movimento de areia entre os dedos, para o arquivo dos "lixos afectivos"
Mas lixos, não mais vividos, nem reciclados!

terça-feira, julho 4

que tédio!

Faço um esforço. Faço um esforço para aguentar tanto radicalismo, tantas certezas, tão pouca tolerância, às ideias, às diferenças, às pessoas.

Bolas!
Na mesma semana integrei-me em grupos de trabalho, de reflexão, de lazer.
Sendo o mesmo, como poderei parecer tão diferente, quase me sentir estúpido, “normal” ou até iluminado, consoante o núcleo?
Bolas, bolas outra vez!
Doutas sentenças que de Cátedra proferidas, pretendem atirar ao tapete. Distâncias de conceitos, quadrados, rígidos…técnica, técnica, técnica!

E o espaço para o EU, para o SER?
Há pessoas que vetam a possibilidade de existência para além das suas paredes, das suas regras.
Só eles existem.
Eles e um comum e reles umbigo, acrescento.
VÓMITO!

sexta-feira, junho 23

adeus Zé!


Gosto do amanhecer, na rua.
Cada dia que nasce, uma intensa e imensa energia emerge e com ela sinto-me renascer, na Luz, depois no Sol!
Tomei como rotina diária a busca de um equilíbrio físico e emocional, caminhando cerca de hora e meia. Caminho, não corro. Ao longo da caminhada sou desperto pelo voo imprevisto de um pássaro, deixo-me embalar nos braços de perfiladas árvores, esguias, de um verde compacto moldado em harmonioso compasso por uma brisa. Espreguiçam os olhos em relvado listados por trabalhos inacabados de “roçadoras”, alternado por verdes de várias plantas.
No ar, cheiros; amontoados de ervas daninhas, relva cortada; terra molhada; flores; a fresca brisa da manhã.
Vida!
Ontem tive conhecimento da morte de um tio. Triste notícia.
A morte, a definitiva ausência física de alguém!
Costuma-se dizer que só para a morte não há solução. E quando ela é solução!
Adeus Zé, libertaste-nos do teu sofrimento.
Nós, de quem gostavas tanto, nós, que tanto gostámos de ti, continuaremos a entoar o cântico que tanto apreciavas, o da VIDA, desta vez em memória
.

terça-feira, junho 13

Recordando!

E eu fui lá.
Procurei estar cedo, fora de grandes confusões de transporte, sem grandes movimentos de massa, até porque não me sinto bem nas multidões.
Cheguei à boca do metro, estação de Arroios duas horas antes da hora prevista. Já muitas bandeiras, já algum movimento. O trânsito fluía e perfilavam-se ao longo da rua, militantes, não era difícil identificá-los, e outros como eu, procurando o passeio ensombrado pelas casas. A temperatura não era sufocante mas o sol escaldava.
Caminhei ao longo da rua cerca de duzentos metros e numa esquina de uma rua transversal apoiei-me numa placa indicadora de trânsito. Estaria menos envolvido pela multidão, pensei. Engano, bastaram 10 minutos para que me sentisse completamente encastrado tal como uma ilha no mar, um mar de gente. E vozes, e contos, e recordações. Estava sozinho e bebia aqui ou ali os temas de conversa. Recordações, vivências, testemunhos ou simplesmente palavras. Velhos, muitos, é verdade. Mas menos velhos como eu que ainda não conseguem recordar com aquela intensidade, ou simplesmente muitos daquela geração onde o cinzento prateado já vai aparecendo aqui ali num fio de cabelo ou barba. E jovens, que os teria levado a estar presentes? Os familiares, a militância ou simplesmente a sedução de, tal como eu, participação activa de um episódio de história? Não sei, mas independente da dúvida, estavam muitos.
Confesso que nunca tinha estado entre tantas pessoas, aliás tenho uma certa fobia da multidão. Mas não podia deixar de estar presente, também se me sentisse mal, podia retirar-me rapidamente por uma das ruas laterais.
E o movimento aumentou. E começou a polícia a ensaiar operações para primeiro disciplinar o trânsito, depois limitando a circulação, para finalmente cortá-lo por completo. E chegava cada vez mais gente e pouco a pouco os passeios transformaram-se em molduras humanas, compactas, coloridas. E as janelas iam-se abrindo, assolavam cabeças e também às varandas residentes ocupavam lugar privilegiado de observação. Uma bandeira aqui, um pano ali, vermelho pois claro.
Começaram-se a esticar os pescoços no sentido da Praça. Já chegou, ouviu-se. Sim, estou a ver umas luzes intermitentes lá em baixo e um carro funerário.
De súbito, como uma gigantesca onda a multidão caminhava pelo alcatrão. As palmas, os gritos de ordem e as cantigas ecoaram desencontrados, provocando um movimento quase conflituoso, assimétrico, imenso, intimidador.
Passa por mim o carro funerário e sem me aperceber subitamente sou envolto por uma multidão em movimento. Momento de pânico, agarro-me firme e ansiosamente ao ferro da placa. PCP...tatata..Cunhal....Grândola Vila.....Avante....tatata...amigo, PC ...la Morena...ta ta. migo...Camarada.....tatata...e como uma onda em movimento os sons ecoam distantes ou próximos, enérgicos ou suaves, harmoniosos ou com vigor. Arrepiante!
Olho a multidão que desfila, e a meus olhos, algumas figuras conhecidas da praça pública diluídas naquele bloco caminhante compacto. E há punhos no ar, e cravos, e olhos lacrimejantes, e rostos fechados e olhares respeitosa e solidariamente ausentes.
Petrificado, procurando absorver o mais que pudesse do momento, mantive-me até ao fim. E nunca mais acabava, o rio humano rumava ao Alto.
E as vozes...e as cantigas..., as palmas..., e as palavras de ordem, e as vozes...as cantigas....as palmas....e as palavras de ordem, e as vozes...as cantigas....
À noite, já em casa, balançava como se acabasse de alcançar terra após uma viagem de barco e ouvia lá ao fundo o murmúrio da onda!
Eu estive lá, e não me arrependo!
Junho/2005-06-16
AF

