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Mas quem sou eu mesmo? Nem eu sei se calhar. Em busca, permanentemente em busca!

sexta-feira, agosto 13

reportando...uma vez mais! (2)

Infiltrado no meio, nem comerciante nem consumidor, permitia-me deambular pelas vielas, observando, uns de um lado, outros do outro.
Súbito, a feira estava na sua efervescência plena. De onde surgira tanta gente? Cruzam-se pessoas umas em passo apressado, rumos delineados, outras em tempos descontraídos ziguezagueando aqui, ali.
É óbvio que a clientela desta feira não se compara à de um Colombo, Vasco da Gama ou mesmo à da feira de Carcavelos.
Rostos queimados não de uma praia mas essencialmente na rudeza dos campos. E espelha-se nos rostos esta rudeza tão pronunciada como a franqueza de procedimentos. Aqui e ali também se nota a existência de um toque de aprumo na sua deslocação ao evento, à exposição pública. É humano.
Crianças arrastam adultos, seduzidos por miniaturas perfeitas. Um moinho mãe, compra-me um moinho! Quanto custa? Para vários preços, desde 5 euros até...Oh mãe, e olha este, tão lindo...roda! E subtilmente começava a argumentação do adulto em defesa do não, com astuciosas fugas...Olha querido, para a semana quando vieres com o pai, dizes qual é o moinho que queres...a mãe hoje não pode...tem as mãos ocupadas, leva a mana...hoje pode quebrar-se...tu não querias, pois não? Pois não, para a semana é melhor...E seguiram!
Senhor, quanto custa este alguidar vidrado de verde, perguntava a mulher no intervalo de uma conversação em francês com o companheiro. Ele dizia-lhe que a cor era diferente, o verde era perfeito para o que queria, ensaiava colocar um alguidar dentro de outro, tamanhos diferentes, posições de uma qualquer escultura. Está marcado, ouviu-se. E não me faz um desconto? Olhe lá minha senhora, quando vai ao centro comercial e vê marcado uma produto, pede desconto? Não, respondeu-lhe, mas isto é uma feira. Não chegaram a acordo no consenso nem no negócio. Um ficou a pensar que ganhara nada, raio de clientes. O outro que já não havia feiras como antigamente. E eu dei comigo a dar razão aos dois!
Há momentos que são comuns a qualquer feira. O cãozinho estúpido movido a pilhas que dentro de uma caixa se move e ladra, as mulheres tipo "goma" que colocam autocolantes no transeunte incauto a troco de uma moeda em benefício de uma falsa instituição, um grito de uma vítima de um carteirista, o bebé da cigana que mal anda e cai arrancada do chão por um só braço e colocada na anca, e tantos outros triviais.
Eu abatia-o, tadinho, ouvi a meu lado. Procurei situar-me. Um rapaz entre 25 e trinta anos levava pela trela um cão que em tempos teria sido um belo animal. Faltava-lhe a pata traseira direita, amputada pela coxa. E caminhavam lado a lado, o animal num movimento de desequilíbrio em falta de apoio constante.
Segui-o. O dono parou a experimentar uma par de sapatos, largou a trela. O cão deitou-se a seus pés. Enquanto durou a prova dali não se movimentou indiferente aos olhares dos humanos "saudáveis" que por ali passavam.
Vi-lhe no olhar uma chama de tranquilidade de bem estar. Mas isso fui eu que tenho mania de olhar e VER...

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