E foi mais um, o segundo dia.
De tesoura em mão, percorrendo a encosta, as vinhas desnudando-se lentamente, seduzem-me com os cachos negros, doces, sumarentos!
Que maravilha de uvas, ouço o meu companheiro. São, doces, prenúncio de um bom néctar, bebida do deus Baco!
Dez, percorrendo a fila acima, gente boa, nem da proximidade. São amigos, explicou-me o Manuel, o dono da vinha. Pessoas como eu, donas do seu tempo. E aplicam-no com alegria na partilha, de uma forma sã. “Pró bono”? Claro, de outra forma de onde viria tanta alegria , tanta entrega? A amizade tem disso. Dá-se, goza-se, partilha-se.
Pré histórico diriam os ilustres defensores do empreendedorismo, os ilustres iluminados destituídos de humanidade! Que seja, nunca saberão o que é a partilha de um sorriso, a gargalhada fluida de uma qualquer piada em trocadilho simples!
Foi uma experiência, mais uma na minha caminhada de conhecimento, entre as pessoas, a biblioteca de minha eleição. Gente simples, que privilégio ser um entre!
O vento soprava breve, o sol insinuante e intenso galopava como a manhã. Gostoso, quente, não agressivo.
Quatro horas intensas de trabalho, um merecido almoço. Mesa corrida, bacalhau com grão, batatas, salada e um bom tinto. Do ano passado, outros esforços também gratamente compensadores.
Riu-se, evocaram-se conhecimentos, experiências, um pouco de identidades. Variadas, todas Enormes!
Gostei! As mãos negras caminham à busca de um sabão e limão. Purificam-se os dedos, as mãos, a alma!
Prometi voltar. Aceitaram-me, sinto-me bem.