Acerca de mim

A minha foto
Mas quem sou eu mesmo? Nem eu sei se calhar. Em busca, permanentemente em busca!

terça-feira, dezembro 18

começar o dia!

Anteontem, saí ao encontro da manhã. Pequeno almoço tomado, máquina fotográfica à mão, deixei Sócrates, procurador de Justiça, treinadores, jogadores, padres e outros a falar pró-boneco, rodei o botão da rádio e fui purificar os pulmões, a alma. Não digo onde estou! Mas partilho um pouco as cores, as veredas, a temperatura,a descobertas,o entusiasmo!
Um bom dia, bem estar, onde quer que estejam!










sexta-feira, dezembro 14

album (parte seis)

Quando cheguei, o Faustino avisara-me que normalmente uma semana após o pagamento do vencimento aos soldados Guineenses, eles pediam-lhe dinheiro. Diziam ter gasto todo.
Os soldados eram na maioria “profissionais” da guerra. Vinte e muitos, trinta e até quarenta anos. Era sem dúvida uma promoção socio-económica ser-se militar do exército Português e sendo de Artilharia permitia-lhes ter a família por perto.
Mudam-se os tempos…
Hoje procuram-se igualmente proventos através da guerra. Não vão os militares portugueses para a Bósnia, Afeganistão, etc., etc? Não são voluntários? Que os move? Curriculum? Dinheiro, muito dinheiro, um sintoma da nossa crise social!
Uma semana antes de receber o dinheiro dos ordenados vindo de Bissau, reuni o pelotão.
Disse-lhes que também recebia parte do meu vencimento ali, e que não queria continuar com o sistema de empréstimo. Propus-lhes que dividissem o que recebiam por mês por quatro semanas, e que poderiam dar-me a guardar se achavam ter dificuldade em o gerir.
Alguns aceitaram de imediato, outros, mais desconfiados só um ou dois meses depois. Ali transformava-me mais que num “banqueiro”, um orientador de economia doméstica. Senti-me honrado com a confiança deles, senti-me grato quando ao fim do mês alguns me pediam para guardar algum dinheiro que sobrava. E havia duas folhas, uma na minha posse, outra na deles. Era com orgulho que apresentavam o papel para acrescentar sempre que poupavam. No papel os cifrões, nos olhos um brilho especial, quase pueril. Nem se apercebiam o quão feliz me sentia em os ajudar a Crescer, acompanhando-os.
Descobria que mesmo em guerra, mesmo em condições adversas poderia exercitar o Ser.
Quando deixei estes homens, todos tinham as suas poupanças, uns mais que outros, mas todos aprenderam ser possível!
Sentia que não era militar, estava militar!
E muito trabalho havia para fazer. O terreno era fértil!
E há quantos anos estávamos em África? Quinhentos?
Muita aculturação, muita europeização, muita ausência de respeito pelo Homem e Culturas. Ora se impõe, ora se puxa, ora se empurra, poucas caminhadas a par.
Ter a maioria de africanos no meu pelotão, privar diariamente com as suas alegrias e tristezas, ensinou-me também a crescer, cimentando a formação trazida de casa, aprendida com o testemunho dos meus pais e felizmente continuada nos bancos de escola.
E se para além de agente da guerra deixasse uma assinatura do civil que teimosamente fervilhava, germinava inquietude dentro de mim?
Seduzia-me a ideia…
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quarta-feira, dezembro 12

coisas simples!



Há dias, numa terra ainda simples, um simples homem cavava uma horta simples.
Enérgico enterrava a enxada profundamente. Parou à minha passagem. Olha, disse-me, doem-me os “aços”, “assas” a tua “aquina” aqui, percebi através das palavras articuladas mas de difícil apreensão, causa de uma deficiência, ajudada por mímica efusiva.
O homem simples olhos claros, tez morena, sorriso amplo, dentes descuidados, sorria…
Claro que sim Augusto, daqui a pouco, daqui a pouco, acenei-lhe.
E passei a minha simples moto enxada naquele simples terreno daquele homem simples que trabalhava no que havia de ser uma horta simples!
Rasgando o castanho da terra, sulcos de satisfação em sorriso no olhar do Augusto!
-Tá “ooom”, e ensaiava duas cavadelas enérgicas com a enxada, aprovando o meu trabalho. Aqui, vou pôr “aios”, aqui “abiça”, dizia-me!
E eu ali semeei afectos, partilhei o simples que tinha. Não foi preciso esperar pela germinação, colhi ali mesmo, de imediato! Estou mais rico. Acreditam?
Sim, sei que sou um privilegiado em viver estes acontecimentos.
Se calhar, há-os em qualquer lado. Um qualquer terreno, um qualquer Augusto, uma qualquer espécie de moto enxada!Manifestam-se de variadíssimas formas. Há que estar atento e disponível SIMPLESMENTE!
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terça-feira, dezembro 11

mensagem para a época



"Passear vagarosamente por ruas animadas é um
prazer muito especial.


A pressa dos outros lava-nos como um banho na rebentação das ondas.”


Franz Hessel

sexta-feira, dezembro 7

quarta-feira, dezembro 5

album (parte cinco)

Tite era como mais tarde vim a constatar uma zona estratégica avançada de defesa de Bissau. Se Tite “embrulhava” como vulgarmente era dito quando atacada com peças de artilharia e morteiros, Bissau não ficava indiferente, ouvia-se.
A disposição dos pelotões de artilharia em toda a Guiné pretendia cobrir todo o território, num fogo cruzado, uma malha em que a maior parte dos aquartelamentos estariam integrados. Em Tite, os 105, com carga máxima atirariam granadas a uma distância de sensivelmente 11 km. Outros, 140mm ou 114 estavam espalhados pelo território, levavam a morte mais além. Por vezes as estratégias dos senhores da guerra rodavam os pelotões de Artilharia consoante as necessidades de cobertura ou intensidade de acções de ataque do PAIGC (nessa altura ainda era o partido comum para independência da Guiné e Cabo Verde). A verdade é que a manta por vezes era curta. Puxava-se de um lado para cobrir áreas, destapava-se do outro lado.
Batiam-se zonas, não alvos. Durante algum tempo esta não visão dos estragos que se fazia à distância serviu de blindagem à intranquilidade da minha consciência. Olhos que não vêem, coração não sente, diz-se. Neste caso, e comigo, não foi bem assim, não foi!

Havia uma capela católica, apostólica romana, onde o capelão se esforçava por não perder os hábitos de celebração e pregava a palavra do Senhor aos militares e também à população!
Segundo ele, fizeram-se algumas salvações de almas, baptizaram-se crianças e adolescentes. Mal? Essa “guerra” seria bem menos prejudicial do que a que as populações estavam sujeitas.
Também havia um espaço de culto muçulmano. No princípio, um estranho “linguajar” ouvia-se do alto da torre improvisada, às horas de culto. Depois deixou de se estranhar, pertencia a uma realidade de coexistência.(Obs. Não tenho conhecimento que algum militar europeu se tivesse convertido, enquanto lá permaneci!)

O posto administrativo era sem dúvida o único edifício digno desse nome. O administrador era cabo-verdiano. Depois da minha experiência com a população Guineense, penso que a escolha era politicamente estratégica: dividir para reinar!
Ao sair da porta de armas, o único estabelecimento de filosofia centro comercial da actualidade. Bugigangas, tecidos, sabões, açúcar, bebidas etc. Ao lado um “restaurante”,
De diferente, a compra de arroz e “mancarra” (amendoim) aos produtores.
Lembro-me venderem toda a produção para pouco tempo depois comprarem muito mais caro para sua subsistência. Lembro-me ter visto vender açúcar, não aos gramas mas às colheres de sopa rasa, 1 peso, o equivalente a 1 escudo.
Exploração? Não, observação tendenciosa da minha parte certamente!
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terça-feira, dezembro 4

lamento surdo!

