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Mas quem sou eu mesmo? Nem eu sei se calhar. Em busca, permanentemente em busca!

quarta-feira, fevereiro 22

navegar é preciso!

Momentos há em que a tristeza invade, corrói, abre brechas na nossa muralha, quase nos vence.
Um ténue esvair de forças, um não querer estar em lado nenhum, um permanente desejo de solidão, o descrédito nas faculdades, o sentir que estamos a mais, uma ausência de querer, um deixar, um não importar-se.
A paleta das cores da vida esgota-se e restringe-se a um cinzento forte, a música dá lugar a um só tom… de silêncio. A garganta seca em nó, o olhar turva-se em trémula lágrima contida, uma voz em permanente latejar grita “as nossas vidas não se encontrarão mais”, uma e outra vez!

E quando tudo nos parece em declive imparável, quando no esvaziar de um copo se busca no fundo um Norte, quando ainda há consciência desta viajem em rota desgovernada, com partida, sem chegada, recorre-se à navegação à vista, em busca de um outro Farol, pois o que fora em tempos, porto de abrigo, a Luz em lamparina se transformou, sombras povoam o cais, agora despojado de valores, pálido, frio, fantasmagórico.

Libertem as amarras, desfraldem as velas, recolham a âncora, que os ouvidos se tornem surdos ao cântico da Sereia.
Navegar é preciso.

segunda-feira, fevereiro 20

esquecimento

Olá,
Ontem, ao passar pela estreita e sinuosa vereda, de verdes macios laterais, voltei a encontrá-las.Amarelas, pequeninas campânulas que um dia saudades apelidámos. Saudades do passado que não desfrutamos, saudades do tempo que viria. E acreditávamos!
E isso, fez-me lembrar o quanto devo esquecer os trilhos calcorreados, em uma nossas mãos, os silêncios saborosamente absorvidos.
E disseste-me para esquecer!
E todos os dias me esqueço!
Esqueço-me de esquecer o infinito, na recordação de teu olhar!
Esqueço-me de esquecer o som dos sons, minha mão em afago teu corpo violão!
Ontem o dia esteve cinzento, frio.
E isso fez-me lembrar que devo esquecer o quanto gostavas colar o calor de meu corpo
à ausência do teu, em pensamentos de liberdade ensaiada, timidamente.
E disseste para esquecer!
E todos os dias me esqueço!

sexta-feira, fevereiro 17

quarta-feira, fevereiro 15

....mas

Ainda tenho retidas as palavras de um livro que recentemente li. Li e vou lendo pois descubro sempre algo que me escapou, ou mesmo nova leitura nas mesmas palavras. Acontece, nas letras e até nas pessoas. Uma leitura de abordagem, e depois outra e ainda outra. Uma perspectiva, um momento, o ambiente, e nova descoberta acontece.
Bom , mas hoje não vou por aí.

O tema que pretendo abordar hoje é uma questão de postura perante os outros, e ou dos outros.
Em síntese o tema é a dificuldade de aceitarmos os sucessos dos outros, grandes ou pequenos, estejam próximos ou não, sem um mas...
Vejamos:
- O Mourinho foi considerado o melhor treinador do mundo! Pois, mas no Porto ele andava com a mulher do....
- A maestrina X, jovem portuguesa faz sucesso nos Estados Unidos da América! Pois,... se o pai dela não fosse quem é....
- O cientista Y, português, é o responsável pelo departamento.... na NASA! Ora, já está há tanto tempo lá, que de português.....
- O corredor de fórmula 1, português, subiu ao pódio.... Não tivessem desistido os outros e...
Mas o fenómeno não se verifica só à distância.
Quem não assistiu (ou participou) a um episódio como este?
- Olha, estás mais magra! Fico contente por ti !(ficamos por aqui? Não!) ....mas olha que conheço quem que depois de emagrecer.....blá, blá, blá.
- A tua casa é bonita!... mas, olha que se tivesse uma parede....
- Que belo carro tem o... Uhm, não sei como ....

Em resumo, temos dificuldade em partilhar na íntegra o sucesso dos outros!
Inveja? Nem por isso, uma questão de postura!
Creio que intrinsecamente português, como o fado e Fátima.

Não será tempo de ensaiar novas atitudes?
Da parte que me toca, vou fazer um esforçozinho, sei que sou capaz!
E muitos dos meus amigos também....(sem Mas...)

segunda-feira, fevereiro 13

dito!

Hoje o desafio é...

Abrir a janela da imaginação e deixarmo-nos envolver pela fantasia de um arco-íris em memória gravado;

recriar o orvalho feito gota cristalina que da verde folha tomba e que de apressados não vimos;

redescobrir uma nova flor em silenciosa dádiva da Natureza, ali, no nosso caminho, que
distraidamente ignoramos;

decifrar puerilmente figuras nas nuvens que no céu azul passam;

partilhar nem que só em espírito, uma dor ,uma alegria, com quem sabemos bem nos querer;

quebrar o monocórdio desejo de “bom dia”como se um mecânico mastigar de pastilha elástica se tratasse,

e contrariar o individualismo exibicionista do só eu (sei, trabalho, penso, etc.), tornando-nos mais Pessoas, empenhados num colectivo feito de diferenças mas que queremos ambicioso!

quarta-feira, fevereiro 8

simplesmente olhando...

