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Mas quem sou eu mesmo? Nem eu sei se calhar. Em busca, permanentemente em busca!

quarta-feira, fevereiro 21

em tempos...recordo-me



- Afasta-te F…pois isto não é contigo, gritou Malan, G3 apontada, olhar decidido!
Supostamente tinha sido acusado de ter tido um relacionamento com a mulher de um civil. Este, aproveitando um momento de descanso, uma reposição das horas perdidas no turno da noite, acercou-se, faca na mão, preparando-se para desferir um golpe certeiro no jovem militar.
Felizmente não dormia, descansava, quieto, olhos abertos. Viu-o aproximar-se, entendeu a intenção, tomou de um salto a arma e desatou a disparar.
Gerou-se enorme barafunda na tabanca. Gritos, correrias, tiros!
Olha, alguém se apressou a avisar-me, um soldado teu anda aos tiros…
- F…, ele vai desgraçar a vida, vê se o controlas, implorou-me um negro ainda jovem, irmão do injustiçado Malan, mesmo a meu lado
Olhei-lhe, arma apontada, nos olhos determinação. Senti a determinação. Parei, comecei a urdir um plano. Recuei.
Ouvi o tiro, o grito!
Ao meu lado contorcia-se de dor, perna ensanguentada deitado no pó solto do chão, o jovem irmão. Não conseguira captar a mensagem naqueles olhos intensamente brilhantes, tal como eu fizera, tentou acercar-se.
Acabara-se o carregador. Malan substituía-o apressado, nervosamente. Corri, abracei-o, tentei retirar-lhe a arma. Uma luta breve, uma coronhada que me abriu o sobrolho.Mas o objectivo fora conseguido. O Malan ou a sua cega revolta felizmente não abatera mortalmente ninguém. Fora desarmado.
Foi preso.
Uma noite, ataque intenso de morteiros. Os carcereiros procuraram abrigo. O Malan, com um pontapé derrubou a porta. Desapareceu na noite.
-F…, o seu soldado, o preso, desapareceu, fugiu, aproveitando o momento do ataque, vociferava Coronel Ferreira, ao telefone!
- Não fugiu não, comandante, desde o primeiro momento que está na sua secção de artilharia, no seu posto!
Voltou para a prisão, esperando transporte para Bissau, aguardando julgamento.
A partir desse momento, preso….com a porta aberta!
Uma questão de HONRA!

1 comentário:

Rui disse...

Senti balas a assobiar-me aos ouvidos.

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