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Majestosa, brilhante, hipnótica, a Lua.

Sinto frio.

Ensurdecedores apelos tocam a alma!
Silêncios…
Braços esguios despojados de roupagem, de afecto,
Súplica...
Tanto, demasiado,
Nada!

Vem aí o Natal!O quê?AH…pois!

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PS. Aceitei um desafio:Simples – basta ir ao site www.fecongd.net até ao dia 10 de Dezembro.Lá, escolhe os Presentes que quer oferecer e faz a sua encomenda. Receberá então uma referência Multibanco com a qual poderá efectuar a sua compra em qualquer caixa Multibanco. Dias mais tarde irá receberem casa um certificado em formato de postal para oferecer ao amigo emnome de quem comprou o presente.

segunda-feira, dezembro 3

Um bago de afecto!


Decorreu este fim-de-semana mais uma recolha de alimentos do Banco Alimentar. Tal como o ano passado, (http://baurecordacoes.blogspot.com/2006/05/vestir-camisola.html), envolvi-me!

A minha postura perante estas instituições é crítica, responsavelmente crítica.
O Banco Alimentar, as Equipas de rua de distribuição de alimentos aos sem abrigo, as Equipas de rua das Irmãs Oblatas, entre tantas outras são Instituições e acções, decididamente não deveriam existir.
Contra quem me devo insurgir, contra estas iniciativas ou contra quem provoca a necessidade de sua existência?
Não tenho dúvidas de que lado estou, mas não posso ficar indiferente.

A minha escolha é participar e no campo agir, apoiar, criticar, mas nunca ficar num diz que diz, sem nexo nada fazendo.
Já dei nesse peditório da crítica sem fundamento. Cresci, estou mais exigente.


Aproxima-se a época banalmente apelidada de Natal.
Se alguém se der ao trabalho de procurar a origem, descobrirá que antigamente estava ligada ao conceito de família, de Paz, de concórdia.
Arcaísmos!

Mas eu continuo a ser um Homem de esperança, de convicções, asseguro as minhas enquanto vivo, continuarei enquanto conseguir passar o meu testemunho, primeiro aos meus filhos, depois a quem me aceitar!
SINTO-ME BEM!


sexta-feira, novembro 30

coisas simples!

Conheço as rosas e seu aroma, as exóticas orquídeas, os antúrios de face brilhante e colorida, os cravos, as dálias e hortenses, tantas outras de vivas cores e finos recortes, formas, fragrâncias delicadas, jarras, ornamentos!
São selvagens, ervas indomáveis, estas, quase flores. Estão por todo o lado, surgiram-me no caminho; melhor, surgi eu, dado que estáticas, sugam deliciadas como néctar o orvalho nocturno a seus pés depositado mansamente. O odor intenso a terra molhada, o organizado desorganizado de postura neste vaso fenomenal que é a Natureza, as alturas, volumes, o dourado dos botões que abrem, os castanhos de folhas mortas, outros verdes insinuantes, o silêncio da fresca manhã, envolvem-me.
Que bom é parar, olhar, absorver esta mensagem de tranquilidade!

Ali, naquele momento, nenhum aroma, nenhuma outra flor ou cor teria cabimento. Não existem para aligeirar ambientes, colorir frios recantos. Estão, ponto. Ali, a bênção pura, o momento, o silêncio, recebem-me. Não questiono, complico, dificulto. O simples também existe!Sorvem meus sentidos ao ritmo, deixo-me ficar, adorno as jarras de minha alma.
Faz-me falta práticas simples de aceitação. Faz-me falta o exercício do “olhar” e “ver”, faz-me falta cultivar o Sentir, faz-me falta receber esta energia bruta, intensa!

Mas olha que a vida não se compadece com…dizem-me!
Sei, mas para além “da vida que não se compadece com...”, comum a todos e que eu também partilho, possuo estes redutos na minha predisposição interior.
Valor acrescentado, simples, exercitado!
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quarta-feira, novembro 28

janela em verde!

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Espreitei a janela… aberta para o interior!
Adormecida em tranquilidade de cor,
Flor!

Contrastes, construções, combinações, especulações, palpites, sentenças, ensaios, projecções, estudos e tratados, esquadrias, doutas opiniões?
Não.
Intenção?
Não mais que a oportunidade de reter o simples acaso de um Sol que se aconchega em verde na parede do quarto. A janela, a ocasião de o receber!

Fica registado!
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domingo, novembro 25

album (parte quatro)

Diziam que uma comissão de serviço só estava pronta para começar quando se estava no fim. Na verdade toda a preparação trazida da recruta e especialidade manifestava-se completamente desajustada. Aliás toda a Guerra é indutora de desajustes.

Estabelecido o primeiro contacto com aqueles que em princípio seriam meus companheiros directos por dois anos, encetei uma vida “social” desenvolvida na integração no seio militar europeu, o Batalhão de velhinhos.
Nomes? Não. Sobrenomes decididamente, algumas alcunhas ou até aqueles que assumiam o nome das suas terras de origem (o Fafe, o Elvas, etc.).
Talvez ancestral, estes métodos de aproximação, de inicio de relacionamento. Ou se fala de doenças, no caso presente de aventuras, ou e este nunca falhava, bebiam-se uns copos.
Um almoço abundantemente regado com um vinho tinto “marca branca” gentilmente transportado em bidões de 200 litros e de proveniência duvidosa, preparava a cerimónia de “aceitação”. Umas garrafas de Whisky como digestivo, conversas circunstanciais, um empurrar de copo após copo, como se não mais houvesse dia de amanhã. A praxe, uma outra. Fui aceite, consegui manter-me menos bêbado que alguns!
Prolongou-se. Foi um fim de dia em que rasgos de consciência me castigaram, por me sentir descontrolado, incapaz de, caso fosse preciso não dispor de todas as minhas capacidades.
Irresponsável, gritava-me! Creio que não há mais severo que o nosso próprio grito.
Tomei uma decisão. Não me embebedaria em horas de “serviço”. E o meu serviço acabava às quatro horas da manhã, começava ao escurecer.
Talvez uma semana depois de chegar a Tite, ainda procurava referências, identificações, pessoas, lugares, percebi a diferença de quem chega, o meu caso que quer compreender para agir, e aqueles que já “rodados” agiam mecanicamente porque não precisavam compreender.
Nessa noite cerca das três da manhã uma trovoada fenomenalmente sonora estourou mesmo em cima do frágil telhado. Ergui-me na cama, assustado aguardando não sei quê. Com ajuda de mais um flash seguido de trovão, olhei as outras camas iluminadas. Desertas!
Porta aberta, todo o pessoal num ápice se erguera e correra rumo ao abrigo!
Afinal fora uma trovoada, e se não fosse, disseram-me assim que regressaram…é pá, parecia uma canhoada…era mesmo como um RPG a rebentar… não podes esperar para ver…deixa estar que vais aprender…estes periquitos, rematavam com desdém!
Senti-me mal, diminuído, incapaz, triste. Era evidente…, porque não corri para o abrigo?
Afinal que linguagens eram aquelas?
Ai Lisboa, Lisboa!

sábado, novembro 24

25 NOVEMBRO: DIA INTERNACIONAL CONTRA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA



A VIOLÊNCIA SOBRE AS MULHERES ENVERGONHA E DIMINUI A HUMANIDADE


A violência doméstica, nomeadamente a violência do género, é uma realidade que envergonha o mundo em pleno século XXI. Em Portugal foram registados, em 2006, segundo a UMAR, 20.595 situações de violência doméstica. Entre as agressões, incluem-se 39 casos de homicídio e outras 43 tentativas. No entanto estes números não revelam toda a realidade pois muitos casos não chegam a ser participados.


