Acerca de mim

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Mas quem sou eu mesmo? Nem eu sei se calhar. Em busca, permanentemente em busca!

sexta-feira, novembro 30

coisas simples!

Conheço as rosas e seu aroma, as exóticas orquídeas, os antúrios de face brilhante e colorida, os cravos, as dálias e hortenses, tantas outras de vivas cores e finos recortes, formas, fragrâncias delicadas, jarras, ornamentos!
São selvagens, ervas indomáveis, estas, quase flores. Estão por todo o lado, surgiram-me no caminho; melhor, surgi eu, dado que estáticas, sugam deliciadas como néctar o orvalho nocturno a seus pés depositado mansamente. O odor intenso a terra molhada, o organizado desorganizado de postura neste vaso fenomenal que é a Natureza, as alturas, volumes, o dourado dos botões que abrem, os castanhos de folhas mortas, outros verdes insinuantes, o silêncio da fresca manhã, envolvem-me.
Que bom é parar, olhar, absorver esta mensagem de tranquilidade!

Ali, naquele momento, nenhum aroma, nenhuma outra flor ou cor teria cabimento. Não existem para aligeirar ambientes, colorir frios recantos. Estão, ponto. Ali, a bênção pura, o momento, o silêncio, recebem-me. Não questiono, complico, dificulto. O simples também existe!Sorvem meus sentidos ao ritmo, deixo-me ficar, adorno as jarras de minha alma.
Faz-me falta práticas simples de aceitação. Faz-me falta o exercício do “olhar” e “ver”, faz-me falta cultivar o Sentir, faz-me falta receber esta energia bruta, intensa!

Mas olha que a vida não se compadece com…dizem-me!
Sei, mas para além “da vida que não se compadece com...”, comum a todos e que eu também partilho, possuo estes redutos na minha predisposição interior.
Valor acrescentado, simples, exercitado!
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quarta-feira, novembro 28

janela em verde!

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Espreitei a janela… aberta para o interior!
Adormecida em tranquilidade de cor,
Flor!

Contrastes, construções, combinações, especulações, palpites, sentenças, ensaios, projecções, estudos e tratados, esquadrias, doutas opiniões?
Não.
Intenção?
Não mais que a oportunidade de reter o simples acaso de um Sol que se aconchega em verde na parede do quarto. A janela, a ocasião de o receber!

Fica registado!
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domingo, novembro 25

album (parte quatro)

Diziam que uma comissão de serviço só estava pronta para começar quando se estava no fim. Na verdade toda a preparação trazida da recruta e especialidade manifestava-se completamente desajustada. Aliás toda a Guerra é indutora de desajustes.

Estabelecido o primeiro contacto com aqueles que em princípio seriam meus companheiros directos por dois anos, encetei uma vida “social” desenvolvida na integração no seio militar europeu, o Batalhão de velhinhos.
Nomes? Não. Sobrenomes decididamente, algumas alcunhas ou até aqueles que assumiam o nome das suas terras de origem (o Fafe, o Elvas, etc.).
Talvez ancestral, estes métodos de aproximação, de inicio de relacionamento. Ou se fala de doenças, no caso presente de aventuras, ou e este nunca falhava, bebiam-se uns copos.
Um almoço abundantemente regado com um vinho tinto “marca branca” gentilmente transportado em bidões de 200 litros e de proveniência duvidosa, preparava a cerimónia de “aceitação”. Umas garrafas de Whisky como digestivo, conversas circunstanciais, um empurrar de copo após copo, como se não mais houvesse dia de amanhã. A praxe, uma outra. Fui aceite, consegui manter-me menos bêbado que alguns!
Prolongou-se. Foi um fim de dia em que rasgos de consciência me castigaram, por me sentir descontrolado, incapaz de, caso fosse preciso não dispor de todas as minhas capacidades.
Irresponsável, gritava-me! Creio que não há mais severo que o nosso próprio grito.
Tomei uma decisão. Não me embebedaria em horas de “serviço”. E o meu serviço acabava às quatro horas da manhã, começava ao escurecer.
Talvez uma semana depois de chegar a Tite, ainda procurava referências, identificações, pessoas, lugares, percebi a diferença de quem chega, o meu caso que quer compreender para agir, e aqueles que já “rodados” agiam mecanicamente porque não precisavam compreender.
Nessa noite cerca das três da manhã uma trovoada fenomenalmente sonora estourou mesmo em cima do frágil telhado. Ergui-me na cama, assustado aguardando não sei quê. Com ajuda de mais um flash seguido de trovão, olhei as outras camas iluminadas. Desertas!
Porta aberta, todo o pessoal num ápice se erguera e correra rumo ao abrigo!
Afinal fora uma trovoada, e se não fosse, disseram-me assim que regressaram…é pá, parecia uma canhoada…era mesmo como um RPG a rebentar… não podes esperar para ver…deixa estar que vais aprender…estes periquitos, rematavam com desdém!
Senti-me mal, diminuído, incapaz, triste. Era evidente…, porque não corri para o abrigo?
Afinal que linguagens eram aquelas?
Ai Lisboa, Lisboa!