segunda-feira, junho 12

com os meus botões...

Claro que quando se vive, ou se quer viver, não se anda com um sorriso permanente desenhado nos lábios, não é óbvio que se ande de bola vermelha no nariz!
E há muito que nos constrange, nos oprime, se aloja num cantinho da nossa mente reservada à suspeição, nos perturba, nos inquieta.
Claro que tropeçamos dia a dia com a tristeza,
a fealdade,
a injustiça,
arrastamos bem definidos fragmentos de memória,
fingimentos,
frustrações,
amores secretos rejeitados, segredos…
Mas também há o sorriso, o gesto, o dar, o receber, as bênçãos, os amanhãs que se realizam em cada minuto.
Memória, memórias…

É um todo. Diversificado, mais ou menos intenso, mas pessoal. É o que permite ser diferente, o que permite ser identificador.
Gostar, gostar de, indiferente de receitas, de proibições ou mesmo de retorno. Gostar em público, em segredo, assumir desafios mais que com terceiros, connosco mesmos.
E desejar, desejar sempre sem tempo, sem limites.
Auto estima? É pouco. Goste-se, goste-se mesmo sem falsas restrições. E assuma-se.
Feio? Pois serei o mais belo, mais perfeito feio.
E serei eu, baixo, alto, gordo, magro, louro, moreno.
E sou eu!
Claro que quando se vive, ou se quer viver, não se anda com um sorriso permanente desenhado nos lábios, não é óbvio que se ande de bola vermelha no nariz!
Mas há que permitir abrir o coração e deixar que a alegria nos toque, nos beije nem que acidental seja, goste, repita e volte sempre!

terça-feira, junho 6

pessoal



Ontem, 1ª segunda-feira do mês teve lugar mais um jantar de Madeirenses, em Lisboa. Este evento há já algum tempo que se realiza mas só agora é que participo.
Curioso este envolvimento, o olhar nos olhos que só em alguns se identifica. Diferentes, vividos, chamas que se reacendem. E surge o calor. À volta de uma outra bica, o retomar de uma conversa interrompida há dez, vinte ou trinta anos.
E nada se perdeu, um só espera aí…diz lá!
Nas palavras avidez, no ar mística amizade, aquela genuína, intemporal.
Estes encontros gastronómicos servem de pretexto para evocar fatias de história, onde alguns foram protagonistas. Testemunhos, vivências que se transmitem.
O deste jantar, foi a experiência há muitos anos de uma escola sem paredes, sem edifício, na Ribeira Brava. O testemunho foi passado pelo hoje conceituado escultor Francisco Simões, então director da escola.
E dei comigo a pensar o quão gratificante deve ser participar na História, de uma forma tão intensa, não espectador, não figurante, mas actor.
E quanto podemos envolvermo-nos directamente na Vida!
E quanto nos acomodamos e deixamos a Vida passar por nós!
E quanto de uma forma conformada nos limitamos a somar anos à Vida!
E quanto quase nos envergonhamos de sonhar!
E que medos temos na partilha!
E quanto nos isolamos!
E quanto temos dificuldade em ceder!
E quanta irracionalidade!
E tanto que temos a aprender uns com os outros!

Gostei do convívio de ontem. Gostei de rever Pessoas. Gostei do que me fez meditar esse todo.

quarta-feira, maio 31

ali, ao virar da esquina...

- E acha que consigo aprender?
Perguntou-me em tímida voz, olho brilhante de ansiedade.
Sorri!
A mão pequena, não sei se afagava o rato ou se entendia que deveria prendê-lo, não fosse ele fugir…
- Eu já vou escrevendo o meu nome…as teclas, descobrir as letras e juntá-las …é que ainda é problema. Mas acha que consigo, não consigo?
Insistia com um sorriso leve e aquele brilhozinho no olho.
- Em casa não tenho computador. É mais difícil aprender só aqui nas aulas, sr.professor.
Não me contive mais. A minha resposta, seria decisiva para saciar aquela ânsia de aprendizagem mista de dúvida.
- Claro que sim, Maria, não serão os seus 72 anos que a vão impedir de aprender. Hoje um pouco, amanhã outro mais!
Guardo no meu baú aquele olhar doce, grato, vivo.
Uma jóia. Preciosa. Bela.
Tenho-a.
Sou mais rico.

quinta-feira, maio 25

VIVER!