Alertas

Se fores vítima, ou testemunha, não hesites em denunciar!

Em caso de urgência liga o 800202148.Apresenta queixa às autoridades competentes.Pede apoio à APAV- Associação de Apoio à Vítima
Tel. 707200077 e-mail: apav.sede@apav.pt


Mas não te cales. Calar é ser conivente com o agressor.

ADERE A ESTA INICIATIVA E PUBLICA UM POST DE INDIGNAÇÃO


Nota:
Esta iniciativa partiu da SÃO- http://saobanza.blogspot.com/ com o apoio da Isabel Filipe (autora da imagem) - http://isabelfilipeartdesign.blogspot.com/
Este post é uma cópia do - http://silencioculpado.blogspot.com/

quarta-feira, novembro 21

Comedor de núvens...






Comedor de núvens (em flagrante)


Surge do nada, de onde menos se espera, engole com sofreguidão os mais indefesos.
É enorme, sem limites, insaciável.
Pardo, cinzento, alimenta-se dos pequenos e aumenta de volume!
Rói, corrói, destrói!
Detesta o sonho, o azul…
Enegrece-o !

Tentativa vã.
O mundo há-de pular e avançar…teimosamente!

PEQUENA CRÓNICA DO BANAL, DN 21/11

Não resisti a transcrever!


Baptista-Bastosescritor e jornalistab.bastos@netcabo.pt
"A vida pede pouco mais que vida." RUY BELO - Meditação AnciãOs pais portugueses são os menos brincalhões da Europa: apenas 6% divertem--se com os filhos. Nenhuma interpretação semântica escapa a esta evidência. O sentimento de "pertença", corolário de um conceito de relação, e este como vector da ideia de cidadania, está a mirrar. O sistema aniquilou as redes de comunicação que permitiam a troca de valores e a difusão dos afectos. E está a dissolver o amor.As dificuldades dos portugueses são crescentes, os direitos diminuem, os deveres e as obrigações aumentam. Os jovens casais são empurrados para as periferias. As rendas de casa são altíssimas; a compra de apartamentos insuportável pela subida inclemente dos juros; os salários não suportam as oscilações dos preços das coisas elementares. Na impossibilidade de possuírem dois automóveis, ou mesmo nenhum, um casal, habitando (habitar não é viver) no subúrbio é coagido a servir-se de transportes públicos desconfortáveis, cheios de fedores, de tristeza, de pobreza e de passado.O cenário é aquela fronteira densa e excessiva, sem enigma nem segredo, que todos conhecemos. A mulher sai do emprego, corre às compras no supermercado, coloca-se, desanimada e democrática, na bicha do autocarro. O autocarro está pontualmente atrasado. As pessoas consultam os relógios de pulso. Começam as conversas, desencadeiam-se as lamúrias, cruzam-se os queixumes. As mulheres entram carregadas. Observam-se, formais e cristãs; atentas ao penteado, aos sapatos, às roupas da outra. O autocarro, já muito cheiroso, fica invadido de bafos.Os homens enfiam-se no carro. Antes, haviam comprado o jornal "desportivo" de sua preferência. Cada um dos jornais "desportivos" cultiva, com discrição e reserva, uma tendência clubística, por todos conhecida. Os homens estão desejosos de chegar a casa. Até lá, hora, hora e meia de caminho: as bichas, os pequenos e grandes acidentes diários, as chuvas, os calores, o dia que escureceu mais cedo, o dia que se prolonga até mais tarde. Os homens consultam os relógios de pulso. Almejam chegar a tempo de assistir a um dos 122 programas sobre futebol que todas as televisões transmitem, com pedagógica alegria. Chegam, ligam os aparelhos, sentam-se.A mulher apareceu finalmente. O homem ouve-a: está concentrado no que afirma um comentador. Nem olha para a mulher, a mulher dá-lhe um beijo rápido, rotineiro e indiferente. "Que é o jantar?", pergunta ele. Pergunta por perguntar. Os seus plurais interesses resumem-se a ouvir a palavra culta e eloquente daqueles sábios acerca do jogo que ainda se não realizou. Intervalo. "O menino?", pergunta o pai. "Ficou em casa da avó", diz a mãe."Ah!", responde ele.

segunda-feira, novembro 19

ciclo, ciclos!


Despida, ergue-se altiva ao céu,
braços torcidos, cruzados, secos, nus…inúteis.
Observo-a!
Ténues gomos quase cicatrizes
denunciam ainda vida,
e Esperança,

domingo, novembro 18

album (parte três)

A LDG atracava a um cais apoiado em troncos, rio dentro. Em terra olhos curiosos, alguns de naturais outros de militares perscrutando as novidades, avaliando a mercadoria nova. Desembarcavam-se pessoas, produtos, víveres e bebidas, muitas bebidas. Ali, também quase despejado, aguardava que alguém me recolhesse!
E aconteceu. Poucos quilómetros percorridos por boa estrada ladeada de bolanhas, verde insinuante aquático, arroz, disseram-me. Mais ao longe mas bem visível, um aglomerado de “casas”, tabancas, dizem-me e até o nome da aldeia, que não fixo. Em tempos esta região fora considerada o celeiro da Guiné.

O Batalhão de Tite estava a acabar a comissão. Gente dura, experiente no dizer dos próprios. Percurso feito num Jeep, eu mudo de espanto e expectante, convenientemente atento às rajadas de perguntas e histórias dos meus anfitriões de ocasião. E, de onde és…viste crocodilos no Geba…quanto tempo tens de tropa…a malta isto…a malta aquilo, vais ver…toma cuidado…um dia…conheces o…?
Nem tinha tempo de falar…E seria mesmo necessário? Afinal o importante ali era a evocação da sabedoria, da experiência, das histórias de preferência que me induzissem medos! Não era por mal, digamos que uma tradição de quem está, para quem chega. Que fazer senão tentar concordar, ambientar-me, sorrir, nem que amarelo fosse!

Estamos a chegar, vês o arame? Uma cerca de arame farpado alongava-se contornando algumas tabancas, envolvendo a aldeia. Passado este “portão”, uma outra cerca limitando a área militar, construções de alvenaria, telhados de luzalite e zinco, desta vez com "porta de armas"! E tinha uma zona para içar a bandeira, parada e tudo! Parecia mesmo um quartel!

