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Mas quem sou eu mesmo? Nem eu sei se calhar. Em busca, permanentemente em busca!

sábado, dezembro 5

Presente de Natal!

Nesta época do ano, apela-se à generosidade das empresas, dos cidadãos em geral.
O significado de “NATAL” não é certamente o mais vivenciado mas a adulteração, o consumismo, o deslumbre pelas luzes e coloridos apelativos, as “musiquinhas” das memórias, a sedução do TER !

Nesta quadra, pontenciam-se sofrimentos e desesperos dos que embalados pelo costume não conseguem alcançar o que as prateleiras, as montras oferecem, das crianças olhos expectantes e verbalização de desejos quase muitos irrealizáveis.

Gasta-se rios de dinheiro em desperdícios, insinuam-se compras de afectos, e transmite-se uma vez mais com convicção balofa a superficialidade do momento, dá-se o que se compra, não se dá e partilha o que se é, o “nós mesmos”

Numa época em que se apela à inovação, à audácia à transformação, à adaptação de mudanças, mesmo que quase ninguém saiba para quê, ao consumo como impulsionador da “felicidade” e bem estar do POVO, entendo que há outra forma de generosidade, pessoal, única.

Quem se lembra do que deu ou recebeu há cinco anos atrás, onde está aquele objecto de sedução do momento?

Desafio, não a colocar os rituais de lado (seria interessante), mas a construir novas atitudes como testemunho aos vindouros!
Neste Natal, desafio a uma nova partilha, uma nova doação!
Dar um pouco de nós, único, sem custo e dor, acto gratificante ainda mais sem saber a quem!
Dar sangue!
Ser doador de medula óssea!

Sinta-se bem, tenha uma época diferente!

http://www.ipsangue.org/

http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/informacoes+uteis/doacao+de+orgaos+e+transplantes/medulaossea.htm

segunda-feira, outubro 12

album (parte dez)

Estávamos em Janeiro, o ano de 73 começara.

O Natal passara-se sem afectos, cruel. A memória invadia-me em “flash”, os rostos, os sorrisos, os momentos distantes. Uma revolta imensa tomava posse da mente, do corpo. O álcool, sempre o álcool, a muleta! Nem embriagado nem sóbrio. Meio estado, perigosamente consciente.

As noites eram sempre iguais. Prevenção, mosquitos, horas à espera que algo acontecesse ou melhor, desejo que não acontecesse.

Ouvia-se o silêncio, sentia-se a noite.

Entre um bocejar e outro, uma troca de palavras em fula, algo para mim imperceptível. Desistira de perceber. O crioulo já me dava demasiado trabalho...

Um rádio ao ombro de um dos meus homens, emitia música africana...

De repente um grito, e outro e outro, pulos de contentamento como se um golo da equipa preferida fosse noticiado...

Despertei do meu estado ausente, questionei. Amílcar Cabral morreu, foi assassinado! E saltavam e riam, davam largas ao seu contentamento.Senti frio. Desperto, não consegui evitar o berro. CALEM-SE!

Na sua simplicidade a conclusão fora imediata. Se morrera, a guerra acabara!

Por momentos, elevando a voz, esgrimi os meus argumentos. Vocês são parvos? Não vêem que a guerra não é feita por um só homem? Como podem sentir-se felizes pela morte de um líder que acredita na libertação do povo que vocês fazem parte? Calaram-se mas não fiquei convencido de terem compreendido, aliás penso que não me perceberam.

Uma súbita vontade de vomitar, o desejo de mais um golo de qualquer coisa, desde que me ajudasse a sair dali!


terça-feira, outubro 6

Salamanca














Este fim de semana ousei sair! Há cerca de dois anos, o breve contacto com Salamanca despertou-me o “apetite”.
Partimos sábado e regressamos na segunda-feira.

Perdi-me gostosamente nas vielas históricas, tropeçando a cada esquina com monumentos de há muitos séculos.