Uma questão de aferição. Nesta etapa de vida, avalio as vivências, positivas + (mais), e positivas – (menos).
Mesmos as pessoas, aquelas que comigo jogam ou jogaram o desafio da vida, são + ou –.
Tudo é aquisição, tudo é “vida” que se acrescenta à VIDA.
Sinto-me grato aos momentos, pessoas (+) que me fazem sorrir, que me fazem sentir PESSOA.
Dos outros, os (-) colho o ensinamento, procuro adquirir sabedoria,não para os evitar, mas para fortalecer as minhas resistências e superar todos os que irão inevitavelmente surgir daqui a pouco, amanhã, num futuro.
E creio que se estabelece um equilíbrio.
A beleza e cumplicidade de uma noite estrelada não seria tanta, se não existisse o fundo índigo, negro do céu.
E a dor, a física ou emocional? Não é na presença dela que apreciamos o quanto é bom não a sentirmos? E mesmo nesses momentos, não se adquire algumas experiências (+) ou (-) que se acrescentam à vida?
Viver, viver, acrescentar sempre uma nova vivência. Experimentar, sentirmo-nos abertos, receptivos. Observar, sentir! Positivo + ou positivo –, que importa?
Viver intensamente!

segunda-feira, maio 22

Porque hoje é segunda –feira...

Esta noite enviei-te um fio de prata da Lua, que o sonho fosse iluminado...
De manhã uma réstia de sol que em abraço te aquecesse o corpo,
Um beijo, uma chama que te confortasse o coração....
Em espírito, cromáticos pigmentos de um azul celestial relaxante,
Envolvi tua alma.

Porque hoje é segunda-feira!

terça-feira, maio 16

você é...

Nestes tempos próximos, em busca de uma comunhão espiritual comigo, com os outros, com o mundo, cruzo-me com novos rostos, novos sentires, companheiros desta viagem que é a vida . Há dias, alguém que estou conhecendo, fez-me chegar o texto que reproduzo. Anónimo, disse-me. Até pode ser conhecido. Não deixa de ser belo! Partilho-o
Leia-se, divulgue-se, assuma-se!


Você e forte
Quando pega as suas mágoas e ensina a sorrir.
Você é corajoso
Quando supera o seu temor e ajuda os outros a fazer o mesmo.
Você é feliz
Quando vê uma flor e se sente abençoado.
Você é amoroso
Quando a sua própria dor não o torna cego para a dor dos outros.
Você é sábio
Quando conhece os limites da sua sabedoria.
Você é verdadeiro
Quando admite que há vezes em que se engana.
Você está vivo
Quando a esperança do amanhã significa mais para si do que o erro de ontem.
Você é livre
Quando tem o controlo de si mesmo e não deseja controlar os outros.
Você é honrado
Quando descobre que a sua honra é honrar os outros.
Você é generoso
Quando pode receber tão docemente quanto pode dar.
Você é humilde
Quando não sabe como pode ser humilhado
Você é atencioso
Quando me vê exactamente como sou e me trata exactamente como você é.
Você é misericordioso
Quando perdoa nos outros as faltas que condena em si mesmo.
Você é belo
Quando não precisa que um espelho lho conte.
Você é rico
Quando nunca precisa mais do que o que tem.
Você é você
Quando está em paz com quem você não é.

segunda-feira, maio 8

Vestir a camisola!

Este fim de semana passei-me e vesti a camisola. Não literalmente, mas mesmo. A camisola do Banco Alimentar, integrado numa equipa de transportes.
Estou estourado, de rastos. Dois dias numa azáfama desde as nove horas até madrugada. Estourado fisicamente mas com a minha força anímica carregadinha!
No sábado, em trajectos pela marginal, feito formiguinha, de furgão repleto de bagos de afectos, grãos de generosidades, néctares de partilha, o Sol dividia o seu afago acolhedor entre os corpos em ânsia de “bronze” e o espírito dos que como eu, caminhavam em sua missão.
Ao fim do dia, quando o sol empoleirado ainda numa nuvem tipo castelo, forte, brandamente alanjado, vi-lhe um sorriso.(garanto-vos)
Estou numa de adição de novas vivências, descoberta de novas experiências onde disso possa colher uma paz interior, uma aquisição de equilíbrio.
E consegui-o, uma vez mais com a minha participação nesta campanha do Banco Alimentar.
Na sede, deslumbrei-me com a massa anónima, culturalmente anónima, nominalmente anónima num movimento de generosidade constante, num bulício aparentemente desgovernado, caminhando para um objectivo comum.
Indescritível a azáfama que envolve a chegada dos produtos, a pesagem, separação, empacotamento e armazenagem.
Rendi-me. Seduziu-me este novo estar dentro!
De qualquer modo, descrever o quadro é limitativo. É preciso ser grão da aguarela, um pouco da tela, pigmento, para “SENTIR” na interioridade o cenário.
Para a próxima, lá estarei!

segunda-feira, abril 24

Hoje (estado de alma)