O 6º pelotão de Artilharia era constituído por três Obuses 105 (tecnologia avançada,começaram a ser fabricados em 1931!!!) colocados estrategicamente na periferia da cerca exterior, dezanove homens, dezasseis eram Guineenses.
O Faustino, um algarvio forte não gordo como me dizia, passava-me o testemunho. Acabava a comissão. No semblante denunciadores, a saturação, a ânsia do regresso. Como se impunha, para além das burocracias, havia que apresentar os homens. Pelotão formado, depois me apresentar, pedi um a um que dissesse o nome. Estão a ver a cena, não estão? Os meus ouvidos habituados a José, Manuel, António, Silva, confrontaram-se com Abdul, Malan, Adulai, Joãozinho, Jau, Baldé, Seidi, etc, etc. Quando quis demonstrar o quanto eram importantes para mim, depois de ouvidas estas duas pautas de estranhas notas, tentei dirigindo-me a cada um, identificá-los…tentei, disse. Ao Adulai chamei Adelaide, ao Abdul, Malan, e não sei porquê ao menos corpulento…Joãozinho! Fiasco, gargalhada geral. Decididamente frustrante!
Ao fim de algum tempo, aprenderia a reconhecer as pessoas, sua identificação. Na Guiné há uma panóplia de etnias, e só no meu pelotão havia Balantas, Fulas, Mandingas, cada uma com a sua carga cultural. Qualquer dia falo sobre esta coexistência nem sempre pacífica!

quinta-feira, novembro 15

tenaz sobrevivência!

(alto da Serra do Socorro, momento único)


Fim de dia! E ali estava, solitária.

Quero crer que pedra a pedra, a natureza conspirou em acto de protecção!

Quem se aproximou de quem? A pedra, da beleza, ou a flor... da segurança?

Obrigado por te teres deixado ver! Sinto-me bem ter sido capaz de te ver!




quarta-feira, novembro 14

velhos...não trapos!


Há já algum tempo que canalizo a minha atenção social para os mais velhos.
Continuo a alertar para a necessidade de se olhar para a faixa etária mais avançada.
Portugal é um país cada vez mais velho.
Velhos encostados às paredes e bancos de jardim, velhos despejados em armazéns, velhos solitários em casas, algumas reformas precárias, carentes de atenção, miseráveis afectos.
Ao atingir certa idade, quando já não corpos alimentadores das máquinas trituradoras dos impostos, peões no xadrez da impessoalidade das relações profissionais, marginalizados, caminham a passos penosamente lentos para a estação do comboio da morte. Há-de chegar, há-de chegar, é só esperar! E tem mesmo de ser assim?


Jocosamente evoco o princípio dos vasos comunicantes dos afectos. Dar e receber, numa acção de nivelamento, como testemunho de vida. Não custa, é só necessária um pouco de atenção.
Os velhos, depositários de saberes, têm como estigma patrimonial o facto de nos terem dado a vida. Seremos estruturalmente eternos devedores a não ser que a nossa vida seja tão má que os culpemos da nossa existência.
E agora, estaremos a educar os nossos filhos de forma que escolham o depósito convenientemente para um dia nos depositar?

A morte não deve ser temida. Ela é o último elemento complementar do pacote tripartido da VIDA (nascimento, vivência e morte).
Não me preocupa a morte, incomoda-me a falta de qualidade de vida!

Teimosamente estou a tentar inquietar consciências junto a três autarquias. Há que fazer mais e melhor e para isso por vezes o único custo é o gasto de afecto, disponibilidade.
Um dia volto a dar notícias sobre o tema. Boas, espero!

segunda-feira, novembro 12

Com sorte... chamo-me Luky


Foi há cerca de quatro meses. Abandonado,ainda cachorro,esperava que as pulgas, carraças fome ou um carro me matassem.
Braços acolheram-me, alimentaram-me,acarinharam-me.
Raça? "Pure Street Vira Latas"
Dêem cá "cinco"

Sou o LUCKY

com gravata e sem gravata...

Na semana passada, no telejornal da RTP1, José Alberto de Carvalho, sem gravata, era o rosto de um apontamento sobre a escravatura da dita.
Não me sinto vinculado de forma incondicional à escravatura do uso, nem desfraldo bandeiras de fanatismo do seu não uso, outra forma de escravatura.
Que se use ou não conforme o gosto, o momento, mas que seja uma opção livre!
Há empresas que de uma forma sublimada vestem os seus funcionários com “farda”. É vê-los vestidinhos da mesma forma, alguns quase espantalhos, mas dignamente transportando quase o laço de Egas Moniz, ao pescoço! Cinzentos, muito cinzentos, despersonalizados!
Ridículo que não se respeite a PESSOA, por uma questão de aparência.Este comentário fez-me lembrar um episódio.
Há muitos anos trabalhei na Segurança Social, Serviço Externo e Fiscalização.
Era Inverno, costumava andar de casaco e muitas vezes de gravata. Várias semanas desloquei-me à Shell na Avenida de Liberdade e com o responsável de recursos humanos, trabalhei no esclarecimento de vários temas.
Com a chegada da Primavera, o tempo aquecendo, deixei a gravata, o casaco voltei à Shell. Simpaticamente fui recebido pelo mesmo senhor que me informou que um colega meu estava a tratar do mesmo assunto há várias semanas…
Colega meu…como é ele? Mais ou menos alto, moreno, já veio várias vezes cá!
Não estive para embaraçar o Senhor. Olhe, sabe, todos os dias nos reunimos antes de vir para o exterior. Vou ver quem tem andado cá. Das duas uma, ou eu dou-lhe o que tenho, ou ele me dá todo o processo. Muito obrigado, despedimo-nos com um cordial aperto de mão.
É obvio que continuei a tratar do assunto…em mangas de camisa!

sexta-feira, novembro 9

folhas cadentes

E na encosta de entre castanhos, densos gravetos, verdes selvagens,
Suave rosa cadente, folhas pétalas se erguem.
Caiem lentamente dia após dia.
Quase não as via…

Outono, a magia!

terça-feira, novembro 6

Album (parte dois)



Fomos “depositados” no GA7, (Grupo de Artilharia 7) sede coordenadora dos pelotões de Artilharia espalhados pela Guiné. Éramos meia dúzia.
Hora tardia, a recepção e apresentações hierárquicas ficariam para o dia seguinte.
De interesse imediato, arranjar algo refrescante que empurrasse o nó da garganta, a possível integração social, de preferência miliciana – o BAR!
Rostos, um mais duro que outros, tez sarracenas , conversas circunstanciais, um aglutinador comum, o álcool, maioritária a cerveja.
A um canto, uma mesa de “velhinhos”, muitas palavras sonoramente proferidas, pouca conversa. Engatilham as palavras, os palavrões, muitas gargalhadas, poucos risos, nenhum sorriso. Bebe-se e muito.
Não conheço ninguém, parece-me! Desfilando os olhos pelos rostos, há uma figura que me é familiar. O João!
Era do curso anterior ao meu, estivéramos em Vendas Novas os dois. Algarvio, de falar musicado, brincalhão, gémeo do Basílio que também estava na mesma especialidade. Fora mobilizado cerca de quatro meses antes. Um exemplo da desumanização de uma política de um regime. Como disse eram gémeos, o João e o Basílio. Meses antes, o Basílio adoeceu, e acabou por ir para o Hospital militar da Estrela. Faleceu vítima de uma leucemia. Para todos nós companheiros foi uma dor grande. Para os pais e para o João foi enorme. Três meses depois o velho carteiro ficou de novo só na aldeia. Notícias do filho João, uma deferência, um “privilégio” em primeira-mão, o correio. O seu agora único filho João fora mobilizado para a Guiné.
E ali estava ele, um arrastar das palavras, um olhar ausente. Abordei-o como bóia de salvação, perdido naquele mar de indiferenças. Estava bêbado! Abraçamo-nos, evocamos a nossa comunhão, em silenciosa cumplicidade, o Basílio ausente.
Estado quase normal diário, disseram-me. Estava irreconhecível, caustico, em permanente desafio de riscos. Doeu-me, certamente não era a melhor bóia de salvação que encontrara. Também se afundava, farrapo anunciado!