E história...
E lendas...
E pessoas.
Não sei se em toda a Espanha se vive os fins de tarde e princípios de noite assim. As ruas pejadas de gente, sorrisos, um desfilar de coloridos, novos e velhos, os jardins e espaços públicos desfrutados com muito gosto por três gerações. É um culto, uma forma de estar!
Excepcional!
Estou em crer que o índice de depressões será muito inferior que em Portugal. Deixo a análise científica para os especialistas, fica o comentário do leigo!
Cruzamo-nos com casais que no mínimo teriam setenta e muitos anos, bebés cantarolando enquanto não adormecidos nos carrinhos, parques infantis cheios de gargalhadas das crianças e adultos.
Questionei-me. Não teme esta gente sair à rua quando a noite já envolvia as luzes? Porquê não?
Penso que o colectivo é muito forte, dissuasor de anormalidades...
Nas ruas que desaguavam na “Plaza Mayor” um caudal de gente, sorrisos! “ 21 horas, domingo à noite!
Nas esplanadas famílias e amigos confraternizavam. Em pleno centro da praça, grupos de jovens sentados no chão...
Diferente, muito diferente, desculpem-me o meu provincianismo!
Puxando pela memória encontrei uma certa analogia do modo de estar no Funchal, há muitos anos, mesmo há muitos. Ao fim da tarde de Domingo passeava-se na Avenida do Mar, comiam-se gelados em família nas esplanadas...permanecia-se dentro dos automóveis a ver, a olhar, simplesmente a lavar a vista. Inspirava-se a energia para a semana.
Tempos que foram, aqui, tempos possíveis ainda em Espanha!
Bom, as expectativas foram excedidas!!!
Recomendo.

quarta-feira, setembro 16

caminhando pela vida



E foi mais um, o segundo dia.

De tesoura em mão, percorrendo a encosta, as vinhas desnudando-se lentamente, seduzem-me com os cachos negros, doces, sumarentos!

Que maravilha de uvas, ouço o meu companheiro. São, doces, prenúncio de um bom néctar, bebida do deus Baco!

Dez, percorrendo a fila acima, gente boa, nem da proximidade. São amigos, explicou-me o Manuel, o dono da vinha. Pessoas como eu, donas do seu tempo. E aplicam-no com alegria na partilha, de uma forma sã. “Pró bono”? Claro, de outra forma de onde viria tanta alegria , tanta entrega? A amizade tem disso. Dá-se, goza-se, partilha-se.

Pré histórico diriam os ilustres defensores do empreendedorismo, os ilustres iluminados destituídos de humanidade! Que seja, nunca saberão o que é a partilha de um sorriso, a gargalhada fluida de uma qualquer piada em trocadilho simples!

Foi uma experiência, mais uma na minha caminhada de conhecimento, entre as pessoas, a biblioteca de minha eleição. Gente simples, que privilégio ser um entre!

O vento soprava breve, o sol insinuante e intenso galopava como a manhã. Gostoso, quente, não agressivo.

Quatro horas intensas de trabalho, um merecido almoço. Mesa corrida, bacalhau com grão, batatas, salada e um bom tinto. Do ano passado, outros esforços também gratamente compensadores.

Riu-se, evocaram-se conhecimentos, experiências, um pouco de identidades. Variadas, todas Enormes!

Gostei! As mãos negras caminham à busca de um sabão e limão. Purificam-se os dedos, as mãos, a alma!

Prometi voltar. Aceitaram-me, sinto-me bem.



quinta-feira, setembro 3

Subsídio de férias!!!

"Bom dia professor .Muito obrigado por ter enviado os e-mails gostei muito são muito interessantes, gostei das grandes verdades. Por cá me vou entretendo fazendo uns desenhos no powerpoint, é a minha grande paixão agradeço -lhe tudo aquilo que aprendi até agora, se não fosse a boa vontade do senhor eu nem sabia abrir o computador. Mais uma vez obrigado os meus comprimentos." T

"Senhor Faria gostava de saber se as Aulas de conpetador começão Sesta feira." J


"A esta hora da noite foi um prazer muito grande ler pensamentos tao~maravilhosos e ter quem se lembre de os mandar. A minha familia partiram hoje agora só me resta os amigos.
Muito obrigada vou ver se consigo guarda los nos meus documen." R


Assim mesmo.
Recebidos com orgulho, mandados com carinho e dedicação.
Recomecei a minha actividade. Professor, apelidam-me...
Aprendo sempre, partilho e colho!
Estas pessoas nada sabiam de informática.
Este é o meu subsídio de férias! ENORME.
Sinto-me feliz, grato, e se não estivesse convencido da bondade da minha actividade estes testemunhos simples encarregar-se-iam de me convencer!
Orgulhoso não só do esforço mas também dos actores.
E há tanto por fazer! E há tantos que poderiam fazer!
Reinvente-se, ouse-se!
Hoje tomei conhecimento do universo dos caminhantes nesta aventura. São 58 que partem, sem destino, sem rota. Caminha-se, progride-se, afirma-se... com muita ternura, entrega e respeito!
Gostoso sorriso!