Sentir,
Sentir-me porto de abrigo,
Água que sacia a sede,
Panaceia para um mal…
Sentir-me grande no meu limite,
Na confidência,
Na cumplicidade.
Sentir,
Sentir-me farol,
pilar,
refúgio,
rochedo.
Sentir,
Sentir-me hoje, tecelão de desfiados fios de ontem,
Teias de desejos de amanhã,
Em mesclado de esperança.

quinta-feira, abril 13

livros, ideias

Tenho andado a “navegar” pelo SUL do Miguel Sousa Tavares.
Com este tempo, a luminosidade dos dias, não tenho dificuldade em apontar a minha objectiva e focá-la nos cenários. Outros, descobrindo, redescobrindo, criando apetências. Nada se repete, sei. E os meus olhos não são os dele. E as raízes culturais, os filtros naturais de uma personalidade. De qualquer forma viajo. Viajo em espírito e sinto as vivências.

Estive fora. A mesa de cabeceira era outra. O SUL ficou!
Tenho por hábito, por vício, por prazer, passar o olhar em letras, antes de adormecer.
Um livro, um livro!
Tropecei em alguns. Gostei particularmente do título deste. A ESPERANÇA! O escritor, Francesco Alberoni.
Primeiro em diagonal, a capa, a contracapa um desfolhar rápido. Sou capaz de me concentrar. Gosto de escritas activas, daquelas que me permitam interpelar, discordar, identificar-me. Vou lendo.
De fácil leitura, este livro. Facilmente se folheia e se alcança as ideias, se avança nas páginas.
Partilho. Se puderem, quiserem, espreitem. Ficou a referência!

Ah, este Sol, esta Luz, estas cores!
Entreguem-se!

terça-feira, abril 4

estar, sentir

Cansado, também o dia falece.
As cores que se esbatem, um cinzento breve,
Um negro envolvente.

Uma curva na estrada, na vida
Uma janela entreaberta, uma cortina leve, alva,
Tocada por suave brisa esvoaça,
Em movimento de chamamento ou despedida,
Sem cadência, ora a proximidade ora ausência.

Um número dourado à porta,
A esperança que se aviva e não se esgota.

Fora e dentro, dentro e fora,
Repressão de um sentimento que jorra.

A música de um CD abandonado,
As palavras de um livro decorado,
Uma vida em pausa.

Um intencional golpe de olhar indiscreto,
O encontro na solidão de uma só lâmpada,
O complemento de uma vela de chama branda, persistente,
O imaginário de um corpo, uma alma quente.

Um só prato na mesa,
Em outra um só prato simplesmente!

Um duche, um outro duche demorado,
Um corpo, um outro corpo molhado,
Uma toalha jogada ao chão,
Quatro mãos que se estendem
E não se tocam de tão próximas
E afastadas que estão.

segunda-feira, março 27

Um click, uma imagem!

Eh Zé!...
O grito ecoou rijo, sem direcção definida. Ecoou!
Apurei o olhar e associando o som ao corpo e movimento, vi-o.
Dobrado, mãos mergulhadas em movimentos gentis em redor da planta. Ajeitava-a, afagava as folhas, sacudindo ao de leve a terra castanha que da enxada se soltara e pousara no verde.
E de novo,… Eh Zé!...em pleno pulmão. Segui a direcção.
Talvez a uns quinze metros, um portão alto, de madeira, compacto, ornado de cantaria granítica, sólida. No vão, um outro homem, forquilha cravada num fardo de palha, movimento vigoroso.
Era o Zé!
Eh Zé, isso vai? Insistia o jardineiro. Claro que vai, Sô Jaquim…, e, se não for…EMPURRA-SE!
E mais que um sorriso, uma sonora gargalhada.
O sorriso de um, a gargalhada do outro. Contagiante. Ouvi, testemunhei, senti.
E recordo. Em memória a captação de um momento de bem-estar assumido sem reservas, convincente, contundente. Simples.
E sempre que por lá passo, vejo a flor que ainda não era, ouço um grito em gargalhada –Eh Zéé…VAI…..VAI!
E associo-me, sem reservas. Também estou bem. Bem comigo mesmo, bem com os outros.
E, do meu interior, uma calma, tranquilidade sem inibição difícil de esconder! Também não a quero esconder. Quero que seja contagiante.

quinta-feira, março 23

Flor


“É uma flor e quem não sabe que é uma flor não merece a vida.

Veste de azul mansinho e simples. O seu enfeite é só a cor.
Há versos na sua maneira de sorrir, que é a sua maneira de olhar.
O seu perfume ninguém o sente, de tão puro: respira-se, existe na maravilha de
pensarmos nele.
É uma flor. Uma flor que havia de vir.
Mas o pobre do Mundo não daria pela sua falta se ela não tivesse vindo.
É uma flor que não dá por si porque ninguém dá por ela.
Uma flor que eu não digo onde está”

Sebastião da Gama

segunda-feira, março 20

e venha a Primavera!