No dia seguinte, apresentei-me ao segundo comandante, como era rotina e estabelecido.
Lembrou-me ao que vinha, com voz pausada, informou-me que iria integrar o 6º pelotão, sitiado em Tite. Não me dizia absolutamente nada. Bom? Mau? O único lugar que sabia bom e que conhecia…era Lisboa, mas para aí não me mandavam!Deixei o gabinete, com o meu 1º acto em teatro de guerra, um "bater de pala" e calcanhares exemplares!

Para onde vais, perguntavam-me. Tite! Silêncios, sobrolhos carregados, meias palavras, insinuações, sorrisos enigmáticos, observações pertinentes conhecedoras, outras não, observações destituídas de crédito, decidi, para meu saneamento mental!

No outro dia, de novo em movimento, de novo conduzido! Atravessei o Geba numa lancha LDG (lancha de desembarque grande). Do outro lado do rio, frente a Bissau, Enxudé, cais beira-rio, posto avançado do batalhão de TITE.
Começava uma nova etapa, um ano de novos desafios, um presenciar de sobrevivências, vivências!

domingo, novembro 4

tonalidades, ruralidades!!



Uma lista, outra, e outra!
Verde, outro verde, e ainda verde

Castanho,mais castanho e ainda outro !
Lavando os olhos nesta tela, sinto-me bem!
Aconchega-me esta manta, tecida de cor!

sexta-feira, novembro 2

domingo, outubro 28

album (parte 1)

Relativamente baixo, o avião sobrevoou o território da Guiné, em rota para Bissalanca, o Aeroporto. Água, charcos, que mais tarde soube chamarem-se “bolanhas”, vegetação rasteira, algumas espessas matas verdes e múltiplos sinuosos cursos de água, em gigantesco serpentear, mais água, mais bolanhas. A superfície terrestre parecia-me escassa neste desfilar essencialmente líquido. Onde aterrar, o avião?
Estes pensamentos certamente sonoros, ecoaram no espaço e de imediato um colectivo esticar de pescoço, um querer ver mais além, de preferência mais que os outros; janelas pequenas para tantos olhos! Nada, ninguém se manifestava. Uma opinião colectiva denunciada pelo silêncio!
Finalmente Bissau! Aterragem normal, como aplauso, suspiros, uma troca de olhos resignada! A maior parte de nós vinha em comissão individual, que significa uma substituição de alguém que por força maior (normalmente morte ou ferimento grave) deixara de estar no activo. Também havia os outros que como eu estavam integrados sempre num sistema de rendição individual, uma vez que não pertencíamos a uma companhia ou batalhão.
Para que nos pudéssemos habituar, de boas vindas, calor, muito calor, uma muito irritante humidade pegajosa. Para aqui uns, outros para ali! Periquitos, piu, piu, piu... ecoava em "solidária" provocação – as boas vindas dos veteranos e menos veteranos mas que já se sentiam no direito de “praxar”!
Nas cabeças preenchidas por um oco imenso, nada se retém, nem a provocação! Os olhos denunciadores, tudo querem ver, os ouvidos captar. Onde me posso refugiar, quem me pode acudir, pensei. Olhando para os meus companheiros de viagem, os mais próximos, os mais solidários, podia ver como nos desenhos animados, balões sobre as cabeças com pensamentos díspares, exclamações, estrelas, mas todos com um só significado – Estamos feitos!
Sacos camuflados identificados, bagagens de recurso, às costas, mais que o equipamento, o peso do momento. Uma Berliet esperava para nos conduzir aos destinos imediatos. Mais de uma centena de vezes subira para uma. Que tão alta me pareceu esta! Que esforço para a subir! Sentia-me pequeno. Pequeno e esmagado, perdido. Será que com a viagem perdi a fala? O desconhecido tolhe-me os pensamentos, a articulação, as palavras saem como indispensáveis grunhidos monossilábicos. Na carroçaria, em bancos corridos, os corpos agitam-se, sacodem-se as mentes. Para o motorista, (militarmente falando, condutor) caminhos conhecidos estes que nos conduzem através dos campos e depois mais próximo de Bissau, estrada quase urbana. Acelerado, o camião ronca por entre alas de mangueiras enormes, militares fardados de camuflado, civis de coloridos adereços, copos negros seminus. Cidade! Se isto é a capital…de novo aquele aperto na garganta!

sexta-feira, outubro 26

quarta-feira, outubro 24

album (parte zero)




Apertar os cintos! O DC6 roncando fez-se à pista e num esforço de hélices ensurdecedor começou a ensaiar o voo. Pouco passava da meia-noite.
Carregado de silêncios ébrios, uns mais que outros, os pensamentos voavam céleres, transponham a carlinga, ficavam em terra em memórias de afecto, aconchegados em abraços já saudosos . Ali só corpos, olhos fixos em nada, vermelhos, de choros de revolta contidos, fardas verdes, destino Guiné!
21 anos. Fora apanhado no fim do ano lectivo, o primeiro da Faculdade. A convocatória, embora não explícita, dizia que o meu contributo era essencial para o sucesso do triunfo das forças armadas, daí em vão o pedido de adiamento.
Os meus pais sentiram-se agradecidos, altamente prestigiados pelos filhos que tinham. Um em Angola, atirador, outro em Moçambique, minas e armadilhas e agora eu, artilheiro na Guiné. E isso podia acontecer, perguntam. E o que é que não podia, naquela altura?
Quando hoje vejo as chegadas ou partidas das tropas portuguesas para ou de um qualquer país, não me posso alhear do outro filme vivido, sentido, noutros tempos.
Que diferença!
Naquela altura, dizia-se que havia subornos para livrar da tropa. Hoje dizem que há subornos para ser incluído nos contingentes que vão em missão para o exterior.
Naquela altura, todos eram voluntários…à força. Todos não, porque os “papa comissões” do quadro até se moviam nos corredores do poder para acumular medalhas comemorativas de expedições…e riqueza!

Naquela altura as comissões rondavam os dois anos. Hoje ficam-se pelos seis meses!
Enfim, que negócio a guerra!
Escura a noite só iluminada pelo incandescente dos motores, que até abrandavam em pleno voo. - É assim mesmo, dizia-me o Sobral, sentado a meu lado. Fora voluntário aos 17 anos,na força aérea.Se ele dizia, talvez soubesse do que estava a falar. Ficava-me na dúvida mas uma força maior que a certeza dele levava-me a contabilizar as vezes que via as pás das hélices, através do vermelhão dos motores.Noite em branco, um torpor de corpo e espírito, dores nos músculos em contracção, preocupação da proximidade de dias incertos, ausência de referências do passado!
Manhã, finalmente! Oito horas levara o avião a percorrer a distância entre Lisboa e Cabo Verde. Escala técnica, apelidaram.
Um bafo, uma vaga de calor intenso quando abriram as portas!
Esticaram-se as pernas, os braços, procurou-se espreguiçar os olhos em vão, alimentou-se o negro da alma com o fumo de um cigarro.
Calor, uma arenosa claridade agressiva, que desconforta, garganta seca.
O primeiro contacto com a Coca-Cola de lata!
Ali também seria Portugal?

sexta-feira, outubro 19

estar, sentir...contemplar!