sábado, agosto 22

Pérola Jornalistica

Praia Maria Luísa, em Albufeira

Cinco mortos em tragédia anunciada há ano e meio

por JOSÉ MANUEL OLIVEIRAHoje

Cinco mortos em tragédia anunciada há ano e meio

Perigo anunciado. Praia Maria Luísa, em Albufeira, Algarve, está classificada como insegura há cerca de ano e meio, mas uma vistoria realizada na passada semana à zona das falésias nada detectou. Ontem de manhã aconteceu o pior: parte da falésia do areal concessionado ruiu fazendo cinco mortos e três feridos. O primeiro-ministro esteve lá, mas não se sabe ainda a causa da derrocada




terça-feira, agosto 18

despertar!


Bom dia!
Em silêncio, não despercebido, intenso!
Bom dia será, combinámos.

quinta-feira, agosto 13

coisas simples, nossas!



Percorro a estrada, passo a passo, a da vida!
Sou grato por poder olhar e ver!
O momento. Agosto, algures! Montejunto imponente.
Nem me importa o que estava o que pode estar. O que está. Efémero sim e não o é quase tudo na vida? Belo, construído para que a minha disponibilidade possa captar e partilhar com os mais distraídos, os não disponíveis.
Amanhã, outro lugar, olharei e Verei!

quarta-feira, agosto 12

a propósito de SOLNADO...

É indesmentível que Solnado marcou o bom humor português em cima dos palcos. Morreu!

Morreu como qualquer mortal, mesmo os que são queridos e famosos, morrem!

O humor de Solnado era diferente, era feito com talento, genuíno, a sua figura, terna.

A minha condição de ilhéu não me permitiu acompanhar o Zip-Zip. (na Madeira, na época não havia televisão).

Recordo a passagem de alguns artistas nos eventos festivos anuais promovidos pelo Nacional e Marítimo. Nos palcos desfilavam os nomes em cartaz na época, Calvário, Garcia, Mª José Valério, Tonicha, Francisco José e tantos outros do mundo da canção.

Depois, na época havia aqueles momentos especiais de humor com Zé Viana, Solnado, Badaró, Humberto Madeira, e até Max.

E o fenómeno na altura chamava-se Solnado, difundido pelas duas estações de Radio à época. Se difícil é o humor, imagens em palavras via vinil, só os melhores!

Muitos destes já faleceram!

O que me leva a escrever estas linhas é a percepção que poucos são os protagonistas da ribalta, seja artística, política ou mesmo religiosa que preparam as suas saídas, com dignidade.

Se no poder um eternizar de figuração e apego ao dito é bem patente, na área artística é confrangedor por vezes figuras maiores, perderem a noção que o tempo também passa e não só para os outros. Bom, na religião, tenho bem presente os últimos dias do pontificado de João Paulo II, a violência das imagens transmitidas...

Não pretendo que deixem de reivindicar o direito à vida mas simplesmente que aceitem o privilégio da idade. Com ela há a abordagem lúcida dos desafios, uma outra forma de estar.

Choca-me que alguns actores, cantores e outros também actores não se respeitem querendo ombrear com outros nas suas actividades, numa pura acção de alucinação nos holofotes do palco, na vida. E quando por algum motivo se verifica um interregno, a amargura e revolta jorra em manifesto quão ingratos são os portugueses...

Não aceitam, nunca saberão o que é viver como Pessoas que são, teimam arrastar as Pessoas que vestiram, as figuras que incarnaram ao longo dos anos!

Confrangedor!


segunda-feira, agosto 10

beijo de luz!



Estendeu os lábios e tocou-me. Quente, suave, revigorante. Aceitei!
O dia tinha forçosamente de me correr bem, aliás, não restavam alternativas!
E foi assim!

sexta-feira, agosto 7

pelo caminho...II






E foi-se abrindo!

Azul...

...em transformação!







...quase, quase










BRANCO!

