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Mas quem sou eu mesmo? Nem eu sei se calhar. Em busca, permanentemente em busca!

sexta-feira, março 30

ciclo de vida!

A mata, aquela mata frondosa por onde caminhava amiudadas vezes foi cortada! No chão jazem raquíticos ramos terminais de pequenas árvores, eucaliptos, inertes, amontoados braços desprezíveis para a indústria. 
Faz-me pena, mas compreendo. É o equilíbrio da natureza, a fera e a presa... Dizem-me que acontece de doze em doze anos...a papeleira, a fera, o eucaliptal a presa!
Toneladas de esguios troncos acumulam-se ao logo das veredas à espera de transporte para o sacrifício, a pasta. Exagero, impregno animismo onde não deve constar...
Ontem, ao caminhar pelas imponentes pilhas de madeira, ao lhes absorver o fresco perfume de corte recente, passos e passos ao longo, medindo a altura, senti frio no silêncio, uma seiva que estagnou. 
Não mais serão resguardo, contraste, silvo. Jazem.
Sem ter nada a ver com, senti-me em.
Em silêncio,
Em dor,
Em tristeza!
Ah, mas há outro lado, um outro. Da minha casa passei a ter um horizonte mais amplo, as noites polvilham-se de luzes em caminhos, vidraças longínquas iluminadas, um farol vermelho de um carro que circula sem estrada, move-se, é quanto me basta. Há vida, este derrubar de parede, as copas, permitem-me ter consciência que para além do que comodamente via em sossego, há outras vidas, outra vida.
Devassa nos meus olhos, descoberta de outras tranquilidades.
E se calhar, quando de novo as copas se fecharem esqueço-me uma vez mais do que era, reencontro-me uma vez mais.
É isso, o reencontro sem limites, sem tempo.
Porque assim quero,
porque assim será, sempre!


2 comentários:

avoluisa disse...

No meu quintal também morri um pouco, chorei e não vim à rua, nem à janela dois dias! são oito árvores ...cortaram tanto! disseram que era preciso...
Penso o que fizeram em nome do "bem"---mas que doe,doe! depois passa!!! e fica bem! até o vento passa melhor. Um bom dia de ramos!
...muitas e boas amêndoas!

Um abraço
avoluisa

Lourdes Henriques disse...

É o ciclo das árvores.
"Na natureza nada nasce, nada morre, tudo se transforma". E lá está a papeleira a transformar árvores em papel, e tantas coisas mais!
Quanto à palavra "sempre" é idêntica à "nunca". Quem as poderá empregar como definitivas? Tal como "nunca digas nunca", deverá dizer-se "nunca digas sempre".
Um abraço
Milú.

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