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Mas quem sou eu mesmo? Nem eu sei se calhar. Em busca, permanentemente em busca!

terça-feira, janeiro 24

Amanhecer


A escuridão cerrou de mansinho suas pálpebras.
Tímidos raios de sol ensaiam um beijo à terra ainda fria e húmida da noite. Um manto de neblina espreguiça seus braços em baixo afago.
Ténues sons no silêncio quebram o vínculo da noite.
Pássaros, sacudidas as suas penas nos acolhedores ramos das árvores que os embalaram, numa chilreada ode à vida, iniciam vertiginosos voos.

As vidradas janelas trocam em golpes de luz, num jogo alternado, cúmplices segredos nocturnos dos interiores das casas, como que piscar maliciosos de olhos.
Nasce novo dia, palpita o coração da cidade, em ternura, revoltas, fastios e esperanças de múltiplos corações nos homens transportados.

As ruas, veias da vida citadina povoam-se de automóveis, poucos ainda, de pessoas solitariamente apressadas, acordadas, mas ainda não despertas. Rostos sem expressão, pensamentos rodopiantes, desordenados, tal qual as folhas secas das árvores caídas em rodopio levadas pela força da brisa.
Pessoas, homens e mulheres, “gente feliz com lágrimas”, algumas, como diria João de Melo.

O rio, esse nada tem de diferente. Correu alinhado nas suas margens durante a noite e continuará durante o dia lavando as mágoas da cidade, entregando-se nos braços do seu mar!
Assim se estabeleceu.

1 comentário:

Amanda disse...

Shhhhhhhhh...

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