Há relativamente pouco tempo, o meu estado de alma era expresso nestas palavras, nestas imagens. Foram as circunstâncias, a vivência do momento,

Uma nascente de nada,
Um riacho de secura feito tristeza.
Amargo curso
em margem sem margem correndo.
Jorra o nada em golfadas de vazio!
E fica
o raso, o plano, o invisível,
Só demasiado intenso e pleno,
Para quem o
sente.
Mas o sol rasgou o manto de negação e aqueceu o corpo e a alma. Primeiro timidamente, depois intenso.
Nos olhos um novo brilho ou um antigo renovado. A ânsia de uma busca de cor!
E da nascente do nada, a amizade cúmplice, silenciosa, companheira,o desejo, jorram em borbulhões de força, numa ode à vida.

Creio que foi Nietzsche que escreveu. “o que não nos mata…fortalece-nos”
Eu não morri!

PS.
Hoje, da janela do meu quarto, vi-o. Belo, Desenhado. Multicolorido. Hipnótico. Destacava-se no cinzento do céu. É sempre belo o arco-íris! E eu gosto particularmente do verde, verde Primavera, verde esperança, verde música, mar, imensidão!

quarta-feira, março 15

um ponto de vista!

Aos pés, o Douro em uma grande escarpa confinado, serpenteando gigantescamente sereno.
O sol começara a despontar, primeiro nas cúpulas dos pinheiros e eucaliptos das margens e vagarosamente atinge em suaves golpes o rio. Espelha-o!
Nas margens, agigantam-se as árvores, correndo hipnoticamente para a água. Não molham as raízes mas mergulham e balanceiam em movimentos ritmados em gestos de preguiça de seus braços feitos ramos, após a noite dormida.
No dourado espelho, miram-se, aprumam-se. São muitas e a água é uma imensidão de verde-escuro, ramos e folhagens, que se tocam, afagam e sobrepõem.
Cúmplice, o rio aceita contemplativamente o movimento narcisista das suas guardiãs de margens. Preparam-se para o dia!
Mais tarde, quando o astro rei de cansado estiver quase em repouso, será a outra margem, desta vez em espelho de fogo!
E repete-se a cena, abraçam-se os ramos, misturam-se as folhas embalados pela melodia da brisa.
Preparam-se para a noite.
E soltam-se algumas!
E navegam embaladas em projecto de sonho, o mar é seu limite, seu aconchego!

quinta-feira, março 9

agora que ninguém nos ouve...

Que eu sei e sinto é mais do que consigo transmitir.
Gosto de ler, saborear as palavras, absorver os aromas que delas se soltam.
E colorir quadros com várias simples ou sobrepostas em matizes livres.
E imaginar cenários a que me levam as que asas têm!
Tive um professor que para além da actividade pedagógica, era escritor com livros publicados.
Ensinou-me a lê-las com sons, sabores, cores, tacto e movimento. As palavras? Sim, as palavras.
Ninguém coloca uma cebola numa salada de frutas, porque é agressivo, fora de contexto. As palavras também têm a sua essência, há que saber conjugá-las, misturá-las para que soem, exalem, incorporem, tenham sentido, se articulem em harmonia, mesmo que litígio seja a ideia portadora.
Gosto de ler vários livros ao mesmo tempo. À minha cabeceira é vulgar estarem dois ou três.
Divirto-me em exercícios de posicionamento no enquadramento dos contextos.
E troco opiniões com personagens ou cenários...
E dou comigo a querer reescrever as histórias…
E misturo-me com as personagens.
Venero quem me consegue fazer discorrer em páginas sem saber qual o limite.

PS. Já leram “Equador” do M.S. Tavares?

sexta-feira, março 3

transformação

Esculpe-se duramente em sentimento,
Aresta por aresta.
Esboça-se a dor criação de revolta incompreendida.
Toma forma o vulto, definem-se contornos do monstro em bruto.
SOLIDÂO!

Desnuda-se em lascas o maciço,
Rasgam-se sulcos de fogo,
Alisa-se em carícia a superfície,
Contorna-se em afago a curva.
Perspectiva-se!
Projecta-se!
Refina-se!
Um sopro,
VIDA!

quarta-feira, março 1

negação


Ouves?
Ouves o murmúrio do riacho,
A água cristalina serpenteando de pedra em pedra?

Ouves?
Ouves o chilreio dos pássaros em canto sedutor, povoando os arvoredos?

Vês?
Vês a flor silvestre nos delicados e frágeis dedos de criança, de olhos claros?

Sentes?
Sentes a harmonia do casal que de mãos dadas em mágica sintonia
Levita em verde tapete de esperança?

Não!
Não oiço
Não vejo,
Não sinto !

quarta-feira, fevereiro 22

navegar é preciso!

Momentos há em que a tristeza invade, corrói, abre brechas na nossa muralha, quase nos vence.
Um ténue esvair de forças, um não querer estar em lado nenhum, um permanente desejo de solidão, o descrédito nas faculdades, o sentir que estamos a mais, uma ausência de querer, um deixar, um não importar-se.
A paleta das cores da vida esgota-se e restringe-se a um cinzento forte, a música dá lugar a um só tom… de silêncio. A garganta seca em nó, o olhar turva-se em trémula lágrima contida, uma voz em permanente latejar grita “as nossas vidas não se encontrarão mais”, uma e outra vez!