…e por vezes nem sei se quero tudo ver ou saber bem !Se me questiono no que envolto na neblina encontro, perco objectividade daquela observação do momento.Não mais estarei ali,à mesma hora com a mesma intensidade de luz e nevoeiro.
Recuso perder-me em divagações, esbanjando recursos e energias em descoberta de hipotéticas complementaridades não visíveis ou mesmo recriadas, o não momento!
A cena é esta, nela me diluo, sombra, integro, respiro intensamente!
Dela emana silêncio harmonioso, aroma silvestre húmido de terra beijada em sereno nocturno, pintam-se-me os olhos de cores ainda não catalogadas, misturas de pigmentos em tons selvagens, não fixos! O azul não é mais nem menos que, o verde, castanhos, vermelhos também, e mesmo os cinza ou esta manta cromática!
Não tenho saudades do amarelo ou negro que há-de vir ou foi, de como seria se...

Nada mais que isto. Pura e simples.

segunda-feira, outubro 15

selvagem flor!


questão de título

Um convite para um evento chegou-me!
Olhando o envelope, (ex. Senhor Dr.) transportei-me à época quando exercia funções numa multinacional, na área das Infraestruturas.
Raro era o dia que ou pelo telefone, por mail ou mesmo correio postal, não fosse investido na qualidade de Dr. ou Eng.
Não sou Dr., dizia muitas vezes ao telefone, sendo de imediato apelidado de Eng., após embaraçoso pedido de desculpas do meu interlocutor!
Saiam-me baratos estes títulos académicos. E nem tinha que comprar diplomas!
De uma forma provinciana, há a tendência de 1º catalogar o indivíduo, o invólucro, e só depois reconhecer a PESSOA.
E se assim não fosse aceite nesta sociedade de vaidadezinhas faz de conta, não haveria tanta corrida a canudos muitos deles, como é público de duvidosa proveniência e muito coincidentes acasos!

Tenho apreço pela competência, seja ela diplomada ou não. Não basta fazer, há que fazer bem.
Hoje felizmente o acesso às Universidades é mais generalizado e muitas das competências são certificadas, ou os caminhos para as atingir mais consistentes.

Apesar das roupagens e adereços que possa o indivíduo transportar, a diferença está no SER.
Creio que a transitoriedade do exercício de funções, o deslumbramento do parecer no momento, as horas ébrias do bem que é fazer de conta poderão ser veículo para esquecimento da IDENTIDADE.
Despidos de cargos, funções, poderes, quem é quem?
Se calhar, mais que ser lembrado pelo que fazia, agrada-me o reconhecimento do que SOU, (mesmo com todas as imperfeições).

quarta-feira, outubro 10

e aqui, também...
























Há muito que deixei de ansiar castelos e rios que não tenho, busco o aqui e o momento!
Em névoa, imponente, majestoso em tranquilina solidão, despido de velas, em descanso, colhe a energia quente, uma benção para os velhos mecanismos .
E eu deixo-me ficar maravilhado!
Este é um dos meus castelos, o MOINHO.
Será esta uma manifestação de PAZ?

sexta-feira, outubro 5

pequeno almoço (em grande)

Como posso não ter um bom dia? Este é o cenário que me entra na alma aquando o pequeno almoço.
Tenho sorte! Mas também estou atento, disponível!

5 de Outubro

Em directo, as transmissões das cerimónias, no largo do município, em Lisboa!
É o calendário, os senhores meninos divertem-se. A fanfarra, as fardas, os sorrisos, cumprimentos, coloridas (muitas cinzentas) vestes, o Hino! Enternecedor o movimento sincronizado do içar da Bandeira Nacional a quatro mãos, Cavaco Silva e António Costa! Tanta perfeição só com muitas horas de treino! Palmas, palminhas, que bem que foram!
Colares, bijutarias, palavras, palavras, muitas, bla, bla, bla. Eis as soluções!!! Bravo! E as apresentadas no ano passado, no anterior e no outro? Novos recados, obrigado Sr. Presidente pelo convite!
Comemoração da Implantação da República, pública, no exterior, para todos. Todos quem? Onde estão os outros os apelidados de sociedade civil, ou “ZÉ”?
Uma questão de cidadania, insinua-se, uma tremenda afirmação de não querer brincar com os meninos neste jogo, digo eu.
Um exagero é claro, mas tanta pompa, tanta solenidade perante tamanha multidão, fez-me lembrar a cena do sermão de Stº António aos peixes!

PS. A fanfarra foi sonoramente imponente. Gosto muito dos pára- raios dos capacetes da guarda, o ar embevecido dos meninos aquando o desfile. Para o ano se se portarem bem...há mais!

terça-feira, outubro 2

tempo de espera...



em abandono,
renasço
lentamente
em fogo,
cor
e luz.

terça-feira, setembro 25

Um fenómeno da natureza!

Coisas da natureza, fenómenos!
Um raio, simples raio, que energia, que poder!
Há cerca de dez dias, caiu um, em minha casa.
Não destruiu todas as paredes, não explodiu todas as lâmpadas, não queimou todos os electrodomésticos, não danificou todas as fichas eléctricas e interruptores.
Às escuras, sem comunicação, voz ou dados!
E que mais?
Só isto, não há “ses” nem outra cor ou dimensão!
Que positivo? Sei lá, o ser actor (secundário) nesta cena!
Recurso? Uma Wireless pública de uma Autarquia.
Em breve tudo voltará à normalidade!
Ficou a vivência na primeira pessoa!

segunda-feira, setembro 24

sexta-feira, setembro 14

em passeio matinal


Saí, ainda nem sete eram, entrei numa campânula Os meus passos, por mais rápidos que fossem não levavam os olhos para além de 10 metros. Nevoeiro e silêncio.
Iniciei a minha caminhada com os meus companheiros de jornada.
Ela, loira, esbelta, olho castanho. Talvez setenta anos de cão, mistura de podengo e perdigueiro, há 11 anos quase a morrer “chorando” à minha porta, doente, esfomeada, pele e osso! Skiny, pois claro, tinha que ser baptizada. E como nas histórias do maravilhoso, hoje coroada de princesa.
Ele, talvez cinco meses de puro vira latas, recolhido em plena estrada, muita carraça e pulga, pouca carne, nenhum músculo. Luky, pois claro, é o nome. Olhar meigo, (diz a minha filha que ele é vesgo), reposto o estômago à custa de muita ração, vitaminas e carinho, parece que se faz um cão interessante, se me é permitido entender as apreciações caninas.Trapalhão, tal como todos os cachorros, corre porque corre, corre porque vê correr, corre porque sim, e porque não havia de correr? Morde tudo e ainda perde dentes!
Com estas companhias, avanço transportando o limite sempre mutante da parede de nevoeiro. 10 metros, talvez nem tanto. Para onde foram as ramagens, os troncos frondosos que me costumam acolher? Só estes, neste perímetro.
E as pedras de cortes e formas que me estimulam a criatividade por analogia? Não mais que estas, neste raio.
E o meu Sol?
Reparo que à medida que avanço, reconheço o trilho, mas apago sempre algo para trás. A névoa intensa, esconde o antes, o que há-de vir. Só eu, os meus cães, o Universo do alcance da minha vista, o momento.
Estendo a mão, cuidadosamente. Ali, negra, húmida de orvalho, fresca. Gulosamente transporto-me a outras memórias, tantos anos. Não há nevoeiro que me impeça, me limite. Continuam deliciosas, as amoras silvestres, quão agrestes as silvas!
Um surdo ruído prolongado.Um avião vai, vem… passa. Não o vejo. Polui o momento, rasga o silêncio! Parece que as partículas densas prolongam o som. Intenso.
Retomo a minha vereda impregnada de cores, baços verdes luzidios, castanhos molhados, amarelos em pétalas selvagens, bagas escarlate.
Odores, tenras folhas de eucaliptos, a terra que se liberta do sereno da noite, hortelã bravia, outros!
Enchi os pulmões da minha alma, em pleno.
Bom dia!

quinta-feira, setembro 13

terça-feira, setembro 11

porque há memória!