sábado, novembro 24

25 NOVEMBRO: DIA INTERNACIONAL CONTRA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA



A VIOLÊNCIA SOBRE AS MULHERES ENVERGONHA E DIMINUI A HUMANIDADE


A violência doméstica, nomeadamente a violência do género, é uma realidade que envergonha o mundo em pleno século XXI. Em Portugal foram registados, em 2006, segundo a UMAR, 20.595 situações de violência doméstica. Entre as agressões, incluem-se 39 casos de homicídio e outras 43 tentativas. No entanto estes números não revelam toda a realidade pois muitos casos não chegam a ser participados.


Alertas

Se fores vítima, ou testemunha, não hesites em denunciar!

Em caso de urgência liga o 800202148.Apresenta queixa às autoridades competentes.Pede apoio à APAV- Associação de Apoio à Vítima
Tel. 707200077 e-mail: apav.sede@apav.pt


Mas não te cales. Calar é ser conivente com o agressor.

ADERE A ESTA INICIATIVA E PUBLICA UM POST DE INDIGNAÇÃO


Nota:
Esta iniciativa partiu da SÃO- http://saobanza.blogspot.com/ com o apoio da Isabel Filipe (autora da imagem) - http://isabelfilipeartdesign.blogspot.com/
Este post é uma cópia do - http://silencioculpado.blogspot.com/

quarta-feira, novembro 21

Comedor de núvens...






Comedor de núvens (em flagrante)


Surge do nada, de onde menos se espera, engole com sofreguidão os mais indefesos.
É enorme, sem limites, insaciável.
Pardo, cinzento, alimenta-se dos pequenos e aumenta de volume!
Rói, corrói, destrói!
Detesta o sonho, o azul…
Enegrece-o !

Tentativa vã.
O mundo há-de pular e avançar…teimosamente!

PEQUENA CRÓNICA DO BANAL, DN 21/11

Não resisti a transcrever!


Baptista-Bastosescritor e jornalistab.bastos@netcabo.pt
"A vida pede pouco mais que vida." RUY BELO - Meditação AnciãOs pais portugueses são os menos brincalhões da Europa: apenas 6% divertem--se com os filhos. Nenhuma interpretação semântica escapa a esta evidência. O sentimento de "pertença", corolário de um conceito de relação, e este como vector da ideia de cidadania, está a mirrar. O sistema aniquilou as redes de comunicação que permitiam a troca de valores e a difusão dos afectos. E está a dissolver o amor.As dificuldades dos portugueses são crescentes, os direitos diminuem, os deveres e as obrigações aumentam. Os jovens casais são empurrados para as periferias. As rendas de casa são altíssimas; a compra de apartamentos insuportável pela subida inclemente dos juros; os salários não suportam as oscilações dos preços das coisas elementares. Na impossibilidade de possuírem dois automóveis, ou mesmo nenhum, um casal, habitando (habitar não é viver) no subúrbio é coagido a servir-se de transportes públicos desconfortáveis, cheios de fedores, de tristeza, de pobreza e de passado.O cenário é aquela fronteira densa e excessiva, sem enigma nem segredo, que todos conhecemos. A mulher sai do emprego, corre às compras no supermercado, coloca-se, desanimada e democrática, na bicha do autocarro. O autocarro está pontualmente atrasado. As pessoas consultam os relógios de pulso. Começam as conversas, desencadeiam-se as lamúrias, cruzam-se os queixumes. As mulheres entram carregadas. Observam-se, formais e cristãs; atentas ao penteado, aos sapatos, às roupas da outra. O autocarro, já muito cheiroso, fica invadido de bafos.Os homens enfiam-se no carro. Antes, haviam comprado o jornal "desportivo" de sua preferência. Cada um dos jornais "desportivos" cultiva, com discrição e reserva, uma tendência clubística, por todos conhecida. Os homens estão desejosos de chegar a casa. Até lá, hora, hora e meia de caminho: as bichas, os pequenos e grandes acidentes diários, as chuvas, os calores, o dia que escureceu mais cedo, o dia que se prolonga até mais tarde. Os homens consultam os relógios de pulso. Almejam chegar a tempo de assistir a um dos 122 programas sobre futebol que todas as televisões transmitem, com pedagógica alegria. Chegam, ligam os aparelhos, sentam-se.A mulher apareceu finalmente. O homem ouve-a: está concentrado no que afirma um comentador. Nem olha para a mulher, a mulher dá-lhe um beijo rápido, rotineiro e indiferente. "Que é o jantar?", pergunta ele. Pergunta por perguntar. Os seus plurais interesses resumem-se a ouvir a palavra culta e eloquente daqueles sábios acerca do jogo que ainda se não realizou. Intervalo. "O menino?", pergunta o pai. "Ficou em casa da avó", diz a mãe."Ah!", responde ele.

