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Mas quem sou eu mesmo? Nem eu sei se calhar. Em busca, permanentemente em busca!

terça-feira, fevereiro 10

falando de...VIDA

Apetece-me falar da Vida, o todo – nascimento, vivência, morte!
Hoje começo, pelo fim, ou melhor pela última parte da Vida.
Tinha dezasseis anos quando em coma entrei no Hospital, numa sexta feira. Uma nefrite empurrara todos os valores possíveis e não desejáveis para os máximos e o resultado foi aqueles 48 dias de internamento. Boa experiência, boa recordações! Como é possível? Um dia pormenorizo!
Já era residente daquele hotel havia uns vinte dias, quando para a cama ao lado entrou um homem, talvez entre os cinquenta e os sessenta. Entrou, não, colocaram-no!
Não falava, não comia, nem forças tinha para se queixar. Um cancro roía-lhe silenciosamente a garganta.
Diariamente as equipas de enfermagem rodeavam-lhe a cabeceira, trocavam os boiões de soro, sempre num silêncio diria que senão respeitoso, misericordioso.
Na mesa de cabeceira, um copo de água e uma espátula envolta em gaze. Com suavidade via-os mergulharem a espátula e embebida passarem nos lábios do homem. Era o único “gosto”, sabor que tinha.
Um dia, olhando para o meu companheiro, lábios sequiosos,secos, peles soltas, levantei-me e, como vira tantas vezes fazer, mergulhei a espátula e misto de receio e entrega, toquei-lhe ao de leve humedecendo-lhe a boca.
Os olhos. Nunca os tinha visto tão perto, tão nítidos. Encovados, doridos, cansados, transmitiram-me gratidão, Paz.
Morreu poucos minutos depois! Foi a minha primeira apresentação ao vivo, à morte!
Durante algumas horas permaneceu isolado por um biombo colocado à volta da cama. Era como se quisessem passar a imagem que ali não estava. Não se via, não estava!
Ainda permaneci muitos dias naquela enfermaria. A outra cama foi reocupada.
Em memória aquele olhar, o sentimento expresso sem palavras. Recordo-o, em PAZ


domingo, fevereiro 1

justificação...talvez!

...rendo-me, contudo à eloquência do Padre António Vieira, “não porque que...nem para que... mas porque sim”.


O Amor fino não há-de ter porquê nem para quê.

Se amo porque me amam é obrigação, faço o que devo.

Se amo para que me amem é negociação, busco o que desejo.

Pois como há-de o Amor amar para ser fino?

Amo porque amo, e amo para Amar“.



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