- Olá D. Silvia, atirou para o guichet, a mulher de negro vestida, no corpo uma já longa vida denunciada,sulcos esculpidos no rosto, cabelos cinza, olhos negros ainda brilhantes; o meu marido manda cumprimentos pr'a menina...
- Olá D. Clara, correspondeu a funcionária do banco.
- Sabe, é só para dizer que o meu Carlos já não volta aqui, foi na quinta feira a última vez!
Vi-a de preto, faleceu-lhe o marido, pensei...E continuou.
- Sabe, ficou mesmo totalmente cego. Uma já estava, agora, a outra. Doença rara, disseram os médicos...
- Mas mesmo assim, ainda pode passar por cá, gostamos de o ver, replicou a funcionária.
- Não, as pernas já pesavam, e agora isto, ele só sai para ir ao médico, e mesmo assim...
Ontem chamou-se um táxi para o levar à consulta. No fim, o Carlos exclamou:
- Já viste que o homem nem saiu do volante para me ajudar! As pernas...e agora a cegueira!
Fiquei a pensar neste simples episódio! Gostava de ter a matrícula deste carro, para nunca usar!
Que cegueira a deste motorista, que paralisia mental.
Trabalhe-se as atitudes, sensibilize-se as consciências!
Solidariedade precisa-se!
3 comentários:
Infelizmente, solidariedade fica para a época natalícia
e apenas para se falar dela porque sentir... ser... fica só para os estranhos e diferentes deste mundo que já estão em vias de extinção
infelizmente...
Nesta país as pessoas passaram a ganhar mais dinheiro mas perderam os valores mais intrísecos.
Em 1984, tive oportunidade de viver em França, durante um ano. O que mais me chocou, naquele país tradicionalmente solidário, foi precisamente a falta de solidariadade e a indiferença à desgraça.
Agora estamos iguais, materialistas, egoístas e bestialmente ignorantes.
É verdade, solidariedade precisa-se e muita.
Tanto!
Precisa-se tanto!
Obrigado por limpares os meus olhos!
Bjs de Luz*
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