Como as pessoas, a evolução! Belas no seu início, belas na sua transformação belas no seu fim!
Há que dar espaço, há que respeitar a identidade sem forçadas comparações. O caminho existe, diferente, autónomo, pessoal!
Que seja digno...sempre!

quarta-feira, agosto 5

pelo caminho...


Não sei como se chama...

Sei que está em evolução e em breve será diferente, como as que a rodeiam.

Azul ténue, abraço em concha protectora, novelo, mil capilares entrelaçados em defesa de um núcleo.

Descobri-a serenamente embalada pela brisa da manhã!

Bom dia!






sexta-feira, julho 31

Puzle




Não passava por aqui há algum tempo! Muitas vezes, ao caminhar naquela vereda pensei arranjar um pau e fazer escoar a água acumulada em invisível filtro da encosta. O silêncio verde somente era quebrado pelo "linguar" sôfrego do cão, focinho quase mergulhado saciando a sede!

Ainda bem que não o fiz!
Hoje, de novo nesta rota, fui surpreendido por este maravilhoso puzle!

E divaguei!

Construí histórias e animei as peças!

Sorri, senti-me grato pelo tão simples a meus pés, senti-me vivo pela capacidade de VER o que nem sempre existe para todos.

Posso não ter muitas coisas que muitos têm, mas tenho muito que me tranquiliza e diverte.
E isso chega-me!

terça-feira, julho 28

teias...



2 mil e poucos passos!

Na vereda, ladeada de coloridos vários, quase imperceptível...de lado a lado, cerca de um metro e meio.

O cão passou pela nesga inferior e a rede abanou. Vi-a.

O sol reflectiu e o bordado iluminou-se. Parei a tempo!

Apanhei-a na minha máquina, e passei por onde o cão passara...deixei-a ficar.

Mas fiquei a pensar.

Esta não era uma teia para humanos não obstante as dimensões.

E, no caminho, no dia a dia, quantas teias ardilhosamente tecidas, quantos humanos enridelhados?

São as facilidades ou facilitismos...

os engodos...

os vendilhões de sonhos...

os negócios em negociatas...

Digna aranha que caça para sobrevivência!



quarta-feira, abril 22

falando com os meus botões!



Se há tanta gente a falar de crise, porque não falo também eu. De médico e louco...todos temos um pouco!
Se fosse mulher, seria odiada, mas como todas as mulheres também servia de bode expiatório, logo amada como argumento.
Faz-me confusão, mas eu não percebo nada disto, que os timoneiros pré-crise, sem soluções e ante-visão, sejam os mesmos do momento, com soluções milagrosas e projecções, liderando de novo, nunca deixando o leme.

Não há muitos anos, os Portugueses apostavam no aforro, lavravam os terrenos, compravam as casas de habitação, não se comprometiam com mais que um crédito.

Poucos anos depois, transmite-se a ideia que o consumo é o motor do desenvolvimento, subsidia-se o abandono das terras, estimula-se ainda mais a compra de habitação, os bancos abrem a caça ao público em geral esgrimindo as suas “armas” ditas cartões, embandeira-se com a bondade de lucros imediatos, tudo a bem do desenvolvimento.
E vieram as críticas, muito gasto, pouco aforro!
E chegou-se aos dias de hoje.
Quem pode de novo aforra. O mercado de construção está estagnado,as famílias endividadas, a apregoa-se a urgência de voltar às terra.
E lá surgem os críticas, demasiado aforro, pouco consumo.
Quem tiver memória, ao longo do tempo encontrará os mesmos actores principais. Eles souberam, sabem e saberão.
E nós? Aquele bichinho que quando o mar está alterado...lixa-se.
Bem, acho que é tempo de se abrir os olhos, procurar o nosso próprio caminho, vereda, ou trilho, filtrar as doutas informações e simplesmente acreditar.
Será que as soluções têm forçosamente vir de um agente externo?
Não será tempo de rejeitar soluções externas a nós mesmos, soluções que enroupamos como veste já costurada, porque é moda, porque é “cool”?
A crise não é igual para todos, assim como o sol quando nasce deveria ser...
Uns sofrem-na, outros gerem-na.
Ousemos acreditar em nós mesmos, ousemos improvisar, ousemos sentirmo-nos pessoas.
Se calhar seremos surpreendidos com o indivíduo que reside em nós. Eventualmente encontraremos não menos dificuldades mas maior capacidade de as vencer.


domingo, março 22

fim de tarde...