E quando tudo nos parece em declive imparável, quando no esvaziar de um copo se busca no fundo um Norte, quando ainda há consciência desta viajem em rota desgovernada, com partida, sem chegada, recorre-se à navegação à vista, em busca de um outro Farol, pois o que fora em tempos, porto de abrigo, a Luz em lamparina se transformou, sombras povoam o cais, agora despojado de valores, pálido, frio, fantasmagórico.

Libertem as amarras, desfraldem as velas, recolham a âncora, que os ouvidos se tornem surdos ao cântico da Sereia.
Navegar é preciso.

segunda-feira, fevereiro 20

esquecimento

Olá,
Ontem, ao passar pela estreita e sinuosa vereda, de verdes macios laterais, voltei a encontrá-las.Amarelas, pequeninas campânulas que um dia saudades apelidámos. Saudades do passado que não desfrutamos, saudades do tempo que viria. E acreditávamos!
E isso, fez-me lembrar o quanto devo esquecer os trilhos calcorreados, em uma nossas mãos, os silêncios saborosamente absorvidos.
E disseste-me para esquecer!
E todos os dias me esqueço!
Esqueço-me de esquecer o infinito, na recordação de teu olhar!
Esqueço-me de esquecer o som dos sons, minha mão em afago teu corpo violão!
Ontem o dia esteve cinzento, frio.
E isso fez-me lembrar que devo esquecer o quanto gostavas colar o calor de meu corpo
à ausência do teu, em pensamentos de liberdade ensaiada, timidamente.
E disseste para esquecer!
E todos os dias me esqueço!

sexta-feira, fevereiro 17

quarta-feira, fevereiro 15

....mas

Ainda tenho retidas as palavras de um livro que recentemente li. Li e vou lendo pois descubro sempre algo que me escapou, ou mesmo nova leitura nas mesmas palavras. Acontece, nas letras e até nas pessoas. Uma leitura de abordagem, e depois outra e ainda outra. Uma perspectiva, um momento, o ambiente, e nova descoberta acontece.
Bom , mas hoje não vou por aí.

O tema que pretendo abordar hoje é uma questão de postura perante os outros, e ou dos outros.
Em síntese o tema é a dificuldade de aceitarmos os sucessos dos outros, grandes ou pequenos, estejam próximos ou não, sem um mas...
Vejamos:
- O Mourinho foi considerado o melhor treinador do mundo! Pois, mas no Porto ele andava com a mulher do....
- A maestrina X, jovem portuguesa faz sucesso nos Estados Unidos da América! Pois,... se o pai dela não fosse quem é....
- O cientista Y, português, é o responsável pelo departamento.... na NASA! Ora, já está há tanto tempo lá, que de português.....
- O corredor de fórmula 1, português, subiu ao pódio.... Não tivessem desistido os outros e...
Mas o fenómeno não se verifica só à distância.
Quem não assistiu (ou participou) a um episódio como este?
- Olha, estás mais magra! Fico contente por ti !(ficamos por aqui? Não!) ....mas olha que conheço quem que depois de emagrecer.....blá, blá, blá.
- A tua casa é bonita!... mas, olha que se tivesse uma parede....
- Que belo carro tem o... Uhm, não sei como ....

Em resumo, temos dificuldade em partilhar na íntegra o sucesso dos outros!
Inveja? Nem por isso, uma questão de postura!
Creio que intrinsecamente português, como o fado e Fátima.

Não será tempo de ensaiar novas atitudes?
Da parte que me toca, vou fazer um esforçozinho, sei que sou capaz!
E muitos dos meus amigos também....(sem Mas...)

segunda-feira, fevereiro 13

dito!

Hoje o desafio é...

Abrir a janela da imaginação e deixarmo-nos envolver pela fantasia de um arco-íris em memória gravado;

recriar o orvalho feito gota cristalina que da verde folha tomba e que de apressados não vimos;

redescobrir uma nova flor em silenciosa dádiva da Natureza, ali, no nosso caminho, que
distraidamente ignoramos;

decifrar puerilmente figuras nas nuvens que no céu azul passam;

partilhar nem que só em espírito, uma dor ,uma alegria, com quem sabemos bem nos querer;

quebrar o monocórdio desejo de “bom dia”como se um mecânico mastigar de pastilha elástica se tratasse,

e contrariar o individualismo exibicionista do só eu (sei, trabalho, penso, etc.), tornando-nos mais Pessoas, empenhados num colectivo feito de diferenças mas que queremos ambicioso!

quarta-feira, fevereiro 8

simplesmente olhando...

Amanheceu frio, envolto numa névoa, o dia.
Imponente, ao longe, Montejunto insinua-se entre o ténue algodão que na sua encosta o afaga de mansinho..
Descobrem-se contornos agrícolas, verdes vários, castanhos diferentes, amarelos rastejantes de selvagens flores. O céu, de um azul pálido mas azul!Suspenso, um sol intensamente empenhado num beijo quente.Empenhado, empenhado, brilhantemente conseguido mas não cálido.
No ar, aromas diversos em misturas de natureza; não identificáveis mas frescos,tal como os movimentos em frágeis arbustos despidos de folhagens, em gomos de promessa de primavera!
Sons, próximos, distantes, sons de melodias não escritas mas tantas vezes descritas como quase partituras de silêncio.
O abandono, um quase ausente sentir !