Carrossel

Uma neblina permanente turva-me o olhar, um frio cortante invade-me a alma. Caminho, vagueio, em movimentos mecânicos, sem rumo, nem destino, sem querer. Caminho, caminho, alheio a tudo e a todos, marchando ao som dos meus próprios passos. O relógio marca-me os tempos das tarefas, e como robot, executo-as. Ainda me empenho, procuro a eficácia mas sem alegria. Sinto-me vazio, árido, animicamente enlutado.
Tal como actor de um carnaval de Veneza, assumo a máscara e movimento-me. Inexpressivo mas sempre procurando estar em cena. Alheio, deixo-me levar pelos aplausos ou pateadas. Não me impressiona o efeito. Neste momento é preciso e urgente estar em cena independentemente da impressão causada no público.
Somo horas, dias, e tudo é igual. A rotina domina-me e não há desejo de inovação que me estimule. Aguardo as circunstâncias e que elas me encaminhem para qualquer estado. Sem vontade crítica, executo, executo, não questiono , nem inovo.
Tempo, mais tempo, as horas passam-se e nem me importo se tarde ou cedo. Calcorreio um trajecto já traçado, e nem me interessa onde me conduz a rota. Avanço quando me ordenam, paro quando não tenho obrigatoriedade.
Onde pára a minha iniciativa, a entrega e o desejo da diferença?
Já não vale a pena! Dia após dia subjugam-me os ponteiros do relógio. Dia, noite, noite, dia, o carrossel rodopia, rodopia, ora alto, ora baixo e deixo-me levar pelos movimentos repetitivos que não conduzem a lado nenhum.
O rom-rom das máquinas sobrepõem-se à música em altos tons difundida, e não encontro razões para o deslumbramento das crianças empoleiradas nas girafas ou cavalinhos de madeira. É só um carrossel, uma giratória máquina estúpida, que roda, roda, sempre em movimentos repetitivos sem destino que não seja a paragem. Que me importa que ande ou pare! Sou um mero passageiro de um redondel sem finalidade. Até o homem que gere o carrossel pode abandonar os comandos, pois sabe que nunca ficará sem a sua máquina. Não há fuga para o carrossel.
Um vazio, um alheamento total. As pessoas, as circunstâncias, as pessoas, as pessoas, as pessoas!
Que futuro, que objectivos? Não há futuro quando não se vive o dia a dia em paz, ou o futuro é o dia a dia, o minuto que se vive.
Máscara misto de hipocrisia feita carnaval social, até quando serei capaz de a assumir?
O céu tem sempre a mesma cor, tal como o rosto e expressão daqueles que me rodeiam. Tela cinzenta, sem estrelas ou luares românticos, rostos de sorrisos que me incomodam por expressões de alegria ou felicidade que não sou capaz se assimilar.
Serei só eu o hipócrita ou a hipocrisia é um valor definitivamente assumido no mundo que me rodeia e eu ainda não o atingi em pleno?

quarta-feira, setembro 5

Reconhecimento de competencias!

É O QUE O PAÍS PRECISA!
Algo de extraordinário se anunciava pela voz do 1º Ministro!
O país parou, aquela declaração anunciava que algo se tinha descoberto!
Afinal, pomposamente distribuía, José Sócrates diplomas de certificações de competências, em Évora!
É isto que precisamos realmente?
Para quem de vida não tem memória de muitos anos passados, conto:
Há mais de meio século, não tendo professores para a exigência demográfica do momento, o governo de SALAZAR criou a figura de “REGENTE”, esses agentes da educação que deslocados em recônditos lugares proporcionavam o ingresso ao conhecimento dos números e letras. Muitos dos actores da ribalta do momento tiveram como iniciadores agentes do conhecimento essas personagens, dedicadas, extraordinárias!
Uns anos mais tarde, lembram-se, as auxiliares de enfermagem foram convertidas em enfermeiras!
Também os Monitores de Educação física foram reconvertidos em Professores de Educação Física!
O homem conduz (sem permissão há 20 anos): Reconheçamo-lo competência em duas horas!
A este cenário de uma espécie de sociedade, um faz de conta no nosso dia a dia, vem o Sr. PRIMEIRO MINISTRO dar o seu douto aval É ISTO QUE O PAÍS PRECISA!
Que falta de imaginação, passados tantos anos!
Conheço um senhor que sabe ler plantas, interpretar armações de ferro, ligar percentagens de cimento areia e cascalho! Não será de reconhecê-lo como Engenheiro Civil? (não sabe Inglês, mas isso é pormenor de somenos importância)
E aquele homem que endireita ossos, afugenta dores, dá tranquilidade aos pacientes, reconhecidamente? Não será de reconhecê-lo como de Ortopedista competente?
Abandono escolar? Não se preocupem! Em dois meses reconhecemos competências, dizem os novos mentores!
É isto que o país precisa!
Não me identifico com este faz de conta.
Tristeza!
Há que ter verdade, ser verdade. Os números, sempre os números, as estatísticas!
Um dia, não me compete dizer quando, algo se modificará neste mundo faz de conta.
Um dia, veremos o quanto, o quê, identificaremos todo o ruído e seus agentes!
E permaneceremos em afirmação!

sexta-feira, agosto 31

Privilégios!



Onde me transporta?
Quem me acompanha?

terça-feira, agosto 28

uma noite destas...


À noite…esta Lua.
Provocadora, insinuante inspiradora,
De novo engalanada de cores e flores do meu jardim!
Melodias várias, acordes feitos e descobertos, outros surgidos em silêncios,
na minha noite,
Sem sequencia, sem molde, incorrectos ou precisos, espontâneos cânticos de grilos.
Porque na minha noite o certo é incerto, o silêncio é melodia,
a cor é ausência, a luz é presença, a regra é não ter regra.
O primeiro é um, o último é.
Ser e estar, inspirar aromas da escuridão cúmplice e imensa,
Onde os afectos se encontram, as memórias se cruzam,
e nem se questionam,
por serem só memórias.
Aqui, agora, deixo-me enlear em trepadeira de afecto,
Tran-qui-la-men-te!

quarta-feira, agosto 22

E para além de…,


Erguem-se as convicções fortes e rijas, sustentáveis,
Ramificam-se as buscas, serenas afirmativas!
Porque me negar, retrair, se me afirmo?
Aqui, é aqui e agora, o hoje, o momento, porque estou, porque sou!
Independentemente dos quereres, dos pareceres, dos cânones...
Ah como é bom descobrir, ensaiar, ter disponibilidade para ver, apreender, inspirar, respirar!
Ah como é bom em simples quadros deixar-me ficar!
E ficar,
E ficar,
E ficar…

domingo, agosto 19

abandono!

Aprisionado por teia de ramos castanhos e verdes, pulula minha alma galho a galho, liberta-se meu espírito alado planando em imenso azul!

Fico, cativo desta tranquilidade, vou qual falcão em busca de presa, a harmonia, o equilíbrio. Colho imagens, saboreio gostos e cheiros de frescos verdes deixo-me integrar no suave e cadenciado balancear por brisa feita batuta.







Fecho os olhos e vejo-me, actor e espectador,
sorriso e lágrima, rico, pobre!

