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domingo, março 9

Mulher, dia mundial!


Ontem também me associei a esta outra forma de comemoração.Participei nesta reflexão, a convite das Irmãs Oblatas, num evento que decorreu no Salão da Igreja dos Anjos.

Há muito trabalho a fazer! Há que QUERER encontrar soluções, há que RECRIAR processos, REINVENTAR o exercício do respeito pelo OUTRO, pela PESSOA!

Trabalho com mulheres da zona do Intendente, em Lisboa, será apresentado em festival cultural em Julho

• Algumas têm filhos, outras têm ne­tos, só uma não é mãe. São onze mu­lheres prostitutas. E todas falam da maternidade, num filme do qual um excerto é exibido na sala de convívio da igreja dos Anjos, em Lisboa. Umas dão a cara, outras preferem aparecer do pescoço para baixo.
"Sou prostituta, tenho direito de ter os meus filhos ao meu lado", diz uma delas. Outra conta que ficou grávida muito cedo, rendeu-se às drogas e perdeu a guarda da filha, que passou para a tutela da avó. "Eu troquei a droga pela minha filha, eu
- queria a droga", lamenta.
São histórias de problemas, de di­ficuldades, mas também de afecto e dedicação. "Sou mãe e avó", anuncia uma das mulheres que não recusam a face, falando para a câmara em plena Rua Augusta, na Baixa. "Sou capaz de me prostituir por eles", acrescenta. "Mãe é mãe em qualquer situação", remata.
O filme, em que muitas imagens são captadas pelas próprias prostitutas, é um dos resultados de um trabalho conjunto do Centro em Movimento (CEM) e da Obra Social das Irmãs Oblatas. O primeiro é uma organiza­ção cultural e artística, que aposta na formação, na criação, na investigação e no trabalho com a comunidade. A segunda é uma congregação religio­sa que há duas décadas presta apoio às mulheres na zona do Intendente, um dos epicentros da prostituição em Lisboa.
Pela segunda vez, um grupo de prostitutas frequenta acções no CEM. No ano passado, foi feito já um primeiro filme, versando sobre a legalização da prostituição.
"Este ano, tínhamos de escolher uma temática e a questão da ma­ternidade estava muito presente naquele grupo", afirma a bailarina Mariana Lemos, coordenadora do projecto do CEM.
No debate que se seguiu à pré-exi-bição do novo filme, contaram-se ca­sos de preconceito, como o de uma mulher que foi pedir apoio porque engravidara, mas foi-lhe sugerido que entregasse o futuro filho para a adop­ção. "Tirar o filho" a uma prostituta é um receio que muitas manifestam no filme e muitos participantes no debate reforçaram.
Chegou-se a sugerir que as prosti­tutas se organizassem, por exemplo, numa associação. Mas uma mulher le­vantou dúvidas à ideia. "Umas podem juntar-se, outras, não", disse. "Muitas têm filhos, netos, se aparecerem na televisão, depois toda a gente vai di­zer: Ali vão as prostitutas".
O filme sobre a maternidade e a prostituição ainda está a ser fi­nalizado. Deverá ser apresentado no princípio de Julho, no Festival Urbano Pedras d'Água, que o CEM organizará em diversos locais da Baixa de Lisboa.
- Ricardo Garcia
Jornal O Publico

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