Amanheceu frio, envolto numa névoa, o dia.
Imponente, ao longe, Montejunto insinua-se entre o ténue algodão que na sua encosta o afaga de mansinho..
Descobrem-se contornos agrícolas, verdes vários, castanhos diferentes, amarelos rastejantes de selvagens flores. O céu, de um azul pálido mas azul!Suspenso, um sol intensamente empenhado num beijo quente.Empenhado, empenhado, brilhantemente conseguido mas não cálido.
No ar, aromas diversos em misturas de natureza; não identificáveis mas frescos,tal como os movimentos em frágeis arbustos despidos de folhagens, em gomos de promessa de primavera!
Sons, próximos, distantes, sons de melodias não escritas mas tantas vezes descritas como quase partituras de silêncio.
O abandono, um quase ausente sentir !

De longe, o som de uma rádio sopra o corpo de uma morna. E materializa-se no sangue impulsos quentes e ritmados de uma nostalgia intensa.
Em memória, memórias de uma paz em desejo vindoura, recordando.

segunda-feira, fevereiro 6

zzzz...zzzz...ainda outro zzzzzz...


A mosca.

Encurralada ente a cortina e a janela, num zzzz contínuo, voava e projectava-se contra a vidraça, quase desesperada. Uma arremetida, um rodopiar contínuo, desesperante.

Vidraça, cortina, cortina, vidraça e um espaço sem barreiras.
O “mosticeiro”, feiticeiro das moscas, só lhe tinha falado nas vidraças e nas cortinas e mesmo o “mosticeiro-mor” que lhe haviam aconselhado, sábio que até previra que a água ao lume fervia, e que à noite faria escuro, jamais previra tal situação!
Aquele espaço apelativo, um horizonte à descoberta, o voo!

Segundo a mezinha do “mosticeiro” último, mais “mosticeiro que todos os “mosticeiros”, a solução era arrancar uma asa em tais situações. Voaria, voaria mas jamais sairia do mesmo local – era mais seguro, menos arriscado!

Não, não arriscaria construir o seu próprio caminho.
Sei lá, até poderia correr o risco de ser feliz.
Mas não, o mosticeiro não previra tal cenário, logo ele não existia.
Arrancou uma asa e esgotou-se tranquilamente, à espera de um outro “mosticeiro” de ocasião.
Ele dir-lhe-ia que fazer!

sexta-feira, fevereiro 3

fora de prazo!!!!

E pronto, querem convercer-me que estou fora de prazo.
Trabalhei (não manti um emprego) durante muitos anos. Era bom, porque respondia às solicitações, era bom porque me empenhava e inovava, en-vol-via---me!
E ao ordenado do fim do mês, contrapunha a minha alegria na execução do trabalho!
E não havia horas!
E não havia incontornáveis!
E havia o respeito, nosso por eles e deles por nós!
E sorríamos, entregavamos, recebiamos! Não, não era um paraíso da utopia, mas poder-se-ia considerar o ideal do possível!
Essencialmente sentíamos pessoas. Quantos o poderão dizer, nos seus locais de trabalho?
Mas, quem não tem um mas onde tropeçar, no percurso do seu dia a dia?
Mas, dizia, o negócio, os interesses da alta finança impuseram uma venda.
E vieram os excedentes, a duplicação de funções, a desconfiança, um salve-se quem puder, a frieza dos números, a anulaçõa dos nomes, das pessoas e suas memórias.
Nada pessoal, mas...
Porra, estas situações são sempre pessoais, ou não estivessem em causa PESSOAS!

Mas, sabem, tenho uma confidência a fazer-lhes. Ficaram a perder!
Passados alguns meses, continuo sem encontrar emprego, pois quer queiram quer não há um plafond etário institucionalizado (senão vejamos as limitações etárias das ofertas de emprego).
Mas continuo a dar-me, continuo a entregar-me em causas em que acredito, a colocar o meu saber e disponibilidade ao serviço de quem de mim precise!
Desta entrega, recolho o ónus da alegria, colho energias, continuo a realizar-me.

A nós, estes novos marginalizados, só nos resta afirmarmo-nos por esta via, a via da generosidade, da diferença. E já somos muitos!

Um dia, alguém verá que muita energia e saber foram erradamente desaproveitados, aqui, ali.
E nesse dia, em jornais, letras garrafais de primeira página, anunciarão que descobriram a pólvora.!
Fora de prazo, coitados!

quarta-feira, fevereiro 1

Espera

Não, não preciso ter-te sempre presente,
Para me rever na paleta de teus olhos verdes de profundos enigmas!

Não, não é necessariamente obrigatório materializar teus cabelos onde
Navegam meus dedos em sulcos de descoberta e apaziguado prazer!

Não, não é uma urgência sentir tua mão delicada em concha num leve
Toque no meu rosto em transmissão e recolha de carinho.

Não, não se torna uma urgência ouvir a tua voz,
O teu sorriso em melodia transformada.

Mas..
Que bom será quando deixar de ser tempo de espera
E em realidade se transformar,
o teu corpo, calor,a entrega de novo sem limites!

Sempre!
Irreverente, teimoso, exigente e lutador !
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