Este fim de dia...
De um momento para outro quase sem notar, este branco de uma cerejeira de estimação. Delicio-me com estes cachos de deliciosas flores, calculo pela afluência de abelhas.
Cerejas? Vermelhas ainda não totalmente maduras...dizem os pássaros serem boas, em outros anos. Acredito!
Mas mesmo assim, esta palete dá-me sustento anímico, tranquiliza-me.
Ao longe, sinto-me observado. Condescendente em fim de dia, abandona-se no horizonte, em amarelo primavera!

quarta-feira, março 4

sem horas, para quê o tempo?

Acabo de regressar a casa!
Três horas, duas sessões de puro gozo e magia!
Novo destabilizar de consciências de quem tem poder, a sedução de quem sempre desejou e nunca pensou ter oportunidade!
Arranquei com mais uma "escolinha de info-excluídos".
As espectativas foram excedidas, as inscrições...trinta e quatro! E há mais, cada vez mais em lista de espera!
Sinto-me bem!
Pessoas! Pessoas de trabalho árduo, de mão gretada em afectos das terras, escurecidas em óleos de tractores cansados! E que bem estão de castanhos vários, penteadas de sulcos umas,outras afagadas, verdes tenros que brotam e espreitam em busca da primavera.
Hoje, de início mais olhares que palavras , desconfianças que se diluem no rio dos afectos!
Amanhã há mais!
Felizmente!

terça-feira, fevereiro 10

falando de...VIDA

Apetece-me falar da Vida, o todo – nascimento, vivência, morte!
Hoje começo, pelo fim, ou melhor pela última parte da Vida.
Tinha dezasseis anos quando em coma entrei no Hospital, numa sexta feira. Uma nefrite empurrara todos os valores possíveis e não desejáveis para os máximos e o resultado foi aqueles 48 dias de internamento. Boa experiência, boa recordações! Como é possível? Um dia pormenorizo!
Já era residente daquele hotel havia uns vinte dias, quando para a cama ao lado entrou um homem, talvez entre os cinquenta e os sessenta. Entrou, não, colocaram-no!
Não falava, não comia, nem forças tinha para se queixar. Um cancro roía-lhe silenciosamente a garganta.
Diariamente as equipas de enfermagem rodeavam-lhe a cabeceira, trocavam os boiões de soro, sempre num silêncio diria que senão respeitoso, misericordioso.
Na mesa de cabeceira, um copo de água e uma espátula envolta em gaze. Com suavidade via-os mergulharem a espátula e embebida passarem nos lábios do homem. Era o único “gosto”, sabor que tinha.
Um dia, olhando para o meu companheiro, lábios sequiosos,secos, peles soltas, levantei-me e, como vira tantas vezes fazer, mergulhei a espátula e misto de receio e entrega, toquei-lhe ao de leve humedecendo-lhe a boca.
Os olhos. Nunca os tinha visto tão perto, tão nítidos. Encovados, doridos, cansados, transmitiram-me gratidão, Paz.
Morreu poucos minutos depois! Foi a minha primeira apresentação ao vivo, à morte!
Durante algumas horas permaneceu isolado por um biombo colocado à volta da cama. Era como se quisessem passar a imagem que ali não estava. Não se via, não estava!
Ainda permaneci muitos dias naquela enfermaria. A outra cama foi reocupada.
Em memória aquele olhar, o sentimento expresso sem palavras. Recordo-o, em PAZ


domingo, fevereiro 1

justificação...talvez!

...rendo-me, contudo à eloquência do Padre António Vieira, “não porque que...nem para que... mas porque sim”.


O Amor fino não há-de ter porquê nem para quê.

Se amo porque me amam é obrigação, faço o que devo.

Se amo para que me amem é negociação, busco o que desejo.

Pois como há-de o Amor amar para ser fino?

Amo porque amo, e amo para Amar“.



quinta-feira, janeiro 29

voos!!!