De longe, o som de uma rádio sopra o corpo de uma morna. E materializa-se no sangue impulsos quentes e ritmados de uma nostalgia intensa.
Em memória, memórias de uma paz em desejo vindoura, recordando.

segunda-feira, fevereiro 6

zzzz...zzzz...ainda outro zzzzzz...


A mosca.

Encurralada ente a cortina e a janela, num zzzz contínuo, voava e projectava-se contra a vidraça, quase desesperada. Uma arremetida, um rodopiar contínuo, desesperante.

Vidraça, cortina, cortina, vidraça e um espaço sem barreiras.
O “mosticeiro”, feiticeiro das moscas, só lhe tinha falado nas vidraças e nas cortinas e mesmo o “mosticeiro-mor” que lhe haviam aconselhado, sábio que até previra que a água ao lume fervia, e que à noite faria escuro, jamais previra tal situação!
Aquele espaço apelativo, um horizonte à descoberta, o voo!

Segundo a mezinha do “mosticeiro” último, mais “mosticeiro que todos os “mosticeiros”, a solução era arrancar uma asa em tais situações. Voaria, voaria mas jamais sairia do mesmo local – era mais seguro, menos arriscado!

Não, não arriscaria construir o seu próprio caminho.
Sei lá, até poderia correr o risco de ser feliz.
Mas não, o mosticeiro não previra tal cenário, logo ele não existia.
Arrancou uma asa e esgotou-se tranquilamente, à espera de um outro “mosticeiro” de ocasião.
Ele dir-lhe-ia que fazer!

sexta-feira, fevereiro 3

fora de prazo!!!!

E pronto, querem convercer-me que estou fora de prazo.
Trabalhei (não manti um emprego) durante muitos anos. Era bom, porque respondia às solicitações, era bom porque me empenhava e inovava, en-vol-via---me!
E ao ordenado do fim do mês, contrapunha a minha alegria na execução do trabalho!
E não havia horas!
E não havia incontornáveis!
E havia o respeito, nosso por eles e deles por nós!
E sorríamos, entregavamos, recebiamos! Não, não era um paraíso da utopia, mas poder-se-ia considerar o ideal do possível!
Essencialmente sentíamos pessoas. Quantos o poderão dizer, nos seus locais de trabalho?
Mas, quem não tem um mas onde tropeçar, no percurso do seu dia a dia?
Mas, dizia, o negócio, os interesses da alta finança impuseram uma venda.
E vieram os excedentes, a duplicação de funções, a desconfiança, um salve-se quem puder, a frieza dos números, a anulaçõa dos nomes, das pessoas e suas memórias.
Nada pessoal, mas...
Porra, estas situações são sempre pessoais, ou não estivessem em causa PESSOAS!

Mas, sabem, tenho uma confidência a fazer-lhes. Ficaram a perder!
Passados alguns meses, continuo sem encontrar emprego, pois quer queiram quer não há um plafond etário institucionalizado (senão vejamos as limitações etárias das ofertas de emprego).
Mas continuo a dar-me, continuo a entregar-me em causas em que acredito, a colocar o meu saber e disponibilidade ao serviço de quem de mim precise!
Desta entrega, recolho o ónus da alegria, colho energias, continuo a realizar-me.

A nós, estes novos marginalizados, só nos resta afirmarmo-nos por esta via, a via da generosidade, da diferença. E já somos muitos!

Um dia, alguém verá que muita energia e saber foram erradamente desaproveitados, aqui, ali.
E nesse dia, em jornais, letras garrafais de primeira página, anunciarão que descobriram a pólvora.!
Fora de prazo, coitados!

quarta-feira, fevereiro 1

Espera

Não, não preciso ter-te sempre presente,
Para me rever na paleta de teus olhos verdes de profundos enigmas!

Não, não é necessariamente obrigatório materializar teus cabelos onde
Navegam meus dedos em sulcos de descoberta e apaziguado prazer!

Não, não é uma urgência sentir tua mão delicada em concha num leve
Toque no meu rosto em transmissão e recolha de carinho.

Não, não se torna uma urgência ouvir a tua voz,
O teu sorriso em melodia transformada.

Mas..
Que bom será quando deixar de ser tempo de espera
E em realidade se transformar,
o teu corpo, calor,a entrega de novo sem limites!

Sempre!
Irreverente, teimoso, exigente e lutador !

segunda-feira, janeiro 30

su.. aa.. ve!

Calma, uma brisa sopra embalando pequenos arbustos verdes, afaga meu rosto em gesto de renovação.

É um balancear de copas, suave, harmonioso, um verde de muitos tons em movimento encastrado em castanhas pinceladas dispostas em socalcos próximos, distantes, longos, breves.

O silêncio de muitos silêncios feito sussurra-me e acompanha-me num nunca mais acabar de libertadores voos, leves, ágeis, imensos.

E há o azul do Céu,
A luz do Sol,
A harmonia,
A Paz!

sexta-feira, janeiro 27

terça-feira, janeiro 24

Amanhecer


A escuridão cerrou de mansinho suas pálpebras.
Tímidos raios de sol ensaiam um beijo à terra ainda fria e húmida da noite. Um manto de neblina espreguiça seus braços em baixo afago.
Ténues sons no silêncio quebram o vínculo da noite.
Pássaros, sacudidas as suas penas nos acolhedores ramos das árvores que os embalaram, numa chilreada ode à vida, iniciam vertiginosos voos.