segunda-feira, novembro 19

ciclo, ciclos!


Despida, ergue-se altiva ao céu,
braços torcidos, cruzados, secos, nus…inúteis.
Observo-a!
Ténues gomos quase cicatrizes
denunciam ainda vida,
e Esperança,

domingo, novembro 18

album (parte três)

A LDG atracava a um cais apoiado em troncos, rio dentro. Em terra olhos curiosos, alguns de naturais outros de militares perscrutando as novidades, avaliando a mercadoria nova. Desembarcavam-se pessoas, produtos, víveres e bebidas, muitas bebidas. Ali, também quase despejado, aguardava que alguém me recolhesse!
E aconteceu. Poucos quilómetros percorridos por boa estrada ladeada de bolanhas, verde insinuante aquático, arroz, disseram-me. Mais ao longe mas bem visível, um aglomerado de “casas”, tabancas, dizem-me e até o nome da aldeia, que não fixo. Em tempos esta região fora considerada o celeiro da Guiné.

O Batalhão de Tite estava a acabar a comissão. Gente dura, experiente no dizer dos próprios. Percurso feito num Jeep, eu mudo de espanto e expectante, convenientemente atento às rajadas de perguntas e histórias dos meus anfitriões de ocasião. E, de onde és…viste crocodilos no Geba…quanto tempo tens de tropa…a malta isto…a malta aquilo, vais ver…toma cuidado…um dia…conheces o…?
Nem tinha tempo de falar…E seria mesmo necessário? Afinal o importante ali era a evocação da sabedoria, da experiência, das histórias de preferência que me induzissem medos! Não era por mal, digamos que uma tradição de quem está, para quem chega. Que fazer senão tentar concordar, ambientar-me, sorrir, nem que amarelo fosse!

Estamos a chegar, vês o arame? Uma cerca de arame farpado alongava-se contornando algumas tabancas, envolvendo a aldeia. Passado este “portão”, uma outra cerca limitando a área militar, construções de alvenaria, telhados de luzalite e zinco, desta vez com "porta de armas"! E tinha uma zona para içar a bandeira, parada e tudo! Parecia mesmo um quartel!

O 6º pelotão de Artilharia era constituído por três Obuses 105 (tecnologia avançada,começaram a ser fabricados em 1931!!!) colocados estrategicamente na periferia da cerca exterior, dezanove homens, dezasseis eram Guineenses.
O Faustino, um algarvio forte não gordo como me dizia, passava-me o testemunho. Acabava a comissão. No semblante denunciadores, a saturação, a ânsia do regresso. Como se impunha, para além das burocracias, havia que apresentar os homens. Pelotão formado, depois me apresentar, pedi um a um que dissesse o nome. Estão a ver a cena, não estão? Os meus ouvidos habituados a José, Manuel, António, Silva, confrontaram-se com Abdul, Malan, Adulai, Joãozinho, Jau, Baldé, Seidi, etc, etc. Quando quis demonstrar o quanto eram importantes para mim, depois de ouvidas estas duas pautas de estranhas notas, tentei dirigindo-me a cada um, identificá-los…tentei, disse. Ao Adulai chamei Adelaide, ao Abdul, Malan, e não sei porquê ao menos corpulento…Joãozinho! Fiasco, gargalhada geral. Decididamente frustrante!
Ao fim de algum tempo, aprenderia a reconhecer as pessoas, sua identificação. Na Guiné há uma panóplia de etnias, e só no meu pelotão havia Balantas, Fulas, Mandingas, cada uma com a sua carga cultural. Qualquer dia falo sobre esta coexistência nem sempre pacífica!

quinta-feira, novembro 15

tenaz sobrevivência!

