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Mas quem sou eu mesmo? Nem eu sei se calhar. Em busca, permanentemente em busca!

quinta-feira, novembro 2

Desabafo



Novembro, indica o calendário.
Todos os anos este movimento, esta azáfama à volta do culto dos mortos, me revolta.
Estabelecem-se padrões, impõem-se regras de comportamento restritamente para a ocasião.
Joga-se com sentimentos, exploram-se fragilidades emocionais, incentivam-se comportamentos conducentes à culpa!
Já repararam que, especialmente neste dia, todos quantos morreram são queridos, insubstituíveis, amantíssimos?
E marcham os convictos e seguem-nos os que de aparência vivem, enfileiram-se os que em convicção anual, em troca de uma flor na campa de ausência, branqueiam esquecimentos durante a presença.
Fosse esta máquina de promoção aplicada pelo respeito, pelo afecto enquanto vida e o negro e choroso dia institucionalizado perderia significado, na ode da VIDA.
No dia a dia cruzo-me com os vivos, com os “meus” mortos. São os sorrisos, as atitudes, os prazeres, os locais, os momentos. Vivo-os com os presentes em partilha, recordo-os com os ausentes.
Mas não especialmente neste dia .
Irrita-me este misto de franqueza, hipocrisia.
Irrita-me esta exploração mercantilista. Esta e tantas outras!
Como seria bom a troca de uma pétala na morte, por um simples afecto, em vida. E tantos que não damos, distraidamente, demasiado ocupados, por vezes tardiamente ocupados!
Mesmo correndo o risco de ser cruel, interpreto esta histeria colectiva de uma forma original.
Cada um, e são muitos, ao depositar uma flor na campa devia dizer de uma forma sonora:
Aqui estão estas flores para que em cada uma vejas a quantidade correspondente de carinho que não te demos em vida.
Até para o ano!!!

4 comentários:

Anónimo disse...

Estou absolutamente de acordo.
Não poderia estar mais.

Anónimo disse...

Eu compartilho da mesma opinião!
Beijinhossssss

Meia Lua disse...

Depende da maneira com que cada pessoa sente a morte... estes que dizes o fazem por obrigação... é triste. Eu por exemplo não tenho um só dia que não lembre de quem perdi... e não preciso deixar flores onde quer que seja... bjinhos

Anónimo disse...

Os que amámos tem a sua catedral no nosso coração, estão connosco

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