As vidradas janelas trocam em golpes de luz, num jogo alternado, cúmplices segredos nocturnos dos interiores das casas, como que piscar maliciosos de olhos.
Nasce novo dia, palpita o coração da cidade, em ternura, revoltas, fastios e esperanças de múltiplos corações nos homens transportados.

As ruas, veias da vida citadina povoam-se de automóveis, poucos ainda, de pessoas solitariamente apressadas, acordadas, mas ainda não despertas. Rostos sem expressão, pensamentos rodopiantes, desordenados, tal qual as folhas secas das árvores caídas em rodopio levadas pela força da brisa.
Pessoas, homens e mulheres, “gente feliz com lágrimas”, algumas, como diria João de Melo.

O rio, esse nada tem de diferente. Correu alinhado nas suas margens durante a noite e continuará durante o dia lavando as mágoas da cidade, entregando-se nos braços do seu mar!
Assim se estabeleceu.

quinta-feira, janeiro 19

Apontamentozinho

Tenho andado arredado deste sítio!
Outro valor mais alto surgiu. Alto e Alegre!

E tantas novas experiências , e tanto beber de sentimentos!
Um dia conto-vos.

Deixo um apontamento, não resisto a partilhar.

Há dias no Rivoli , no Porto, sentada a meia plateia, só, decidida, uma jovem empunhava um cartaz em papel A3, letra de impressão seize 72, bold.

“AJUDA-ME A ACREDITAR!”

Senti um calafrio.
Calei.
E permanece, lindo!
Que responsabilidade Manel!!!

terça-feira, janeiro 10

certezas

Ternura...
Dos...enta!
Em princípio dos quar...,
E porque não também dos cinq...?
Diz quem sabe, que tudo se vê quando se quer,
E mesmo até se sente!
E a ilusão, não é um ver inexistente?
E o real, não o queremos por vezes ilusão?
Ternura do que primeiro em um se formou três.
Ternura, ternura no gesto de acordar!
Ternura, ternura no serpentear de mãos dadas, em aposta comum!
De uns.
De outros.
Nos aplausos, nas críticas.
Ternura deste, desta, daquela...
Tanta!
De tantos!
De entre muitos, nós, ternamente amigos,
Encontramo-nos.
Tarde, sem lugar, sem tempo, sempre...
NA OCASIÃO!

domingo, janeiro 8

Cidadania

E há sempre um momento para parar, secretamente olhar, de uma forma bem pessoal, pensar! O mundo que nos rodeia!
Mas o mundo não é também um pouco de mim mesmo,um cojunto de "mims"? Não será que me tenho envolvido pouco no que seria "o meu Mundo" e tantas vezes criticado?
Pois!
Como cidadão seduzido pelo facilitismo do não comprometimento ou envolvimento passivo;é quase como um condomínio em que se criam expectativas na Administração, na resolução dos problemas.
Num envolvimento de cidadania o ideal seria sentirmo-nos parte activa num condomínio chamado Portugal,participarmos empenhadamente não só no nosso reduto imediato como no espaço comum, a área comum de responsabilidade de todos os condóminos cidadãos.
Temo que tenha feito parte, demasiado tempo do grupo que exigem que alguém gira o nosso capital, os nossos anseios, os projectos.
Ensaiemos ao de leve mas de uma forma vigorosa, dia após dia, um exercício de cidania!
Vale a pena?
Claro que vale,nem que seja como memória do SER que nos orgulharemos de transmitir aos nossos filhos.

Mar sonoro

sexta-feira, janeiro 6

Ao longe

À beira mar o olhar posto em amplo azul vago, mecânicos movimentos repetindo, minúsculos grãos de seca areia fina escapando entre os dedos, qual ampulheta...
E vai e vem a onda, uma e outra vez, forte e suave, longo e breve o som em cadência solta de murmúrio.
Relaxa o espírito, a repetição do movimento de vazio na palma da mão!

E a onda de afectos se forma...
E torna...
Em corpo consistente, maré!

quarta-feira, janeiro 4

relax

Tem o sonho idade?

Constatação

Contemplação


No penhasco quase no mar plantado, sufoco.

Fustiga-me uma forte brisa marítima.
Turva-se o olhar em névoa de partículas de sal,
Do mar...

ou de uma furtiva lágrima reprimida.

terça-feira, janeiro 3

Modus vivendi


Na sombra, encontro a beleza na luz que a projecta
e não no objecto que a provoca...

No silêncio, escuto a melodia das palavras não ouvidas
mas em memória retidas...

Na solidão, partilho a companhia desejada,
temporariamente ausente...

Na tristeza, a saudade do fogo dos teus olhos,
do riso cristalino, do mel dos teus lábios!!!

segunda-feira, janeiro 2

Crepúsculo

Absolutamente!
Nem mais nem menos ou quase.
Espraiam-se os olhares em horizontes de distantes infinitos.
No teu corpo, meus dedos tecem carícias em silenciosa cumplicidade.
Já não há distância.

O tempo parou!
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