(alto da Serra do Socorro, momento único)


Fim de dia! E ali estava, solitária.

Quero crer que pedra a pedra, a natureza conspirou em acto de protecção!

Quem se aproximou de quem? A pedra, da beleza, ou a flor... da segurança?

Obrigado por te teres deixado ver! Sinto-me bem ter sido capaz de te ver!




quarta-feira, novembro 14

velhos...não trapos!


Há já algum tempo que canalizo a minha atenção social para os mais velhos.
Continuo a alertar para a necessidade de se olhar para a faixa etária mais avançada.
Portugal é um país cada vez mais velho.
Velhos encostados às paredes e bancos de jardim, velhos despejados em armazéns, velhos solitários em casas, algumas reformas precárias, carentes de atenção, miseráveis afectos.
Ao atingir certa idade, quando já não corpos alimentadores das máquinas trituradoras dos impostos, peões no xadrez da impessoalidade das relações profissionais, marginalizados, caminham a passos penosamente lentos para a estação do comboio da morte. Há-de chegar, há-de chegar, é só esperar! E tem mesmo de ser assim?


Jocosamente evoco o princípio dos vasos comunicantes dos afectos. Dar e receber, numa acção de nivelamento, como testemunho de vida. Não custa, é só necessária um pouco de atenção.
Os velhos, depositários de saberes, têm como estigma patrimonial o facto de nos terem dado a vida. Seremos estruturalmente eternos devedores a não ser que a nossa vida seja tão má que os culpemos da nossa existência.
E agora, estaremos a educar os nossos filhos de forma que escolham o depósito convenientemente para um dia nos depositar?

A morte não deve ser temida. Ela é o último elemento complementar do pacote tripartido da VIDA (nascimento, vivência e morte).
Não me preocupa a morte, incomoda-me a falta de qualidade de vida!

Teimosamente estou a tentar inquietar consciências junto a três autarquias. Há que fazer mais e melhor e para isso por vezes o único custo é o gasto de afecto, disponibilidade.
Um dia volto a dar notícias sobre o tema. Boas, espero!

segunda-feira, novembro 12

Com sorte... chamo-me Luky


Foi há cerca de quatro meses. Abandonado,ainda cachorro,esperava que as pulgas, carraças fome ou um carro me matassem.
Braços acolheram-me, alimentaram-me,acarinharam-me.
Raça? "Pure Street Vira Latas"
Dêem cá "cinco"

Sou o LUCKY

com gravata e sem gravata...

Na semana passada, no telejornal da RTP1, José Alberto de Carvalho, sem gravata, era o rosto de um apontamento sobre a escravatura da dita.
Não me sinto vinculado de forma incondicional à escravatura do uso, nem desfraldo bandeiras de fanatismo do seu não uso, outra forma de escravatura.
Que se use ou não conforme o gosto, o momento, mas que seja uma opção livre!
Há empresas que de uma forma sublimada vestem os seus funcionários com “farda”. É vê-los vestidinhos da mesma forma, alguns quase espantalhos, mas dignamente transportando quase o laço de Egas Moniz, ao pescoço! Cinzentos, muito cinzentos, despersonalizados!
Ridículo que não se respeite a PESSOA, por uma questão de aparência.Este comentário fez-me lembrar um episódio.
Há muitos anos trabalhei na Segurança Social, Serviço Externo e Fiscalização.
Era Inverno, costumava andar de casaco e muitas vezes de gravata. Várias semanas desloquei-me à Shell na Avenida de Liberdade e com o responsável de recursos humanos, trabalhei no esclarecimento de vários temas.
Com a chegada da Primavera, o tempo aquecendo, deixei a gravata, o casaco voltei à Shell. Simpaticamente fui recebido pelo mesmo senhor que me informou que um colega meu estava a tratar do mesmo assunto há várias semanas…
Colega meu…como é ele? Mais ou menos alto, moreno, já veio várias vezes cá!
Não estive para embaraçar o Senhor. Olhe, sabe, todos os dias nos reunimos antes de vir para o exterior. Vou ver quem tem andado cá. Das duas uma, ou eu dou-lhe o que tenho, ou ele me dá todo o processo. Muito obrigado, despedimo-nos com um cordial aperto de mão.
É obvio que continuei a tratar do assunto…em mangas de camisa!