E vem o tempo!
Tempo de mudanças, das asas dos filhos, do voar consistente em busca de novos caminhos, próprios.
Há dias, do meu ninho, voou convicto, mais um elemento.
Sentimento de orgulho os nossos, pais em sintonia com a cria!
Sentimento de tristeza de quem parte, de quem fica, num acre-doce de satisfação ao encontro de novos desafios. Afinal é alcançar o patamar do objectivo de qualquer progenitor, a autonomia, a auto-suficiência!
É crescer. Para nós, pais, para ele filho!
Nunca senti afinidade com o termo de posse. Nunca o Ter me seduziu, nem mesmo com os filhos.
Ninguém deve ter ninguém!
SOMOS, pais SÃO filhos.
Faz-me confusão, porque não entendo, quando vejo pais apregoando a relação com os filhos na base da amizade. Faz-me confusão porque em meu entender, e não sou douto na matéria mas penso e sinto, ser-se Pai ou Filho é alcançar-se um estatuto só por si definido. Não precisa de atributos terceiros.
Não preocupar será o termo correcto. Acompanho.
Preocupar-me é limitar a análise, a capacidade de resposta nas vivências nunca apercebidas com verdade, às vezes imiscuir-me em áreas privadas. Acompanho.
Acompanhar, é sentir-me autorizado, é o respeito pela identidade mesmo que mais familiar e próxima seja o acompanhante.
Acompanhar é desfrutar os momentos, bons ou maus em partilha tacitamente aceite.
Um novo percurso, ou talvez não, uma outra forma de abordar o caminho com outra perspectiva, de outro ângulo!

quarta-feira, janeiro 7

divagando


Ontem, por força das circunstâncias viajei de comboio, na linha de Sintra. Não fazia há muito tempo!

Os ponteiros do dia empurram as pessoas carruagem dentro, regresso a casa, transportando com elas um misto de cansaço, apatia. Pressa pelo tempo de paragem, pressa pela conquista de lugar sentado, pressa para fugir à baixa temperatura que permanecia no apeadeiro sem encontrar o comboio de retorno.

Filtrando o olhar, o meu e o dos outros, os meus óculos escuros observavam e abriam caminhos para as minhas divagações.

Em cima dos poucos bancos vagos, panfletos apelativos de um produto qualquer, propositadamente deixados, eram afastados na sua agressão de uma forma mecânica, e davam lugar a corpos cansados de mais uma jornada, corpos com rosto quase inexpressivo, olhos vagos, ausentes uns, fechados outros, e ainda outros desfiando as letras de um qualquer gratuito apanhado à entrada da estação.

Alguma gente nova quase sempre aos pares fazia a diferença, no movimentar-se, na cumplicidade estabelecida com naturalidade com os seus companheiros, nas expressões e risos quase profanos naquele ambiente solene da viagem entre muitos, em solidão. Às costas, algumas mochilas proporcionais ao peso e preocupação da vida.

A diferença que senti é que eu viajava de comboio, aquelas pessoas apanhavam o comboio, todos os dias, fazia parte da sua rotina !

Olhei, observei rostos, inventei histórias, criei personagens, caí na tentação dos preconceitos!

Naquela carruagem, alguém me viu?

Duvido. Ali, nestas circunstâncias, não há mais ninguém!

PS. Faz-se a apologia dos transportes públicos em detrimento dos privados! De Queluz a Algueirão paguei 1,20€. Tive que esperar o comboio, tive que andar da estação até ao ponto de chegada, o mesmo de regresso, e não chovia...

De carro, pelo menos no meu, faria três vezes o mesmo percurso com o preço dos bilhetes.

Transportes públicos caros ainda por cima suportados por quem menos pode, acho eu!

domingo, janeiro 4

" 2 0 0 9" B A P

E pronto, eis-nos em 2009!
Não sei se o alcançámos ou ele a nós! Questão secundária!
A chegada ou entrada de novo ano traz-nos sempre propósitos, previsões e juras.
Em meu pouco saber, estes três elementos situam-se todos na mesma área, a ficção ou melhor, o departamento do nosso não envolvimento. Rituais, tal como as passas!
Numa época em que somos bombardeados por rentabilidades e “spreads”, em mais valias e benefícios, marginalmente e contrariando as correntes, aconselho o investimento no BAP.
É uma instituição ancestral com rendimento garantido e satisfação plena.
Tão absorvente, tão exigente, tão possível a pequenos investidores, o depósito tem conseguido ser sempre benéfico ao longo das catástrofes de mercado, para além dos interesses irracionais, das políticas de novos aprendizes de alquimistas.
BAP – Banco dos Afectos e Partilha!
Somos muitos, orgulhosa e corajosamente seremos mais!
Garantidamente com Afecto, seguramente em Partilha, um investimento pleno em 2009!
Fontes do mercado afirmam não haver concorrência!


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