REVEJO-ME tranquilamente!

sexta-feira, agosto 17


Sem cheiro, nem rosa, vermelha ou amarela, nem sei se flor é.
Que me importa?
Vi, captei no local.
Encontro com uma construção de perfeição da Natureza!
Belo!


Estou cativo deste jardim, em descoberta permanente!

sexta-feira, agosto 3

Extase!


Quem viu?
Não sei, mas eu estava atento.
Tanto!
Sorvo lentamente um fresco e frutado branco.
Uma ténue carícia de brisa insinuante em cálido fim de dia, no rosto.
Silencio e cor!
Silêncio e encontro!
Silêncio e cumplicidade!
Silêncio e memória!
Silêncio e PAZ!
Onde?
Aqui, aí, onde a disponibilidade existir!
Onde o querer se afirmar!

segunda-feira, julho 30

em busca!


Sinto-me intruso na harmonia.
Silenciosa e serenamente integro-me,
Em minha alma
A PAZ!

quarta-feira, julho 25

Há sempre alguém que resiste...há sempre alguém que diz não!


Assumido, activo e convicto apoiante à candidatura de Manuel Alegre à presidência da República, foi com enorme prazer e identificação que acabo de ler o seu artigo de opinião no jornal Público “Contra o medo, liberdade”.
Muitos portugueses se revêem naquelas palavras, muitos gostariam de exprimir o seu grito de alma. Mas não têm voz!
Obrigado Manuel Alegre por as suas palavras serem minhas, daquelas, daqueles, de um outro.
Acredito numa revolução de mentes, algures situada num futuro.
Todo o progresso, todo o apelidado de “bem-estar”, só faz sentido se em função do HOMEM!
A Harmonia, a Justiça, a Moral , a Liberdade serão retomadas quando se abandonar este ciclo desgovernado da “coisificação” da PESSOA e deificação do objecto.
Sempre, mas sempre o SER em detrimento do TER!

À acomodação contraponho inquietude, ao surdo lamento, ESPERANÇA!

quinta-feira, julho 19

silenciosamente...


Silêncio, opção, consequência!
Aqui minha alma adormece em doce tranquilo fim de dia quente!
Silenciosamente!

segunda-feira, julho 16

outros lugares...estando!

(Salamanca vista, captada!)
Estive fora!
Lavei os olhos em paisagens deslumbrantes, Espanha, França, Suíça. Mais de quatro mil kms, sofregamente absorvidos pelo motor do carro, impecável em sua competência.
Os olhos cansaram-se gostosamente em observação, os motivos de reflexão, muitos!
Calo! Em memória casos, lugares, pessoas, episódios.
Exercito reconstituições, saboreio lembranças.
Um dia conseguirei repor as ideias em ordem.
Que ordem?
Deixo fluir.

Antes ou depois, que importa se o importante é ter sido actor do argumento escrito em vivência?

terça-feira, julho 3

...esperas


Deixei-me seduzir, petrificado!
Busquei a máquina célere, …captei-a.
Luz, intensa quase quente, sorriso!
No solo, insinuantes sombras tranquilidade feitas árvore em repouso, fantasmas expectantes!
Uma brisa transporta-me ou acompanha o rodopiar de meus voos em silêncio.
Permaneço
!

segunda-feira, julho 2

Caminho, caminhos!






Procuramos sempre o nosso. Não forçosamente igual e até às vezes aparentemente coincidente, mas sempre o nosso.
Este é um dos meus!
- Batido em terra, disseram-me…
- Sim, não tem o negro do alcatrão, identifico vidas nas passadas da poeira!
- Não podes andar depressa, ouvi.
- Realmente se eventualmente me cruzo com alguém, tenho que negociar a passagem, à vez, cedências no entrecruzar olhos, sinais e até gestos, por vezes um sorriso.
-Parece-me ermo, isolado, comentaram…
-Aquele lugar na verdade não é de passagem. Só o encontra quem nele vive, respira, sente!
Ali ainda não se coisificam as pessoas. HUMANIZAM-SE AS COISAS!
Gosto do meu caminho!

quinta-feira, junho 21

quem souber....me esclareça!


Será que alguém me pode esclarecer?

- Se eu transporto crianças no meu carro, tenho que ter cadeiras especiais.
E nos táxis, porque o motivo não é igualmente válido?

- Quando circulo em algumas faixas sou obrigado a degradar o meu carro com “lombas” de utilidade duvidosa.
E as faixas de BUS, porque não têm?

- Qualquer veículo que circule na estrada está “fora da lei” se não tiver seguro actualizado.
E os carros oficiais, militares, bombeiros e afins?

- Consta que a contagem do tempo para a reforma, de autarca, vale a dobrar?
Portugueses de privilégio, de primeira ou “desfavorecidos sociais”?

-A admissão na função pública está estrangulada, inacessível!
Quem controla a admissão nos institutos, Santa Casa de Misericórdia de Lisboa e outros por exemplo?

- Obesidade, que flagelo!
Quem permite a instalação de Mc Donalds às portas das Escolas?

- O trabalho infantil, a falta de respeito pelos direitos humanos, na Europa!
Quem lucra com a entrada livre com os produtos chineses, indianos e outros tantos?

- O tabaco causa o cancro (principal causa de morte)
Porque a indústria do tabaco continua a ser uma fonte de receita para o Estado?

- O Euro tem como décima o Cêntimo!
Porque as gasolineiras apresentam o preço por litro de gasolina 1,075?

Se souberem…elucidem-me!
Se tiverem mais dúvidas com o esta, circulem até que alguém nos esclareça!
Já agora, acrescentem!

terça-feira, junho 5

um outro crescimento!


Tive um dia em cheio!
Logo pela manhã visitei mais duas instituições, um itinerário que me tem levado a um conhecimento no terreno de uma realidade de muitas realidades feita. Porque quer queiram quer não a realidade não é absoluta, assim como a ignorância, a sabedoria a tolerância.
Simples sentires que fazem reconhecer-me talentos, inatos alguns, muitos adquiridos, trabalhados e desenvolvidos por mim e pelos outros que de “mim” em amizade se me misturam, se envolvem.
Anseio partilhar sempre, anseio incendiar, despertar tantos e tantos sentimentos adormecidos, dizer que há muito para fazer, e tanto de tão pouco que seja, em muito se transforma onde nada é tomado por dado adquirido, por resignação!
Chamo-lhe disponibilidade. Creio que é a base, ponto de partida. Não, não falo de disponibilidade de tempo. Não, aquela que vem do interior, aquela que nos faz sentir bem, aquela que até subjuga a do tempo!
Ainda cedo, o meu telemóvel lembrou-me que era dia da “Bebé” comemorar o seu aniversário. Ela não faz anos, as pessoas especiais não fazem, comemoram!
Levei-lhe uma flor. Banal! Nem tanto, aquela flor era especial, para uma pessoa especial. Li-lhe nos olhos o sorriso da alma! Gostamos!
Foi um encontro no meu antigo local de trabalho. Voltei a sentir pessoas partilhando afectos, palavras cúmplices em olhares cruzados, calados. Sorri!
Também não vi gente. Continuo a não querer poluir o meu olhar!
A meio da tarde, deixei-me mimar pelos meus fãs maiores, os meus queridos alunos da terceira idade!
Dia cheio, não?
Cada vez mais descubro o que tenho, independentemente do que desejo. E no fundo o que desejo não é a tranquilidade, a paz? Há muita maneira de se manifestarem. Basta estar atento.
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