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Mas quem sou eu mesmo? Nem eu sei se calhar. Em busca, permanentemente em busca!

sexta-feira, setembro 14

em passeio matinal


Saí, ainda nem sete eram, entrei numa campânula Os meus passos, por mais rápidos que fossem não levavam os olhos para além de 10 metros. Nevoeiro e silêncio.
Iniciei a minha caminhada com os meus companheiros de jornada.
Ela, loira, esbelta, olho castanho. Talvez setenta anos de cão, mistura de podengo e perdigueiro, há 11 anos quase a morrer “chorando” à minha porta, doente, esfomeada, pele e osso! Skiny, pois claro, tinha que ser baptizada. E como nas histórias do maravilhoso, hoje coroada de princesa.
Ele, talvez cinco meses de puro vira latas, recolhido em plena estrada, muita carraça e pulga, pouca carne, nenhum músculo. Luky, pois claro, é o nome. Olhar meigo, (diz a minha filha que ele é vesgo), reposto o estômago à custa de muita ração, vitaminas e carinho, parece que se faz um cão interessante, se me é permitido entender as apreciações caninas.Trapalhão, tal como todos os cachorros, corre porque corre, corre porque vê correr, corre porque sim, e porque não havia de correr? Morde tudo e ainda perde dentes!
Com estas companhias, avanço transportando o limite sempre mutante da parede de nevoeiro. 10 metros, talvez nem tanto. Para onde foram as ramagens, os troncos frondosos que me costumam acolher? Só estes, neste perímetro.
E as pedras de cortes e formas que me estimulam a criatividade por analogia? Não mais que estas, neste raio.
E o meu Sol?
Reparo que à medida que avanço, reconheço o trilho, mas apago sempre algo para trás. A névoa intensa, esconde o antes, o que há-de vir. Só eu, os meus cães, o Universo do alcance da minha vista, o momento.
Estendo a mão, cuidadosamente. Ali, negra, húmida de orvalho, fresca. Gulosamente transporto-me a outras memórias, tantos anos. Não há nevoeiro que me impeça, me limite. Continuam deliciosas, as amoras silvestres, quão agrestes as silvas!
Um surdo ruído prolongado.Um avião vai, vem… passa. Não o vejo. Polui o momento, rasga o silêncio! Parece que as partículas densas prolongam o som. Intenso.
Retomo a minha vereda impregnada de cores, baços verdes luzidios, castanhos molhados, amarelos em pétalas selvagens, bagas escarlate.
Odores, tenras folhas de eucaliptos, a terra que se liberta do sereno da noite, hortelã bravia, outros!
Enchi os pulmões da minha alma, em pleno.
Bom dia!

4 comentários:

Lu Soares disse...

Lindo, simplesmente sublime aquilo que acabo de ler.Fecho os olhos e consigo transportar-me nesse teu passeio matinal.Obrigada por me teres dado este momento de magia. Costumo dizer que a vida passa mas os bons momentos perduram;SEMPRE! Eles ficam registados nos nossos corações. O teu post é um reflexo disso mesmo.Boa semana meu querido amigo.

Doce beijo

Lu

Anónimo disse...

BOM DIA!!!
Bjs de Luz

notyet disse...

Olá menino!
Se deixo uns dias de visitar este teu sitio, logo fico surpreendido.
Cada vez colocas mais colorido ao pintar as tuas palavras.
Um abraço

Gina disse...

Um passeio maravilhoso, lindo.
Obrigado

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