sexta-feira, novembro 9

folhas cadentes

E na encosta de entre castanhos, densos gravetos, verdes selvagens,
Suave rosa cadente, folhas pétalas se erguem.
Caiem lentamente dia após dia.
Quase não as via…

Outono, a magia!

terça-feira, novembro 6

Album (parte dois)



Fomos “depositados” no GA7, (Grupo de Artilharia 7) sede coordenadora dos pelotões de Artilharia espalhados pela Guiné. Éramos meia dúzia.
Hora tardia, a recepção e apresentações hierárquicas ficariam para o dia seguinte.
De interesse imediato, arranjar algo refrescante que empurrasse o nó da garganta, a possível integração social, de preferência miliciana – o BAR!
Rostos, um mais duro que outros, tez sarracenas , conversas circunstanciais, um aglutinador comum, o álcool, maioritária a cerveja.
A um canto, uma mesa de “velhinhos”, muitas palavras sonoramente proferidas, pouca conversa. Engatilham as palavras, os palavrões, muitas gargalhadas, poucos risos, nenhum sorriso. Bebe-se e muito.
Não conheço ninguém, parece-me! Desfilando os olhos pelos rostos, há uma figura que me é familiar. O João!
Era do curso anterior ao meu, estivéramos em Vendas Novas os dois. Algarvio, de falar musicado, brincalhão, gémeo do Basílio que também estava na mesma especialidade. Fora mobilizado cerca de quatro meses antes. Um exemplo da desumanização de uma política de um regime. Como disse eram gémeos, o João e o Basílio. Meses antes, o Basílio adoeceu, e acabou por ir para o Hospital militar da Estrela. Faleceu vítima de uma leucemia. Para todos nós companheiros foi uma dor grande. Para os pais e para o João foi enorme. Três meses depois o velho carteiro ficou de novo só na aldeia. Notícias do filho João, uma deferência, um “privilégio” em primeira-mão, o correio. O seu agora único filho João fora mobilizado para a Guiné.
E ali estava ele, um arrastar das palavras, um olhar ausente. Abordei-o como bóia de salvação, perdido naquele mar de indiferenças. Estava bêbado! Abraçamo-nos, evocamos a nossa comunhão, em silenciosa cumplicidade, o Basílio ausente.
Estado quase normal diário, disseram-me. Estava irreconhecível, caustico, em permanente desafio de riscos. Doeu-me, certamente não era a melhor bóia de salvação que encontrara. Também se afundava, farrapo anunciado!

No dia seguinte, apresentei-me ao segundo comandante, como era rotina e estabelecido.
Lembrou-me ao que vinha, com voz pausada, informou-me que iria integrar o 6º pelotão, sitiado em Tite. Não me dizia absolutamente nada. Bom? Mau? O único lugar que sabia bom e que conhecia…era Lisboa, mas para aí não me mandavam!Deixei o gabinete, com o meu 1º acto em teatro de guerra, um "bater de pala" e calcanhares exemplares!

Para onde vais, perguntavam-me. Tite! Silêncios, sobrolhos carregados, meias palavras, insinuações, sorrisos enigmáticos, observações pertinentes conhecedoras, outras não, observações destituídas de crédito, decidi, para meu saneamento mental!

No outro dia, de novo em movimento, de novo conduzido! Atravessei o Geba numa lancha LDG (lancha de desembarque grande). Do outro lado do rio, frente a Bissau, Enxudé, cais beira-rio, posto avançado do batalhão de TITE.
Começava uma nova etapa, um ano de novos desafios, um presenciar de sobrevivências, vivências!

domingo, novembro 4

tonalidades, ruralidades!!



Uma lista, outra, e outra!
Verde, outro verde, e ainda verde

Castanho,mais castanho e ainda outro !
Lavando os olhos nesta tela, sinto-me bem!
Aconchega-me esta manta, tecida de cor!

sexta-feira, novembro 2

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