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Mas quem sou eu mesmo? Nem eu sei se calhar. Em busca, permanentemente em busca!

segunda-feira, março 5

um pássaro especial

(Parte primeira)
O meu tio Alfredo era já um velho homem quando o conheci. Tio da minha mãe, meu tio-avô. Na casa dos oitenta, uma imensidão em anos, grande, como grandes são os homens aos olhos dos miúdos. Só por isso, porque em altura nem ao metro e setenta chegava.
Aos fins-de-semana, fui com os meus pais algumas vezes a casa de ti Alfredo. Casa térrea, com pátio nas traseiras, alguns canteiros, flores e uma pitangueira bem presente na minha memória. A gula, a sedução pelos pequenos frutos vermelho contraste no verde das folhas, levaram-me a trepá-la muitas vezes. Daquela vez foi diferente. Trepei, e rapidamente desci. Estatelei-me no chão, uma dor aguda no pulso, uma súbita vontade de vomitar! Recolhi-me ao velho Vauxhall, banco traseiro, a esquerda em afago da direita, pulso junto ao peito, esperando o regresso dos meus pais. No rosto, pálida vontade de novo trepar a pitangueira. Na boca, acre e amargo sabor do que fora um delicioso fruto tentação. A espera foi curta, o trajecto o Hospital, o diagnostico fractura do pulso.
No quintal, para além da vegetação, um melro-preto, em gaiola tipo mansão das gaiolas, várias portas, poleiros, comedores e bebedouros. Um melro-preto imponente, bico amarelo forte, irrequieto, com a particularidade de responder com assobio sincopado ao chamamento AL-FRE DO, ditado pelo dono! Engraçado!

O meu tio Alfredo, morreu subitamente. O melro veio para a minha casa. Entristeceu!
Estimulávamo-lo, quedou-se aconchegado ao aramado lateral!
Provocávamo-lo…”AL- FRE- DO”!Emudeceu.
Um dia,...

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